Capítulo vinte e nove

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Anahi

- Então... quem vai me dar pistas do que diabos está acontecendo? - perguntou Christian, olhando entre mim e Katheryn que agora trabalhávamos em lados opostos do escritório. Tinha passado uma semana desde aquela noite, e nós ainda não tínhamos falado uma palavra uma com a outra. Nós fazíamos o nosso trabalho, fingíamos que uma não via a outra e depois íamos para casa.

Ela não lhe respondeu e nem eu.

- Tudo bem, então. - ele se inclinou para trás.

Alfonso tinha apenas vindo até mim uma vez e foi na noite do baile.

Você está fugindo?

Isso era tudo o que ele queria saber. Ele me frustrava quando estava descontraído sobre tudo isso. No entanto, eu não estava fugindo. Eu não conseguia encontrar forças para correr dele mais, e eu estava cansada de correr.

Agora que estávamos vivendo basicamente em seu escritório, arquivando relatórios, pegando café ou apenas grampeando papéis, eu mais uma vez percebi o quão importante ele era.

- O que está acontecendo? - perguntou Christian novamente, mas desta vez ele não estava falando de nós.

Em vez disso, ele estava olhando para fora do escritório e o fluxo de repórteres que estavam seguindo Betty. Eu não tinha certeza, mas eu suspeitava que ela soubesse ou estava desconfiada, que algo estava acontecendo entre mim e Alfonso. Toda vez que eu passava por ela no corredor, ela fazia uma pausa, me olhava e sorria para si mesma como se ela tivesse ouvido algo engraçado.

- Você não ouviu? Professor Herrera ganhou como Advogado do Ano. - disse Raymond quando ele se inclinou contra a porta.

Ele parecia tão bem como sempre em seu terno azul-marinho.

Eu tinha lido sobre Raymond; ele foi um dos primeiros associados de Alfonso e a única pessoa que não veio de Harvard. Em vez disso, ele era do Boston College e tinha assistido a um dos seminários de Alfonso. Para conseguir um estágio, ele ficou de fora todos os dias durante três semanas e entregou a Alfonso sua xícara de café da manhã... no inverno. Em seus relatos pessoais, ele disse que só tirou quatro dias de folga por ano para visitar sua mãe na Jamaica.

- Ele tem uma entrevista marcada, por isso, se alguém perguntar qualquer coisa sobre qualquer coisa, sorria e minta.

- Então, se eles perguntam como é a sensação de passar as nossas noites arquivando papéis de três anos atrás, deveríamos dizer que é ótimo? - perguntou sarcasticamente Christian, quando ele puxou os arquivos que ele precisava guardar.

- Algumas pessoas matariam para estar onde você está. Eu me lembro de estar na parte inferior da cadeia alimentar. Acredite em mim, vale a pena quando você começa a se sentar à mesa com os adultos. - ele olhou para mim. - Agora, um de vocês, me arranje um pouco de café.

- Puro? - eu perguntei me levantando.

- Creme e quatro colheres de açúcar... você realmente deveria parar de se propor a fazer isso, ou você será lembrada como a garota do café. - ele me disse, saindo quando ouviu seu nome ser chamado por ninguém menos que Tristan.

- Ele está certo, sabe. - respondeu Christian, e Katheryn passou por mim, como se eu nem estivesse lá, pegou meus documentos e, em seguida, voltou para sua mesa.

- De qualquer forma. - Christian balançou a cabeça. - A garota do café pode...

- Eu ouço fofocas do escritório quando estou pelo corredor. Além disso, ser visto trabalhando é bom...

- Você não deveria estar pegando meu café? - Raymond me disse.

- Sério? Bom, Alfonso estava apenas pedindo por isso. Apresse-se. - disse Tristan, levando Raymond pra longe.

- Você vai começar a ouvir algo da entrevista. - Christian apontou.

- Claro. - murmurou Katheryn.

Eu me virei em meus calcanhares e saí. Ela queria ser uma criança sobre isso, então tudo bem, eu poderia lidar com suas birras. Entrando na sala de descanso, eu corri direto para Betty, enviando na sua bandeja de biscoitos e pretzels por todos os lados.

- Betty, eu sinto muito. - eu disse enquanto me abaixava e comecei a pegar a bagunça que eu tinha feito.

- Está tudo bem, não importa a bagunça, eu só vou ter que pedir algo para eles...

- Eu posso sair e pegar.

- Você é uma advogada, não uma menina de entrega. Eu vou atrás disso. - ela riu quando eu levantei, entregando-lhe a bandeja de doces quebrados.

Ela estava sendo boa... ninguém neste escritório era bom para qualquer um dos "doze". Todos nós acreditávamos que Alfonso lhes tinha dito para que eles tornassem as coisas o mais difícil quanto possível. Por exemplo, na semana passada Christian tinha perdido a xícara de alguém, e de repente ele estava sendo tratado como caso de uma pessoa desaparecida.

- Eu não estou te tratando de forma diferente. - disse ela.

- Eu não estava pensando nisso. - eu menti.

- Você sabe aquela coisa que Alfonso faz quando olha em seus olhos muito azuis, e de repente conhece todos os seus pensamentos? Sim, bem, eu lhe ensinei isso. - ela piscou, andando em volta de mim.

- Por que você sempre sorri quando eu passo?

Ela fez uma pausa. Inclinando a cabeça para o lado, os olhos enrugados quando ela sorriu.

- Eu sorrio? Eu, honestamente, não percebi. Vendo a forma como você e ele dançam em torno um do outro, me lembra da época em que eu era secretária do meu marido. É como um déjà vu para mim. Você deve esquecer o café e correr de volta agora... Raymond sempre mexe com um de vocês... - acrescentou e se despediu.

O quê?

Correndo para fora da sala e de volta para a sala de conferência, descobri que tanto Christian quanto Katheryn tinham ido embora.

Que diabos?

- Eu só contei onze? - alguém disse de dentro do escritório de Alfonso, e eu não podia ver por causa da parede da equipe de filmagem que se estendia para o corredor.

Merda. Pense Anahi.

Eu não podia entrar lá atrasada sem nada, ele ia me mastigar na frente de todos.

- Você está em apuros. - Tristan sorriu intensificando ao meu lado.

- É sua culpa. Pensei que tivéssemos um acordo. Eu nunca mais vou pegar café, nunca mais.

- O acordo era para ajudá-la a ajudar Alfonso ganhar o caso Nash.

Odeio advogados.

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