Chapter 4

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   Jin passou a noite fazendo carinho em meus cabelos, como eu havia pedido. Nesses três dias que ele havia surgido, em apenas dois dias, eu tinha me acostumado ao seu cafuné. E céus, não havia nada igual.

   Estávamos sentados, um de frente para o outro. Enquanto comíamos nosso cereal com leite. Analiso seu rosto, seus olhos puxadinhos, seus lábios carnudos, sua mania de piscar forte, vez ou outra. Jin era bem bonito na verdade.

   - Então, como é lá? - Questiono.

   - Lá onde? - Jin me olha, ainda mastigando.

   - Céu. - Aponto pra cima.

   - Oh. - Ele parece pensar um pouco. - Nem todas as palavras do mundo, seria o bastante para descrever a beleza daquele lugar. - Diz.

   - Hm. - Aceno. - Então existe um lugar assim. - Coloco uma colher de cereal na boca, e tento imaginar como seria.

   - Não pense muito sobre isso, mesmo que tentasse, nada do que você imaginar vai ser o suficiente, é algo glorioso demais, até pra mim, que veio de lá.

   Novamente assinto. E me lembro de algo que rondou minha cabeça, desde que eu descobri que anjos comem.

   - Anjos fazem cocô?

   Jin se engasga com o seu cereal, e me olha como se eu fosse uma louca. Seu rosto estava da cor de um tomate.

    - O que? - Pergunto, dando de ombros. - Você come, é natural certo?

   - Não é como se eu precisasse comer, faço isso porque gosto, é igual a dormi.

   - Então, você faz cocô quando quer?

   Jin bufa.

   - Eu acho que não sou obrigado a responder a sua pergunta.

   - Chato! - Resmungo. - Eu tenho que ir para o trabalho agora, vejo você depois!

   Jin me encara por algum minutos, tempo esse suficiente pra me deixar constrangida.

   - O que?

   Ele abre a boca algumas vezes, e torna a fechar logo em seguida.

   - Nada. - Responde, por fim.

   Estranho.

   - Hm, então tá. Você vem comigo? - Me levanto e paro ao seu lado.

   - Não. - Responde sem me olhar.

   - Por que? - Um dia todo sem Jin na minha cola seria bom, ou não. Talvez eu já estivesse me acostumando com sua presença.

   - Eu sou anjo, afinal. Tenho compromissos. - Finalmente ele me olha, e ao mesmo tempo não. Como se seu olhar estivesse direcionado a mim, mas ao mesmo tempo estava perdido. - Vou lavar a louça pra você.

   - Oh, obrigada.

   Antes de sair, Jin me chama.

   - Boa sorte! Você vai precisar.

(...)

   É, talvez Jin realmente previsse o futuro, e soubesse bem o que ia acontecer no fim do dia, ao me desejar boa sorte.

   Eu estava sentada de frente para o meu gerente, que estava com cara nada boa. Suas mãos estavas entrelaçadas em cima da mesa, enquanto seus olhos, através dos óculos me analisavam.

   - Senhorita Song. - Ele tira o óculos, e coça os olhos. - Recebemos algumas reclamações de seu... comportamento. - Ele retorna a me olhar.

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