01. VIDA NOVA

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Sem dúvida, a História da humanidade é composta de eventos imprevisíveis que podem estar em escala macro e atingir as narrativas individuais de muita gente, como foi o caso da pandemia de covid-19 há alguns anos, ou em escala micro e atingir um pe...

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Sem dúvida, a História da humanidade é composta de eventos imprevisíveis que podem estar em escala macro e atingir as narrativas individuais de muita gente, como foi o caso da pandemia de covid-19 há alguns anos, ou em escala micro e atingir um pequeno grupo de pessoas, como o que aconteceu em Orion, reino localizado no leste asiático, há duas semanas.

Um único evento mudou as vidas dos membros de seis famílias, sendo estas, para maior alarde, famílias de importância pública por formarem o Grande Conselho do reino. Dentro dessas famílias, as narrativas individuais de, mais ou menos, cinquenta pessoas girou em 180°. E, dentre elas, a minha narrativa.

Em um meio tempo de quatorze dias, tive de abdicar de uma boa parte de quem sou para poder salvar a outra metade.

Isso soa dramático?

Vejamos...

Antes do evento, eu era Lucas Evans Durkheim, um dos filhos do duque do condado Minerva, o que significa dizer que era membro da corte de Orion e um lorde pertencente de uma das seis famílias atingidas pela catástrofe citada anteriormente.

Um grande status esse, eu sei.

Um grande status que me permitia muitos privilégios dos quais muito valorizava, mas que, de repente, também passou a me identificar como um alvo. Passou a significar que a minha vida está em perigo, apenas por ser quem eu sou: o filho de um dos membros do Grande Conselho.

Por causa disso, medidas de segurança tiveram de ser adotadas e agora sou apenas Lucas Evans, sem qualquer ligação com os Durkheim, e estou deixando toda a minha agitada vida na capital pela segurança - e a chatice - do interior.

"Ainda não consigo acreditar que vamos ter de viver sozinhos no meio do mato enquanto o David permanece em Dominique e o Tobias pôde ir à Nova Iorque antes de voltar para se alistar", resmungo, chamando a atenção do meu meio-irmão para mim. "Eu devia ter, pelo menos, podido escolher para onde ir".

O meio-irmão em questão, que se chama Henry, está dirigindo o nosso "novo" carro - um popular, que se mistura muito mais facilmente no meio da monotonia do interior do que a minha moto Ducati ou o Camaro que ele ganhou após tirar a carteira de motorista - apenas me olha brevemente com uma expressão que é, ao mesmo tempo, séria e preocupada.

Também pudera. Henry descobriu há menos de um ano que era filho bastardo de nosso pai e então toda sua vida, que consistia na de um rapaz comum de classe média vivendo em Londres, mudou quando ele veio para Orion. Agora, graças a um grupo "revolucionário", a vida dele tinha mudado mais uma vez ao obrigá-lo a se esconder comigo enquanto tudo não volta ao normal.

Ele deve me achar um tremendo egoísta dramático, penso.

Mas o modo como Henry fala não indica isso: "Serão só dois meses, no máximo. A gente pode aguentar um tempo longe de Dominique ou Emmaline até a poeira baixar".

SOBRE UM LORDE E SEU PRIMEIRO AMOR [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora