II - Cachorro Quente

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Os dois saíram da balada como se nada estivesse acontecendo, e realmente nada estaria acontecendo, se não fosse a sensação estranha que havia entre os dois. Quem os via de longe, pensavam que eram um casal como outro qualquer, mas não era um casal e muito menos pessoas quaisquer. A medida que ambos saíram daquele lugar, o som foi abaixando e a cabeça de Clary foi parando de latejar, mas a dor ainda estava lá. Mataria Simon no outro dia, com certeza.

Para Jace, Clarissa parecia estar em outro lugar, mas ele não ligava muito. Ela estar distraída permitia que ele pudesse observá-la sem qualquer constrangimento. Não que ele se quer ficasse constrangido, a última vez que tinha corado, provavelmente, havia sido quando tinha 10 anos e a mãe havia pego ele beijando a filha da empregada. De língua. Celine Herondale ficou traumatizada por bastante tempo, assim como o filho.

O estacionamento escuro dificultava um pouco a visão de Jace e de Clary, mas eles pareciam bastante cientes da presença um do outro. A ruiva nunca havia sentido algo assim antes, ela era rápida em discernir o que estava acontecendo e fora treinada para sentir a presença de qualquer um ao seu lado, mas nunca havia sentido tanto como naquele momento. Parecia surreal.

A ranger rover rapidamente foi encontrada naquele lugar grande. Jace apertou o alarme e rapidamente Clary percebeu que o garoto, apesar de não aparentar muito, tinha mais dinheiro do que o comum. Deveria ser filho de médico, foi o primeiro pensamento que surgiu na cabeça da garota.

— Belo carro. – Ela elogiou quando Jace abriu a porta do automóvel preto para ela.

— Obrigado. – Por dentro o carro parecia mais luxuoso ainda. Clary pensou que o pai dele – ou a mãe – deveria ser um médico muito renomado em Nova York.

Jace notou a cara de espanto da garota ao entrar no carro. Clary analisava tudo que estava ao seu alcance, e o garoto deu graças ao ter escolhido aquele carro para sair. Se tivesse ouvido Isabelle e ido no Audi, a garota provavelmente teria um ataque tamanha a bagunça que se encontrava naquele carro.

Rapidamente os dois estavam nas ruas de Nova York, iluminadas e barulhentas. Clary pegou o celular e mandou uma mensagem para Simon, avisando que havia ido embora com Jace e que ele não precisava se preocupar, enquanto isso o loiro mexia no rádio, tentando encontrar algo realmente bom nas músicas que Izzy havia escolhido.

— Desisto! – Ele falou chamando a atenção de Clary, que olhava pelo vidro observando a cidade. – Não tem nada bom nessa coisa.

— Você não escolhe as músicas que tocam no seu carro, não? – A ruiva perguntou, agora olhando para Jace curiosa.

— Não quando Isabelle está comigo.

— Isabelle é a sua prima, certo?

— Sim. A mãe dela é irmã adotiva da minha mãe. – Jace explicou. – Você tem muitos primos?

— Nenhum. Ambos os meus pais são filhos únicos, e a irmã do meu padrasto também não quis ter filhos. – Clary falou e deu de ombros quando o olhar de Jace desviou da rua e pousou sobre ela. – Então, conte-me mais sobre você, senhor misterioso.

— Não há muito o que saber sobre mim, só que costumo dar caronas para estranhas que conheço em baladas. Nada demais. – Os olhos dourados pareciam divertidos e Clary deu um sorriso de canto, sentindo o clima no carro aliviar um pouco.

— Isso é um péssimo hábito. Dar carona para estranho, digo. Ninguém nunca te avisou sobre os males do mundo não? – Clary resolveu entrar na brincadeira e Jace riu.

— Vamos lá, Clary. Olha o meu tamanho e olha o seu, se alguém deveria ter mais conhecimento dos males do mundo, é você. – Uma sobrancelha do garoto se levantou e os olhos verdes da garota rolaram. O gesto nela ficou bonito, do mesmo modo que ela achou muito sexy aquele ato do menino.

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