XL - A verdade no coração

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Clary gostaria de dizer que foi ela quem quebrou aquele silêncio que havia se instaurado entre eles, mas na verdade foi Jace. A ruiva apenas continuou ali, encarando-o, sem saber direito como começar aquele diálogo, já que sua mente estava uma bagunça.

Sendo honesta, ela toda estava uma bagunça.

— Só para garantir, estou completamente desarmado. Simon me apalpou inteiro antes que eu entrasse, fiquei até mesmo em dúvida se ele estava me revistando ou apenas realizando algum fetiche estranho. — O loiro comentou, tentando parecer leve.

Na verdade, para qualquer pessoa, Jace pareceria completamente relaxado, no entanto, Clary o conhecia bem demais para cair naquele pequeno truque. Conseguiu perceber que sua voz estava um pouco trêmula e que as mãos, ainda erguidas para cima, estavam tremendo levemente, deixando claro o seu desconforto ou nervosismo com toda aquela situação.

— Acho que Simon não tem nenhum fetiche em você, sinto partir seu coração. — a ruiva disse, tentando quebrar o gelo. — E você pode se sentar ou se aproximar se quiser, não é como se eu não conseguisse te estrangular facilmente, ainda mais com todos esses aparelhos pelo quarto.

A ruiva viu Jace dar um sorriso pequeno, enquanto se aproximava lentamente, abaixando as mãos na mesma velocidade. Viu que os olhos dourados percorreram todo o seu rosto e corpo, como se para se assegurar que ela estava realmente bem e inteira... E Clarissa seria uma mentirosa se não admitisse para si mesma que havia ficado feliz com aquele cuidado, mesmo que silencioso e mínimo.

As pequenas migalhas que faziam as borboletas em seu estômago ganharem vida.... Patético.

— Então, como você ficou sabendo do meu pequeno acidente? — Clary perguntou, quando Jace se sentou nos pés de sua cama, a uma distância um tanto considerável, visto que ela estava praticamente encostada na parede, também sentada, a coluna ereta e tensa.

A ruiva estava tentando quebrar o gelo e não deixar que o silêncio se instaurasse naquele cômodo. Tinha plena ciência de que se não ficasse falando, as coisas iriam ficar estranhas demais e ela iria colocar os pés pelas mãos antes que fosse realmente a hora daquilo tudo.

— Pequeno? Eu não diria isso, se fosse você. — O loiro comentou a olhando fixamente. — Aparentemente o destino gosta de nos unir, Clarissa... Só isso que posso te contar, no momento.

— Segredo de família?

— Pois é... Agora que somos inimigos mortais, eu não posso ficar entregando de bandeja para você todos os nossos truques. — Jace brincou, mesmo que seu tom demonstrasse o quão fodido era aquela situação.

Por mais que Clary estivesse tentando quebrar o gelo, e ele também, a tensão entre eles ainda continuava palpável, como se não tivessem certeza sobre o que poderiam ou não conversar. Na verdade, a ruiva sentia como se estivesse pisando em ovos, todo aquele conforto que sentia com Jace tendo se esvaído, restando apenas aquelas dúvida e receio.

— Bom, não é como se você tivesse me contado algo antes, não é mesmo... Filho de empresários, né? — Clary disse, com um sorriso pequeno.

— Meu pai tem uma empresa, Clary... Eu apenas esqueci de dizer que o negócio que ele tinha era ilegal. — Jace respondeu dando de ombros. — E eu não quero falar sobre esse assunto, sobre nossos pais ou que quer que seja... Vim aqui para saber como você está, se realmente está bem.

— Eu tive um pequeno traumatismo craniano, como você acha que estou?

— A julgar pela sua língua, ótima. — o garoto respondeu prontamente, revirando um pouco os olhos e deixando uma pequena parcela de sua personalidade transparecer sob aquela armadura. — Traumatismo craniano, uh? E agora?

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