"O som da sua voz sacudiu meu mundo inteiro"
Aisha Harris nunca foi uma pessoa que se encaixava entre os outros como ela. Nunca se sentiu verdadeiramente aceita, principalmente pela própria família.
Quando foi mandada para o outro lado do continente...
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Corte Noturna
Azriel olhou para mim e depois para ela, claramente sem saber o que fazer. Então me aproximei e a coloquei em seus braços. Ela abriu os olhos e o encarou e Azriel a encarou de volta.
-Ela é sua.- eu disse firmemente. -Tanto quanto é minha.
Azriel estava tremendo quando a segurou. Eu não sabia se de raiva de mim ou qualquer outra coisa. Mas então ele me olhou, meio horrorizado e eu recuei.
-Você podia estar morta agora.- ele disse e dei de ombros.
-E dai, Az? Que diferença faria? - eu perguntei e ele não disse nada. Senti meus olhos encherem de lágrimas. -Exatamente. Nenhuma.
Azriel não disse nada e eu me afastei mais, passando a mão pelo rosto com força. Eu estava prestes a sair do quarto quando ele falou novamente.
-Qual o nome dela?- ele perguntou baixinho, ainda olhando para ela. Eu sabia que ele estava chorando, e isso era algo que pensei que jamais iria ver na vida.
-Não sei. Qual o nome dela?- eu perguntei e ele me olhou. Aquele olhar quebrou algo dentro de mim.
-Você não escolheu o nome dela? Por que? - ele disse e eu desviei o olhar.
-Porque queria que você escolhesse.- eu falei e Azriel abriu a boca para dizer algo, mas pareceu reconsiderar. Ele voltou a olhar para nossa filha em seus braços, e ela estava sorrindo para ele. Aquilo também me quebrou.
-Roseane.- ele disse e eu o olhei. -Porque ela é luz.
E fazia muito sentido, no fim das contas. A luz na escuridão, não só na minha, mas como na dele também.
-Roseane Ayla, então.- eu disse e Azriel me olhou.
-Ayla?- ele perguntou e eu assenti. -Você que escolheu?
-Não, foi o Eris.- eu disse e Azriel fez cara feia. -E acho que ele tem esse direito já que somente estamos vivas graças a ele.
Azriel me lançou um último olhar irritado antes de voltar a olhar para Roseane. Ross. Ayla. Nossa filha.
-Está bem.- ele disse e eu suspirei, me voltando pra porta. -Onde você vai?
-Embora.- eu disse abrindo a porta. -Não tem lugar pra mim aqui nesse quarto, assim como não tem mais lugar pra mim no seu coração.
Novamente, ele não disse nada. Sequer protestou quando eu sai e fechei a porta atrás de mim. E quando estava longe o suficiente de ouvidos feéricos, eu chorei.
