CAPÍTULO 9

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10 anos atrás

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10 anos atrás..
 
- Amiga esse é nosso último mês no colégio, você já sabe o que vai querer cursar? – pergunta Isadora, minha melhor amiga.

- Sim. Psicologia, lembra?

- Você vai ser a melhor nessa área. Certeza.

- Para isso preciso de dinheiro para pagar a mensalidade.

- O que pretende fazer?

- Vou arrumar algum trabalho. Não sei.

- Podia tentar arrumar algo na empresa da minha mãe.

- Você sabe que não quero. Quero algo simples.

Isadora é filha de uma juíza famosa. Sei que mesmo entre os advogados existe corrupção. Você pode ter o melhor coração do mundo, mas quando entra nesse meio, não pode mais tomar suas próprias decisões.

- Ok. Vou encontrar Félix. Beijos. – diz ela me abraçando e indo embora.

Isadora e Félix namoram desde o início do ensino médio, mas acho que não vão continuar até o final da faculdade. Eles são muito inseguros entre si e vão fazer faculdade longe um do outro. Conheço Isadora a minha vida inteira. 14 anos para ser exata. Ela com certeza é a romântica da amizade.

Sinto que em algum momento parei de me importar com namorados e comecei a focar mais na faculdade e em como minha vida será no futuro. As vezes sinto vontade de desistir de tudo, mas tenho certeza que minha psicóloga iria dizer que preciso focar em outras coisas, que meu futuro pode ser melhor que meu presente. Psicóloga sábia.

Quero ser assim um dia, conseguir ajudar pessoas que passam pelo o que já passei. Só quando passamos por tal situação sabemos o quão difícil ela pode ser. Milhares de pessoas sofrem de depressão a cada segundo no mundo todo, não porque elas querem, mas porque elas passam por coisas que as fazem querer desistir.

Seja desistir da escola. Ou da faculdade. Desistir de comer. Desistir da vida. Não podemos julgar essas pessoas, julgar a dor delas, se nunca sofremos algo parecido. Por isso quero ser psicóloga. Ajudar meus pacientes a nunca desistir.
O passado e o presente podem ter sido ruins, mas o futuro é uma surpresa para todos nós. Espero que meu futuro seja bom e que consiga pagar minha tão sonhada faculdade.

Na minha sala de aula consigo identificar pelo comportamento dos meus colegas de classe quem tem algum transtorno psicológico ou alimentar. Identifiquei que o garoto emo da minha sala sofria de depressão e com a separação dos pais. E que o garoto do fundo da sala sofria depressão pelo seu comportamento exagerado de querer fazer as pessoas sorrirem, até eu.
Foram as duas pessoas que mais me chamaram a atenção nesse último ano, espero que eles consigam tratar esses problemas e vivam uma vida saudável e feliz.

Saio do colégio também, vou em casa trocar de roupa e vou para os bairros entregar currículos em bares e lanchonetes. Estou entregando currículos há dois meses, algum lugar têm que me chamar.

Moro com minha mãe e minha vó em Toledo, nos mudamos quando eu ainda era um bebê então não lembro de muita coisa do Brasil naquela época. Depois quando fui ficando mais velha viajamos para lá algumas vezes, mas quando meu pai deixou minha mãe, paramos de ir para o Brasil porque meu pai voltou para lá.

Acho que foi a melhor decisão dele, nunca fez falta depois que cresci, quando era criança claro que sentia falta, queria saber porque as crianças tinham pais e eu não. Mas meu querido avô me ajudou nessas fases, ele me tratou como uma filha até no seu leito de morte. Meu pai nos deixou, mas meu avô supriu todas as necessidades que sentia, com seu amor e carinho por mim. Há três anos ele faleceu. Faço terapia pela morte dele ter me abalado tanto.

***

Um mês já se passou e enfim terminei o tão terrível ensino médio. Continuo entregando currículos e enviando alguns por e-mail, minha psicóloga diz para ser otimista. Minha mãe e minha vó falam que em breve algo vai aparecer. Quem sou eu para duvidar?

Isadora vai fazer faculdade no mesmo lugar do que eu, mas vai começar antes por já ter dinheiro, ela quer fazer medicina, Félix vai fazer contabilidade em outro estado. Ela está abalada com a distância que vai os separar, mas em qualquer ensino médio é assim. Nem sempre o jogador de futebol, basquete, termina junto com a líder de torcida.

Você pode gostar muito daquela pessoa, mas pode não se imaginar passando o resto da sua vida do lado dela. É uma coisa horrível, porém verdadeira.

Meu celular toca na minha mochila, pego-o vendo o número desconhecido estampar na tela.

- Alô? – uma voz desconhecida masculina fala.

- Quem é? – pergunto desconfiada.

- Desculpa. – o homem ri – Sou Luiz. Dono da lanchonete Lui’z. Em San Diego. Você entregou seu currículo aqui há dois meses, gostaria de te oferecer a vaga para garçonete.

- Obrigada. Sério. Eu estou interessada.

- Ok Angel, certo?

- Sim. Isso.

- Pode vim na lanchonete na parte da tarde?

- Posso sim senhor.

- Pode começar hoje mesmo?

- Claro.

Nem acredito. Arrumei um emprego. Um emprego que vai poder me ajudar a financiar meus estudos. Fico feliz ao agradecer por não ter desistido.

Posso não conseguir entrar na faculdade com meus 18 anos, mas tenho certeza que com 19 consigo. Só devemos lembrar que o importante é não desistir. Mesmo quando você pensa que não tem saída.

***

Comecei a trabalhar lá no mesmo dia. Meses depois mudei de função e virei atendente. Com 19 anos consegui entrar na faculdade de psicologia. O importante é não desistir independente da situação.

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