Chapter 9

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Eu sou quem eu deveria amar nesse mundo

Esse meu eu brilhante, minha alma preciosa

Eu finalmente percebi isso, então eu me amo

Apesar de não ser perfeito, sou tão belo

Eu sou quem eu deveria amar

BTS - Epiphany

   As pessoas diziam que o amor era um sentimento puro, bonito e que trazia felicidade. Então porque eu me sentia tão triste?

   William Shakespeare dizia que era muito melhor viver sem felicidade do que sem amor. Ora, naquele exato momento, eu vivia sem os dois. Não tinha como ficar pior.

   Eu estava na sacada da varanda observando as estrelas. Já se passava da meia noite, e mesmo que eu tivesse rolado em toda a extensão da minha cama, eu simplesmente não conseguia dormir.

   - Você não tem uma amiga que possa lhe ajudar em um momento como esse?

   Sinto meu corpo se sobressaltar ao ouvir a voz do Jin. Viro minha cabeça em sua direção, e vejo que o mesmo está encostado na parede enquanto me olhava uma forma serena.

   - Digamos que as mulheres não gostam muito de mim. - Solto um pequeno riso frustrado.

   Jin se aproxima com toda sua majestade e glória, e por alguns segundos perco o fôlego. Olhando para seu rosto agora, recordei-me de quando o vi pela primeira vez, e me questionei como eu tive medo de algo tão belo.
  
   Como se soubesse exatamente o que eu tava pensando, o anjo sorriu, e eu me senti corando.

   - Você já sabe o que aconteceu não é? - Viro meu rosto novamente para frente, focando o nada.

   - Bem, não precisa de muito esforço pra saber o que aconteceu. Até mesmo sua mãe ficou aflita ao ver o modo como você chegou.

   - Oh, entendo. - A verdade é que eu não estava entendendo muita coisa, mesmo que eu me esforçasse.

   - Não conseguiu dormir? - Questionou.

   - Não.

   A mão do Jin alcançou a minha, e entrelaçou os seus dedos nos meus. Fiquei olhando aquele gesto por alguns segundos, até finalmente olhar em seus olhos. Um sorriso tão doce pousava nos lábios do anjo, que eu senti meu coração errar algumas batidas.

   - Eu te ajudo a dormir.

   Jin então me direcionou a minha cama. Puxou os lençóis para que eu me deitasse, e se aninhou ao meu lado. Seu efeito calmante começou a fazer efeito e me sentia mais leve, mais calma, e mais sonolenta também.

   - Jin, todos esses dias você tem me mostrado músicas, mas você mesmo não sabe cantar nenhuma? - Brinco com um botão em sua camisa.

   Ele parece pensar por um tempo.

   - Posso cantar uma se você quiser, mas vou logo avisando, você vai se apaixonar. - Ele solta uma risada.

   Me pego rindo junto como ele. A risada do Jin era contagiante, e era um som que eu estava adorando nos últimos dias. Enquanto encarava seus olhos, senti meus olhos pesando, até ser embalada pelo sono.

   Nos meus sonhos, o anjo cantava uma música sobre amor próprio, como se quisesse me ensinar algo. E parecia fazer sentido, a final nós somos quem mais deveríamos amar. Porém, como eu poderia me tratar daquela forma? Enquanto ele cantava, é como se eu pudesse ver minha pobre alma. Triste, aflita, abatida e cheia... de feridas. Era tão triste de se olhar, estendi minha mão em sua direção, mas era em vão. Novamente, a letra da música rodou em minha mente, como um alerta... Mas fui puxada de volta para a realidade.

   - Jieun...

   - Hmmm - me reviro na cama

   - Jieun!

   Me levanto em salto, e sinto Minha cabeça girar. Mamãe olhava pra mim com olhos atenciosos.

   - O café está na mesa! Seu amigo já chegou, se não se levantar logo, irá se atrasar.

   Amigo? Sinto minhas sobrancelhas se unirem em uma pequena confusão. Soobin teria coragem de aparecer aqui, mesmo depois das coisas que eu falei ontem?

   Ainda eram 7:00 da manhã. Mamãe ficou louca antes da hora certa. O meu normal agora era acordar em torno de 11:00 e depois de comer alguma coisa, voltar a dormir.

   Sendo tentada pela curiosidade, me levanto e vou em direção a cozinha. Ao me deparar com o Jin comendo em minha mesa, meu queixo cai. Solto uma risada nervosa.

   - Mãe, a senhora consegue vê-lo? - Aponto em direção do anjo.

   Minha mãe me olha como se eu fosse louca.

   - Ora, estou ficando velha, mas minha visão ainda é muito boa. O que deu em você hoje? - Ela coloca uma tigela de arroz na mesa. - Bateu a cabeça em algum lugar.

   Sento de frente para o Jin, buscando em seu rosto alguma resposta, mas o mesmo permanece sereno.

   -Achei que ela não pudesse te ver. - Cochicho.

   Ele limpa a garganta.

   - Se você não se apressar, vai se atrasar. - Jin falava enquanto enfiava mais arroz na boca.

   Poxa, o anjo não parava nem pra comer.

   - Não lembro de ter marcado nada para hoje.

   - Como não? Você tem uma entrevista hoje! - Mamãe se senta ao meu lado, me olhando com expectativa. - Por isso, procurei fazer o seu café da manhã mais reforçado. - Pisca um olho e aproxima do meu ouvido. - Inclusive, seu amigo é um gatinho.

   Levanto meus olhos em direção do dito cujo, a intenção de mamãe era falar só pra mim. Mas eu sabia perfeitamente que ele tinha escutado. Solto um suspiro ao analisar seu rosto. Jin sorri enquanto pega um pedaço de peixe.

   - Que entrevista é essa? Não recebi nenhuma ligação.

   - Um amigo me avisou dessa vaga e eu indiquei você.

   Solto uma risada. Ele recebeu uma dica divina?

   - Ya! Eu sou alguém importante! Tenho meus contatos. - Jin falando soando indignado,  e com uma rapidez que me impressiona.

   Sim, eu sabia perfeitamente o que você era. Mas eu não conseguia acreditar que ele tinha usado seus dons para me ajudar.

***

   A entrevista era verdade, e quanto mais pensava sobre isso, mais louco eu achava. Eu estava sentada de frente para um homem de meia idade. Eu usava o meu melhor terninho e estava procurando não surtar de tão nervosa.

   O homem analisava a cada gesto meu, me deixando ainda mais inquieta. Já tinha me feito uma serie de perguntas, parecia que tinha passado mil anos.

   - Me diga três qualidades.

   - Minhas? - Sorrio, mas sinto minha voz falhar.

   O homem me encara. Claro, deles é que não é.

   Poxa, quem faz esse tipo de pergunta em pleno século 21? Nas minhas conta eu já tinha poucas, agora então, parece que todas as minhas qualidades sumiram.

   - B-bem. - gaguejo. Limpo minha garganta e ajeito minha postura. Esse era o meu momento, não podia permitir passar assim. - Hã, eu sou extrovertida, então... eu estou sempre alegre e converso muito. Sou muito criativa, e sou muito otimista também. O senhor pode confiar em mim!

   Sorrio tentando mostrar confiança. Mas quanto mais eu falava, mais eu sentia que aquela entrevista era um fiasco.

   Pra piorar, Jin não me acompanhou, muito menos me explicou o porquê de mamãe vê-lo. Eu sentia que poderia surtar em qualquer momento. Bem, eu tinha certeza que aquele anjo, ia me pagar por ter me colocado naquela. Eu já imaginava onde aquela entrevista ia dar, nem precisava se esforçar muito.


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