Castelo de vagalumes

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Permaneceram em silêncio durante o trajeto ao local em que Benjamin queria levar a moça. Ao chegar, ela reparou que era o parque, mas o lado aposto do qual haviam estado dias atrás. Era noite, mas havia crianças brincando com seus pais, e idosos fazendo exercícios físicos em grupo. Emma se imaginou bem velhinha de cabelos brancos fazendo algo do tipo, rapidamente os seu lábios se curvaram em um pequeno sorriso, quase imperceptível.

- É logo ali

Ele falou distraído olhando para os idosos, em seu rosto o semblante permanecia tranquilo. Andaram em direção a um coreto não tão longe, onde havia algumas pessoas por perto. Emma ficou encantada com as mine luzes brilhantes contornando o local.

- Algumas crianças chamam de Castelo de Vagalumes.

Emma desviou sua atenção para Benjamin que já tinha se sentado em um dos banquinhos de mármore do coreto.

- Castelo de Vagalumes?

Ela perguntou enquanto sentava em outro banquinho não tão distante.

- Em algumas épocas do ano, esse coreto se torna ponto turístico, ou quase isso. É possível enxergar vagalumes por todas as partes, eles ficam no teto! A prefeitura até desliga as luzes para que os vagalumes possam brilhar para os visitantes e pessoas daqui da comunidade. As crianças amam, por isso chamam de Castelo de Vagalumes!

Emma olhou novamente para as luzes, e pode visualizar em sua mente a chegada de vagalumes.

- Acho que não faço parte dessa época, quando eu era mais nova raramente víamos vagalumes aqui no parque, e também não havia esse coreto.

- Foi construindo há alguns anos, é usado para diversos eventos, muitos deles feitos pela igreja.

Emma imaginou que sua mãe pudesse preferir fazer gincanas, e campanhas da igreja aqui. Ela sempre foi mais cuidadosa com detalhes.

- Seus pais estão muito felizes por você ter voltado

Ela olhou novamente para ele que permanecia com os olhos fixos nas famílias que brincavam na grama.

- Acho que sim...

Ela falou um pouco sem jeito

- Eles me falaram que você fazia parte do ministério de louvor. Eu vi alguns vídeos seus.

Emma baixou a cabeça e olhou para as mãos pousadas em seu colo.

- Sim, eu fazia parte...

- Tem uma voz belíssima, Deus contemplou você com um lindo dom!

As palavras de Benjamin a incomodavam de alguma forma. Falar sobre o seu passado era um pouco difícil, quando lembrava, ela se sentia perdida.

- Não canto mais, isso foi a muito tempo

- Pois deveria, Deus tem propósito na sua vida, e o seu dom faz parte dele.

Emma permaneceu em silêncio, o que ela poderia falar? Aquelas palavras realmente tocavam nela.

- Sei que sentiu vontade de ir até o púlpito hoje, estar no meio daquele grupo de pessoas. Se render a Deus, voltar ao primeiro amor! Mas também sei o quanto é difícil voltar... Pois os pensamentos nos impedem, e o inimigo os utiliza para nos congelar.

- Faz tanto tempo desde a última vez que o senti a presença de Deus. Quase sempre quando tento falar com Ele, a culpa, e o sentimento de imerecimento, me fazem fugir. Sinto vergonha por tudo o que fiz, e não sei como olhar para Ele, como Deus pode ouvir alguém que já não consegue mais orar?

- Ele sabe tudo o que você pensa, antes mesmos de você abrir a boca para falar, ele já tem sondando o seu coração. Entende as suas lágrimas, compreende as suas razões, te aceita como você está, mas não permite que você permaneça do mesmo jeito. Ele não odeia você, não é raiva, é saudade, Ele a quer por perto, quer ouvir a sua voz. Mesmo tendo milhares de vozes falando com ele, a sua ainda é inconfundível.

O Amor Que Nos UniuOnde histórias criam vida. Descubra agora