LONGE DE CASA - PARTE 1

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De onde eu estava dava pra ver os caras que estavam nos carros, eles conversavam mas não dava pra entender o que eles diziam uns aos outros, quando de repente chega um carro preto com vidros fechados, um carro muito bonito a propósito e dele sai um homem de paletó e óculos escuros , aparentando ser o chefe deles.

Assim que chega ele vai até um homem que está com um rádio comunicador na mão, os dois se cumprimentam e começam a conversar, sempre rindo.  Chega um homem que segurava um fuzil o que indicava que era um dos empregados que lhe tráz uma notícia, a qual deixa o homem de preto muito irritado fazendo o convocar todos entrarem nos seus carros, e saem em alta velocidade fazendo uma poeirada enorme e deixando o caminhão que agora estava tombado  com muitas pedras ao redor derramadas.

Senti um alívio depois que saíram, então retirei minha camisa e amarrei na minha perna que sangrava muito, eu não sabia se tinha a quebrado, mas sentia muita dor, eu chorava muito, a dor era insuportável.

Então me deitei e olhei pra o céu, imaginei novamente na preocupação da minha mãe, olhei pra os lados eu sabia que estava perdido, o meu medo era muito.

Meus olhos estavam muito pesados os fechei meus, rezando baixo e chorando, Deus não deixa minha mãe ficar preocupada comigo.

Do nada apaguei.

Devia ser umas quatro horas da manhã quando acordei. O sol ainda não havia nascido e fazia muito frio quando tentei me levantar. Eu estava mancando quase caindo mas tentei sair dali pois sabia que os caras iriam voltar para buscar os destroços do caminhão. Fui mancando arrastando minha perna que já parara de sangrar, então fui até a carcaça do caminhão que estava muito carbonizado e tombado, com muitas pedras ao redor que caíram na hora do tombo então procurei alguma coisas na cabine, porém o que encontrei foi apenas, uma caixa de ferramentas que estava intacta, a abri e encontrei alguns pertences, como papeis e algumas canetas, uma pequena faca e algumas outras coisas, peguei a caixa e a levei comigo, peguei também o meu pé-de-cabra que estava embaixo sob algumas pedras e usei como muleta então saí dali.

Fui andando, pela terra seca sem rumo, aquilo era imenso parecia um deserto com algumas vegetações secas e sem vida, com uma enorme extensão. Continuei a andar, eu não sabia para onde estava indo, eu só queria chegar em casa.

Depois de andar muito, avistei de longe uma coisa que parecia uma floresta seca com algumas folhas verdes e amareladas bem no topo das árvores que por sinal eram muito altas, andei na direção dela.

A floresta era uma imensidão de árvores altas com folhagens apenas no alto, abaixo apenas troncos cinzas, algumas com muitos espinhos, eu nunca tinha visto árvores daquela altura, só uma vez que fui ao Jardin Botânico do Rio de Janeiro com minha mãe e meu irmão quando eramos crianças.

Eu tinha fome e sede mas não tinha nada para comer nem beber ali.

Então tive uma idéia, peguei o pé-de-cabra e comecei a cavar o chão ao lado de uma árvore, então encontrei algumas raízes que continham muito líquido. Eu não só tomei seu líquido como também as comi, minha fome era maior do que eu podia imaginar. Fiquei sentado em uma pedra e escorado no troco da imensa árvore.

Eu chorava muito pois tinha muito medo de não mais voltar para casa.

Tudo era muito silencioso onde eu estava, isso me deixava tranquilo pois não tinha muito o que me preocupar, pois parecia não ter perigo naquela floresta, mas o mesmo silêncio me deixava muito nervoso, pois não havia ninguém pra me socorrer. Os meus lábios começaram a ressecar, o sol era muito forte, aliás aquela região parecia um inferno de tão quente, comecei a andar pela floresta e procurando sempre algumas frutas. Fui andando pelo lugar que não havia muita vida a não ser os vegetais e insetos, o solo daquela região é era muito seco e quente.

Quando o sol começou a se pôr, eu comecei subi em uma árvore, e me deitei em suas folhagens, olhando para o céu, de cima da arvore dava pra ver boa parte da imensa floresta, que parecia não ter fim. tudo era imenso, de longe dava pra ver a estrada seca. Então abri a maleta que encontrara no caminhão,  peguei uma folha de papel e uma caneta, então comecei a fazer alguns desenhos do lugar onde eu me encontrava.

Já era noite, talvez umas oito horas, a lua nova quase desaparecida no céu deixava todo o lugar escuro e frio, o que me dava mais medo, pois não tinha nehuma espécie de luz comigo. Fiquei olhando pra o céu por um tempo, aquele lugar me dava a chance de ouvir meus pensamentos. Lembrei de uma coisa que minha mãe sempre dizia para mim: Quem perde o teto ganha as estrelas, eu tinha saudades dela, o meus pensamentos fluíam.  

Depois de tantos pensamentos, acabei dormido, tranquilamente.

Devia ser umas quatro da manhã, pois no céu havia poucas estrelas,  repente um barulho enorme me fez despertar de meu sono. Ao olhar para o horizonte vi uma nuvem escura e azul nas pontas vindo em direção a floresta onde eu estava, fazendo um vento destruidor, que balançava as árvores, levantando uma poeira enorme de terras, derrubando muitas árvores...

Otelo - Realizando um sonho impossívelOnde histórias criam vida. Descubra agora