Prythian; Terras Mortais
Tudo estava passando rápido demais e meu tempo, claramente, estava acabando. E eu não iria mais me arriscar a fuxicar na Corte Noturna por dois motivos: primeiro, eu já não sabia se estava fazendo a coisa certa. Meu coração gritava, dizendo que estava fazendo a maior merda da minha vida escolhendo ficar do lado de Luna. E talvez eu estivesse mesmo. Segundo, eu quase tinha sido pega por Amren.
Eu estava bisbilhotando o lugar errado na hora errada. Ela tinha chego como um gato, surgindo atrás de mim. Eu quase engoli o livro que estava nas minhas mãos. Claro que ela tinha suspeitado, aquele sorriso cruel que ela me lançou dizia tudo.
-Para uma garota mortal que diz ter crescido sem nenhum ensino você até que é bem inteligente, não acha?- ela tinha me dito e eu, obviamente, me fingi de idiota. Depois disso, Amren passou a me olhar com ainda mais cautela. E ter a atenção daquela fêmea... Era um problema.
Eu já nem sequer sabia mais o que estava fazendo da minha vida. Matthew tinha sumido, mas eu sabia que ainda estava em Prythian. O que estava fazendo por aqui, era um mistério, mas não me deixava inteiramente tranquila com isso. Eu conhecia Matthew bem demais. Conhecia Luna bem demais. Coisa boa não era e, deuses, eu estava preocupada. Com Feyre e com seu bebê, com Azriel... E que merda eu estava fazendo?
Eu estava na parte de trás da casa de Ethan, onde a floresta iniciava, me chamando para desvenda-lá. Tinha um arco em minhas mãos, um que eu havia passado semanas trabalhando. Com os mesmos desenhos das tatuagens de Feyre.
Acho que talvez essa seja uma das coisas que ela e eu temos em comum: no fundo, no fundo, nós duas somos artistas. Só tivemos uma vida de merda que não nos permitiu aflorar isso completamente. Bem, agora Feyre tinha tempo e dinheiro pra fazer suas pinturas, afinal. Eu preferia desenhar com carvão, mas raramente tinha tempo pra isso.
-Que arco lindo.- disse uma voz atrás de mim. Dei risada.
-Você é mesmo uma enxerida, sabia?- falei me virando para encarar Feyre. Ela deu risada, colocando a mão sobre a barriga. Faltava tão, tão pouco para ela dar a luz, e ainda assim ela não parava quieta. Rhysand estava logo ao lado dela, provavelmente pensando a mesma coisa que eu.
-Sabe, viemos aqui na maior humildade conversar com você.- ela disse e eu ri.
-Desde quando vocês dois são humildes?- eu disse arqueando a sobrancelha. -Grã Senhora e Grão Senhor. Ah, vocês de fato se acham, tenho certeza. Rhysand principalmente.
-Eu nem disse nada!- ele protestou e eu ri.
-Quem você quer enganar? - eu disse e ele deu um daqueles sorrisos de gato.
Foi ai que percebi, ali entre as árvores, o lugar onde ele sempre ficava quando queria me passar informações: Anthony. Com os olhos arregalados em puro horror, uma flecha direcionada para Feyre.
Eu sabia que eles não podiam sentir a presença de Anthony graças aos amuletos mágicos de Luna. E eu sabia que ele mataria Feyre sem nem sequer hesitar. Ele não havia disparado ainda por medo, por choque e por confusão. Confusão porque eu estava confraternizando com o Grão Senhor e a Grã Senhora da Corte Noturna. E eu sabia também que estava fodida. Que ele usaria aquilo contra mim.
Mas meu medo maior? Que ele ferisse Feyre, apesar dela estar com um escudo indestrutível ao seu redor. Eu nem mesmo lembrei dele na hora. Me virei para Feyre e Rhysand, peguei uma flecha e a posicionei no arco em minhas mãos em uma velocidade surreal. Os deixando completamente confusos.
-Sabe, FeyFey, eu também aprendi a usar o arco.- eu disse com um sorriso que não continha nenhum calor. Então, eu me virei. E soltei a corda.
A flecha voou perfeitamente em direção a ele. Anthony não teve nem a chance de reagir antes dela atravessar sua garganta. A traição estaria em seu olhar, eu sabia. Rhysand rugiu de raiva ao meu lado, desaparecendo e reaparecendo ao lado de onde o corpo de Anthony havia caído, mas nem mesmo sua magia era capaz de salva-lo. Eu havia mirado bem, num lugar que sabia que o mataria instantaneamente. Porque se ele sobrevivesse... Bem, ai quem morreria seria eu depois que ele abrisse a boca pra me fuder ou depois de umas horas com Azriel.
-Quem é esse idiota? - gritou Rhysand, sua fúria fazendo as árvores estremecerem. Eu me encolhi diante da sua raiva. O que ele faria comigo se descobrisse quem eu era?
-Rhys, se acalme.- disse Feyre e, deuses, o olhar dele... Feyre continuou o encarando e eu, sabiamente, me escondi atrás dela. -Está assustando Aisha.
-Está mesmo.- eu murmurei. -Não tenho interesse em morrer hoje.
-Quem é esse cara?- rosnou Rhysand.
-Como eu deveria saber?- eu disse tentando não soar tão nervosa. Todo meu treinamento foi parar no espaço vendo aquela raiva toda de Rhysand, tão grande que poderia destruir facilmente metade de Prythian. -Eu o vi apontar uma flecha pra Feyre e não pensei duas vezes. Mas vocês deveriam saber que, apesar de terem salvo os humanos da guerra, ainda assim tem muitos que não gostam de vocês. E aqui não é exatamente um lugar secreto.
-Acha que ser vista com nós vai te trazer problemas?- perguntou Feyre preocupada. Fiz um gesto para que ela não se preocupasse.
-Eu só fiquei preocupada com você. Nem mesmo parei pra pensar no escudo.- eu disse e Feyre deu um leve sorriso.
-Acho que tenho que te agradecer por isso.- disse Rhysand e estendeu uma flecha de freixo. Meu coração parou de bater no peito. -A pior parte é o veneno feérico nela.
-O que?- disse Feyre chocada e eu também fiquei. Onde ele tinha arrumado veneno feérico? Ah, deuses.
-Isso é um problema.- disse Rhysand, um músculo saltando em seu maxilar.
-Vou descobrir o que está acontecendo, pode ter certeza. - eu disse e era verdade. Porque se Luna estivesse armando algo ruim contra eles... Não; eu não permitiria.
-Ah, eu sei.- disse Rhysand, com um sorriso. -É por isso que viemos aqui. - eu pisquei, confusa. -Viemos te oferecer um cargo em nossa corte.
-Nestha não quer mais ser nossa emissária nas terras mortais agora que está montando um exército de guerreiras.- disse Feyre com um sorriso. -Então, queremos saber o que você acha.
Eu nem mesmo pensei duas vezes; porque eu sabia onde meu coração estava agora. E não era com Luna e sua corte podre, mas sim com eles. Com aquelas pessoas que em tão pouco tempo me mostraram o que é um amor de verdade. E não era, de fato, o que Luna havia demonstrado.
-Eu aceito.
Aisha é meio lesadinha, mas o coração tá no lugar certo
Bom, vocês pediram, ai está! Último do dia
Vejo vocês no próximo capítulo!
~AnaData: 24/02/21
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The Human • ACOTAR
Fanfiction"O som da sua voz sacudiu meu mundo inteiro" Aisha Harris nunca foi uma pessoa que se encaixava entre os outros como ela. Nunca se sentiu verdadeiramente aceita, principalmente pela própria família. Quando foi mandada para o outro lado do continente...