Jace não sabia o que era uma boa noite de sono há sete dias e não era porque seu pai estava o tratando como uma criança que não sabia se cuidar, vigiando todos os seus malditos movimentos. Não, era porque toda vez que deitava a cabeça no travesseiro, somente a imagem de Clarissa vinha em sua mente, bem como o aviso que o pai dado a ele...
"Não se preocupe, nós vamos pegá-la e resolver toda essa merda"
Aparentemente, Stephen havia mudado sua meta de "matar Jordan" para "colocar as mãos em Clary". Óbvio que Jace havia desconfiado que isso poderia acontecer, ele somente não tinha previsto que o homem fosse fazer disso uma obsessão, mesmo que o filho lhe explicando que não havia dito nada demais e nem entregado nada sobre eles,.
O loiro desconfiava que poderia ser orgulho ferido, já que eles haviam tido o inimigo a centímetros de distância e mesmo assim, nem haviam desconfiado ou colocado as mãos nele. Jace, obviamente, colocou bem mais que a mão, mas se não fosse para infligir dor e sofrimento, não valia.
Além de ter decidido que queria a cabeça de Clarissa Morgenstern em uma bandeja, seu pai também havia gritado bastante... Não somente com ele, já que Alexander, aquele burro, confessou seu envolvimento com os Morgenstern também. Nobre, porém algumas horas depois descobriram que foi uma atitude burra.
Isso porque o pai, sabiamente, decidiu que nenhum dois poderia participar dos planos relacionados a Clary, Magnus e os Morgenstern, pois estavam ambos muito envolvidos emocionalmente. E então, como Isabelle era muito próxima aos dois e provavelmente os ajudaria, também não poderia saber do planejamento dos "adultos".
É claro que isso estava matando Jace aos poucos, porque pior que a saudade que estava corroendo seu peito, como nunca antes havia acontecido, estava seu medo de que o pai colocasse as mãos em Clary e no que faria com a garota. Era isso que utilizava como motivação para manter algumas pequenas informações para si, que dificultava o acesso a ela, como o horário de suas aulas, seus locais favoritos, onde gostava de frequentar, o que fazia nas horas vagas, entre outros pequenos detalhes.
Não que ele achasse que Clarissa estivesse mantendo a mesma rotina de antes. Era espera o suficiente para saber que aquele não era o momento de ficar dando sopa por aí, do mesmo modo que ele também estava mais quieto... Esperando a poeira abaixar.
Claro que isso o deixava mal, pois estava escondendo informações cruciais do pai, mas também não conseguia imaginar como ficaria a sua consciência se soubesse que ajudou o pai a machucar Clarissa. A ideia daquele corpo pequeno em uma das celas daquela mansão, enquanto era interrogada, causava arrepios e fazia o estômago de Jace revirar, por isso preferiu mentir.
E estava mentindo veementemente, mesmo que o pai ficasse o pressionando. Ele não iria ceder e tinha plena ciência de que os melhores amigos também não forneceriam nenhuma informação fora daquelas que haviam conversado sobre.
Mesmo assim, não conseguia fechar os olhos e sem pesadelos com Clary, ou pior, sonhar com a garota. Jace preferia passar horrores no sonho do que ser levado, pelo seu subconsciente, para os momentos bons que passaram juntos.
Por isso estava na sala de luta, completamente suado, socando aquele saco de pancadas como se sua vida dependesse disso. Se não ia conseguir dormir, pelo menos treinaria um pouco e garantiria sua exaustão... Ele queria deitar-se e ter uma maldita noite de sono sem sonhos, nem que para isso precisasse passar horas e horas naquele maldito tatame, abrindo feridas as mãos e nos pés.
Continuou com a série de chutes e socos precisos, tão focado, que mal viu quando uma figura de olhos azuis, cabelo preto e moletom furado entrou no cômodo, fechando a porta em seguida. Somente tomou conhecimento de que Alexander ia até ele quando foi chutar e percebeu-o se aproximando lentamente pela visão periférica.
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Impossible
Hayran KurguClary e Jace tinham tudo para se odiar, tudo para que fossem os piores inimigos, mas o destino não quis assim. Um amor impossível nasce e com ele muitos desastres, intrigas e medos. Rivalidades. Preconceitos. Intrigas. E um amor. Somente um amor...