04. IRMÃS OSBORNE

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Estou deitada no sofá da sala, tentando jogar palavras cruzadas para passar o tempo quando minha visão dos quadradinhos é ofuscada por um panfleto repleto de desenhos bizarros dos personagens do melhor jogo já criado pelos desenvolvedores Orianos,...

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Estou deitada no sofá da sala, tentando jogar palavras cruzadas para passar o tempo quando minha visão dos quadradinhos é ofuscada por um panfleto repleto de desenhos bizarros dos personagens do melhor jogo já criado pelos desenvolvedores Orianos, o Mundo Onírico.

"O que foi?".

Olho para Samantha, que se senta na beirada do sofá e me lança um olhar sugestivo depois de ter largado o panfleto do campeonato de Mundo Onírico em cima de mim.

"Você devia se inscrever, Nina".

É impressionante como quanto mais você quer evitar um assunto, os outros se sentem mais motivados a falar sobre ele. É claro que eu sei que Samantha tem boas intenções ao fazer isso agora, mas saber não me impede de olhá-la com irritação.

"Já disse que não vou", retruco. É algo que venho falando há meses, desde que recomecei a jogar por diversão e ela se encheu de expectativas de que eu quisesse mais.

Samantha bufa.

"Não posso acreditar que quer desistir de ser tricampeã do campeonato de Mundo Onírico!".

"Eu não disse isso. Estou apenas adiando o meu terceiro título", estico o braço para colocar o panfleto na mesinha ao lado do sofá.

"Sério, Nina? Você está fazendo isso há quatro anos! Por quanto tempo mais pretende adiar a sua vida?".

"É só um campeonato. Por que você está sendo tão dramática?".

"Eu não estou me referindo apenas a isso", Samantha deixa claro o que eu já percebi. "Desde que a mamãe morreu, você anda desistindo de tudo aos poucos. Primeiro a fisioterapia, depois os campeonatos, depois a psicoterapia, depois a faculdade e agora até a oportunidade de conviver socialmente com outras pessoas", odeio como ela me faz sentir culpada por tudo isso ao se sentir no direito de me repreender. "O papai pode até acreditar em você quando diz que está só dando uma pausa, mas já se passaram quatro anos e não retomou nada, apenas desistiu de mais coisas. Sinceramente, Nina, você considera viver ficar o tempo todo presa em casa?".

"Nem todo mundo lida com a morte da mãe procurando se ludibriar nas ruas. Por que você está me julgando quando quase nunca está em casa e sempre volta bêbada?" Perco a paciência, o que não é raro. Nós duas somos irmãs geralmente unidas, mas discussões não são raras. "Quer saber, Sam?" Ergo-me para ficar sentada e encará-la de igual para igual. "Você faz parecer como se eu fosse errada por não esquecer a mamãe, mas tudo o que você faz é evitar a nossa casa, fugir do assunto e ter zero senso de responsabilidade! Acha mesmo que eu me isolar é o que machuca o papai? Devo te lembrar onde ele teve que te buscar há dois meses?".

Samantha fica vermelha e me olha com intensidade, mas, se ela pretendia retrucar, não o faz. Nosso pai aparece na sala, como que acionado por um alarme paterno e olha de Sam para mim com curiosidade.

SOBRE UM LORDE E SEU PRIMEIRO AMOR [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora