XXIV - Problemas e mais problemas

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Se você perguntasse a Jace, no dia de hoje, se as coisas saíram do controle, ele diria que as coisas não tinham só saído do controle, eles haviam, na verdade, perdido o controle completamente. Não bastasse o esforço que foi para passarem Alexander pelo muro, o que demandou mais tempo e força do que eles pensavam porque o primo era pesado e estava desacordado, tiveram que despistar todos e entrar no carro enquanto ainda estava acontecendo toda aquela confusão.

A sorte deles, se é que poderiam chamar disso, depois Jace analisou, era que como os Morgenstern e os policiais estavam muito ocupados se digladiando, não perceberam eles saindo do local, cobertos de sangue e com um homem desacordado nas costas. Assim, não demoraram a encontrar o pai e o tio, que pareciam estar cada vez mais desesperados, principalmente após verem o estado de Alec.

E sim, Jace havia esquecido de mencionar ao pai que o sobrinho dele estava ferido.

Não foi preciso dizer que quando Robert colocou os olhos em Alexander, seu desespero piorou mais ainda. Eles não tinham como negar, o estado do moreno era crítico, a respiração cada vez mais superficial, e o sangue não parava de sair da ferida, mesmo eles pressionando o máximo possível.

Talvez este havia sido o motivo deles não perceberem o telefone tocando por um tempo, e somente quando estavam chegando à mansão é que notaram uma movimentação estranha. Muito estranha.

Havia homens por todos os lados, tanto dentro como fora do local, e todos estavam com uma cara de preocupados, como se não soubessem direito o que estava acontecendo. Pela experiência de Jace, ele sabia que isso nunca era um bom sinal... E não era mesmo!

O pai desceu do carro para saber o que estava acontecendo, enquanto eles continuavam seguindo com Alexander ainda sangrando, no veículo. Isabelle havia ligado para o médico e ele já estava a postos no local, pronto para atendê-los assim que chegassem, portanto, não perderam tempo ao movê-lo para dentro da casa, seguindo em direção ao cômodo grande e espaçoso que era a enfermaria.

Não seria prudente, obviamente, aparecer com Alec em um hospital, pois teriam que dar explicações demais sobre o ferimento dele. A melhor saída então era confiar no médico da família e na equipe dele, que eram apelidados de irmãos do silêncio, pois não abriam a boca sobre nada que viam naquela casa.

Era um risco que estavam correndo, pois o melhor amigo do loiro poderia precisar de alguma cirurgia ou uma situação que demandasse cuidados mais complexos, mas ainda era melhor do que ir para a emergência. E também, se Alexander precisasse de algum procedimento mais específico e complexo, Jace sabia que o pai daria um jeito para que acontecesse.

— Deixe-me adivinhar, ele levou um tiro no cemitério? – o Dr. Jeremiah questionou assim que Jace colocou seu primo na maca livre. Já havia um conjunto de pessoas no lugar, todos se aprontando para a emergência, imaginou o loiro.

Eles haviam separado algumas macas no local, e o cheio de desinfetante pinicava o nariz do Herondale mais novo. Era tudo branco demais, calmo demais, mesmo que o interior da casa ainda estivesse fervilhando com o que quer que tivesse acontecido. O loiro na verdade não se importava muito com isso, pois no momento estava somente preocupado com Alec, e nada mais.

— Sim, e perdeu muito sangue no caminho. Tivemos que tentar estancar o sangue com a jaqueta de Jace, mas ela não estava exatamente limpa. – Isabelle informou o médico, os olhos refletindo todo o medo que estavam sentindo.

O pânico com a fuga já havia passado, agora eles poderiam se preocupar com Alec propriamente, e entrar em pânico por ele. Jace ficava aliviado de poder deixar seu medo transparecer dessa forma, pois essa era a verdade, ele estava morrendo por dentro, principalmente ao ver os médicos começarem a trabalhar no melhor amigo.

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