O GARIMPO PROIBIDO

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Eram quase onze e vinte quando acordei, Fiquei alguns minutos paralisado olhando para o teto, enquanto as lembranças voltavam, imediatamente me levantei da cama e fui até a janela do meu quarto, e fiquei olhando para saber de onde o certo flash de luz havia saído e o que seria aquilo, mas o que vi foi apenas casas, apartamentos e prédios pequenos entre outros.

Fui me trocar para descer, ao retirar minha camisa percebi que havia uma pequena marca em meu peitoral, mas não doía nem incomodava, fiquei muito curioso sobre o que seria aquilo, fiquei pensando o que talvez fosse aquela marca, imaginei a hipótese, que fosse um raio laser de tatuagens e que alguém da rua teria apontado na direção errada, acertando o meu peitoral.

Mas de qualquer forma eu não podia deixar meu irmão nem muito menos minha mãe perceber, vesti uma blusa, desci e fui logo pegar uma água pra beber, pois eu estava muito ressecado por dentro com muita sede.

Loyana estava na cozinha fazendo almoço, que por sinal tinha um aroma muito bom. Eu fui pegar um suco na geladeira, e um pão doce, assim que tomei meu café, meu irmão havia chegado da caminhada dele, ele estava andando mancando, por causa do acidente, que o atropelou. Assim que chegou me perguntei o porque que ele não ter me acordado para caminhar com ele, e ele só falou que depois me chamaria outro dia.

Não tive outra opção a não ser concordar.

Lembrei-me que hoje teria que pagar as malditas melancias, e eu ainda não tinha o dinheiro.

Fui até meu quarto e peguei alguns pertences, como um relógio que eu tinha, um boné e algumas outras coisas e coloquei em uma sacola e joguei pela janela que caiu no gramado, para minha mãe não perceber.

Depois falei a minha mãe que ia dar uma volta pela cidade de Nova Luar. Passei pelo local onde as caíram, as apanhei e fui em direção a feira da cidade, em um lugar um pouco escondido, peguei um caixote velho e tentei vender os produtos, as pessoas olhavam e tocavam nos objetos mas não as compravam, até que veio um senhor de óculos escuro e de chapéu branco, que me comprou o relógio por R$ 30,00, e começou a conversar comigo, conversa vai conversa vem, até que ele me perguntou quanto eu precisava e eu respondi o quanto, foi quando ele falou pra mim olhar para a minha direita. E quando eu olhei havia um caminhão com alguns jovens dentro, perguntei o que seria, ele respondeu que aqueles garotos trabalhavam para ele.

Tivemos uma pequena conversa:

- Qual seu nome mesmo?

- Pode me chamar de Abreu.

- Então Abreu como é o trabalho lá?

- Coisa mole, é apenas encher caminhões de pedras.

- Onde isso?

- Não muito distante daqui.

- Como é o pagamento?

- R$ 150,00, o dia e ainda com direito a almoço. Então Otelo você vai com agente? É que está faltando um homem, pra completar a equipe.

- Sim, eu vou!

- Estamos te esperando no caminhão.

- Está bem.

Peguei o meu boné que estava em cima do caixote e o coloquei na cabeça, e entrei na caçamba do caminhão e fomos.

Ao todo eram 6 pessoas incluindo eu.

Os garotos que estavam atrás do caminhão, conversavam bastante, eu não entendia bem a conversa deles, mas eles riam bastante.

Depois eles pararam a conversa e se deitaram eu fiz o mesmo e acabei dormindo.

Depois de talvez umas duas horas ou mais de viagem o caminhão parou, então imediatamente acordei.

O lugar era muito estranho, continha muitos caminhões, muitas pedras, outras enormes, continham também alguns matériais de trabalho, alguns que eu nunca tinha visto, o lugar também tinha muita poeira, que deixava o lugar cinza, e tinha também um enorme buraco cavado no centro do lugar.

Eu confesso eu estava com medo e me arrependia de ter aceitado, mesmo antes de começar o trabalho.

E foi aí que o tal Abreu nos deu a ordem, e todos pegaram uma ferramenta, eu fiz o mesmo, escolhi um pé-de-cabra e em seguida todos nós começamos a quebrar pedras e selecionar apenas algumas, para depois encher os caminhões.

Eram talvez umas duas e meia da tarde, quando paramos o trabalho e fomos almoçar, a comida era a piores que eu já comi na minha vida, pois era uma gororoba grudenta e branca acompanhada de feijão preto e arroz, e para beber um refresco preparado na hora com agua congelada e batida em uma panela gigantesca. Mesmo achando a comida horrível ainda consegui comer tudo, a bebiba era a melhor opção, afinal estava muito suado.

Depois de um pequeno descanso voltamos ao trabalho, eu peguei minha ferramenta e fui quebrar pedras, depois de muitas pedras quebradas fomos encher os caminhões. Já eram quase umas dezete e meia, quando terminamos de encher os caminhões e todos estavam prontos para voltar. Foi quando o Abreu me chamou num canto e me pagou o dia de trabalho, eu subi na caçamba de um dos caminhões que agora continham também muitas pedras e o motorista acelerou o veículo e saímos. Olhei pra o céu e vi que já era tarde.

Quando íamos no caminho, percebemos alguns carros parados a frente da estrada de barro, a qual nós iamos. Um cara que estava no banco de passageiro pegou um radio e ligou para o Abreu, que deu ordem pra o mostorista acelerar ainda mais. Motorista falou bravo que seria suicídio e iria parar. O homem gritou:

Acelera essa porra!!!!

O homem gritou: Não!!

O homem deu uma pernada derrubando o motorista para fora do veículo, e assumindo o volante.

Então alguns homem que estavam nos carros começaram atirar em direção a nós, eu estava abaixado com muito medo, segurando na caçamba do caminhão, que se balançava e corria muito rápido deixando muita poeira para trás.

Quando o caminhão estava chegando próximo dos carros que atiravam em nossa direção, o homem que agora dirigia, foi atingido no peito, que começou a sangrar e o deixando muito furioso, eu fiquei mais assustado e olhei pra o céu e olhei para frente onde percebi um riacho vazio com areias macias, então fechando os olhos quase chorando me tremendo muito me joguei do caminhão que seguiu a toda velocidade, o motorista percebendo que iria morrer sagrando acelerou ainda o caminhão que acabou sendo jogado em cima dos outros carros que estavam em sua frente, causando uma explosão gigantesca onde muitas pedras voavam para todos os lados, era uma cena muito louca para mim.

Eu vi tudo de longe, pois estava caído no caminho, então me arrastei para atrás de uma moita, onde fiquei escondido, minha perna doía e sangrava muito.

Olhei para o céu, pensei na minha mãe que devia estar preocupada comigo, e meu irmão que iria me levar para caminhar com ele um dia, na Suzan que devia ter visto ela hoje, pensei também nos meus sonhos secretos que eu imaginava, minha perna doía muito e eu chorava muito sem poder fazer nenhum tipo de gemido, para que ninguém ouvisse.

Eu só pensava que iria morrer.

Otelo - Realizando um sonho impossívelOnde histórias criam vida. Descubra agora