Chapter 6

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   O quarto estava escuro, apesar da manhã já ter chegado. Meus olhos pesavam de sono, e eu não sentia um pingo de vontade de me levantar da cama. A chuva fina caia lá fora, e os trovões fazia com que eu me encolhesse ainda mais.

   Eu não lembrava de como fui parar ali, na verdade, não lembrava muito da noite passada, a não ser dos recentes acontecimentos, nada agradável em minha vida. Por fim, elevo meus dois braços em cima da minha cabeça em uma tentativa de me espreguiçar. Passo os olhos pelo quarto a procura de Jin, mas o mesmo não está lá.

   A presença de Jin, de certa forma tinha se tornado reconfortante. Eu ainda não sabia o que ele era, mas me ajudava a manter um equilíbrio mental. Eu tenho certeza que se estivesse sozinha, já tinha surtado de inúmeras formas possíveis.

   Jogo os pés para fora da cama, e saio procurando pelo suposto anjo. Ao encontra-lo na cozinha, uma onda de alivio percorre o meu corpo, e sem perceber meus lábios se formam em um sorriso. Ele parecia grande demais para a minha cozinha e isso o era engraçado.

   O homem a minha a frente comia torradas despreocupadamente, até finalmente levantar os olhos e me encontrar.

   - Oh, você finalmente acordou. - Ele pisca seus olhos de um jeito engraçado e retorna seu olhar para as torradas.

   Jin já tinha devorado metade das torradas, mas continuava comendo como se isso não fosse um problema.

   - Sim. - sussurro.

   - Como você está se sentindo? Fiz café pra você. - Ele aponta para a garrafa.

   - Aconteceu algo ontem a noite? Eu não consigo me lembrar muito bem.

   Jin ergue as sobrancelhas.

   - É mesmo?

   Afirmo.

   - Então, o que você vai fazer hoje?

   - Eu preciso deixar currículo em algum lugar.
  
   Olhando Jin mais de perto, ele tinha feições angelicais. Tudo ali, tinha uma beleza absurda que era de tirar o fôlego. Mas a forma como o Jin comia, como ele piscava os olhos com força, vez ou outra de uma forma engraçada, parecia tudo naturalmente humano.

   Como se lê-se meus pensamentos, ele me observa atentamente, enquanto me sirvo de café.

   Depois de mais algum tempo conversando com o anjo, me arrumo e saio nas ruas atrás de emprego. Eu acabei me surpreendo porque havia muitas vagas disponíveis por ali. A notícia ruim é que não fui aceita em nenhum.

   Depois de rodar por quase toda a cidade, me sento em um banco numa praça qualquer. O vento frio batia nos meus cabelos e eu podia sentir o desespero tomando conta de mim só de imaginar em ter que mexer no dinheiro da faculdade.

   Contei as moedas no bolso, eu estava com fome, mas só tinha o suficiente para um café.

   Pra não dizer que fracassei completamente, consegui um emprego uma vez por semana pra levar 5 cachorros para passear, eram todos enormes e era eles que me levavam e não ao contrário. Ganhava 50 wons. Não dava pra pagar nem um terço das minha contas.

   A noite tinha chegado, e meu dedos das mãos estavam roxos de frio. Quando voltava pra casa, avistei Soobin e a tal menina, e pude constatar mais uma vez como ela realmente era bonita, e como eles ficavam bem juntos.

   Eles estavam em um restaurante popular e Bin segurava a mão da moça delicadamente, enquanto as bochechas da menina ficavam rosada ao seu toque.

   Para o meu azar, Soobin me avistou e eu xinguei baixinho por ter me deixado ser pega. Ele acenou e eu me encolhi, já imaginando o que viria a seguir.

   Ele chama para que eu me aproxime, e contrariada ando o mais lenta possível. Ao me aproximar, dou um sorriso fechado, enquanto a dita cuja fez questão de mostrar todos os dentes brancos.

   - Mina, essa é Jieun minha melhor amiga.

   - Jieun, que lindo nome! - ela estende sua mão em minha direção, as unhas pintadas de rosa claro parecendo tão delicado como a dona.

   - O prazer é meu! - minha voz soa distante, e sinto minha cabeça girar com aquela situação. - Vendo agora, entendo porque ele gosta de você. Seu nome combina com você. - pisco o olho tentando parecer o mais normal possível.

   - Jieun! - Soobin resmunga visivelmente envergonhado.

   - Se me derem licença, ainda tenho umas coisas para fazer, e não quero atrapalhar o casal.

   - Não está atrapalhando, fique mais um pouco. - Diz Mina com um sorriso simpático.

   - Não, não, eu realmente preciso ir, vejo vocês depois.

   Olhar aquela cena, deixava ainda mais clara como a diferença entre eu e ela era gritante. De certa forma, eu entendia porque Soobin escolheu ela. 

   Ter saído de casa hoje só me deixou com a impressão de que eu era mais inútil do que eu pensava. Não consegui um emprego, e de quebra ainda vejo Soobin e a futura namorada.

   Ao chegar em casa, Jin faz todos os tipos de piadas sem graça, mas que ele ri sempre que terminava de contar uma, para o azar dele, eu não tinha forças nem de tirar o casaco. A única coisa que consegui foi me jogar na cama e ficar lá até ouvir Jin suspirar.

   - O que posso fazer para melhorar seu humor? - pergunta por fim.

   - Se você realmente diz quem é ser, me leve daqui. Eu quero ir para o céu. - choramingo tão baixo que quase não consigo ouvir minha própria voz.

   Jin solta um suspiro irritado.

   - Jieun, a vida é muito mais que isso.

   Eu não respondo.

   - Ok, olhe pra mim. Isso vai ser o suficiente para te distrair. - relutante, me viro em sua direção.

   Jin se levanta e sua postura é ereta. Ele então levanta a cabeça e fecha os olhos. Com um movimento vindo de seus ombros, duas asas pretas se desenrolam. São tão impressionantes, que me deixa sem ar.

   - Ah - Jin solta um suspiro aliviado, como se mante-las presas fosse algo doloroso.

   Em um pulo me levanto e me aproximo cuidadosamente, como se qualquer toque meu fosse machuca-lo.

   Mas então, ao olhar mais de perto e perceber a expressão de Jin, a noite passada me volta a memória. O céu. As asas. A queda.

   Sinto minhas pernas fraquejarem, e o anjo a minha frente me segura para evitar de eu vá parar diretamente no chão.

   - Ontem... você... como? - tento falar sem gaguejar.

Angel of MercyOnde histórias criam vida. Descubra agora