14. REAL OU NÃO REAL

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Henry não aparece em dois minutos, mas lhe dou o benefício da dúvida até o momento em que sua demora se prolonga o suficiente para eu deixar de lado qualquer ressalva e enfim entrar no quarto de Lucas, onde me sento na ponta da cama

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Henry não aparece em dois minutos, mas lhe dou o benefício da dúvida até o momento em que sua demora se prolonga o suficiente para eu deixar de lado qualquer ressalva e enfim entrar no quarto de Lucas, onde me sento na ponta da cama.

Por falta de opção, deixo claro.

Corroborando com a falta de personalidade do cômodo, nele só estão móveis essenciais: uma cama larga de aparência antiga, que ocupa a maior parte do quarto, uma cômoda ao lado de uma porta que deve dar no banheiro, portas duplas de um possível closet e a mesa de cabeceira em que Matilda pôs a bandeja antes de sair.

No momento, o quarto está um breu. As cortinas filtram a luz solar que passa pelas janelas e as lâmpadas do cômodo e do corredor estão apagadas. O silêncio é quase absoluto, exceto por suspiros ocasionais que o Lucas inconsciente solta e que me faz saber que ele ainda está vivo.

Que situação mais esquisita.

Mas nada que não possa piorar, como é provado quando um barulho ensurdecedor corta o silêncio e algo começa a vibrar no colchão. Lucas se remexe e resmunga, incomodado, mas não encontro o seu celular, que deve ser o causador disso tudo.

Quando o toque acaba, suspiro de alívio, mas é uma reação precipitada. O toque infernal volta.

"Mas que droga", resmungo.

Lucas se ergue e eu quase morro de susto, mas é só o suficiente para ele rolar pra ponta oposta da cama, e eu finalmente acho o maldito celular na parte do colchão que antes ele ocupava.

Desligo o aparelho, mas não antes de notar - mesmo que sem intenção - que a ligação era de uma tal Sofya, que foi quem ligou antes também.

"Quantos interesses amorosos você tem?" Pergunto para a versão masculina e adormecida de Samantha.

Obviamente, ele não responde.

"Por que diabos o seu irmão está demorando tanto para subir a escada?" Também faço esse questionamento em voz alta, mas sem olhá-lo.

Volto minha atenção para a porta, como se Henry fosse se materializar a qualquer momento. Não sei quanto tempo passa. Simplesmente me desligo. Mas é suficiente para Lucas balbuciar algo compreensível pela primeira vez.

"Água", ele diz. "Por favor".

Não sei se ele sabe que sou eu com ele. Na verdade, eu sequer tenho certeza de que seus olhos estão abertos mesmo, de tão cerrados que estão. Mas também não acho que importe. Pego o copo de água da bandeja que Matilda trouxe e tento me inclinar sobre a figura moribunda para lhe dar água, o que vem a ser um desastre, apesar de não ser necessariamente por minha culpa. Lucas não ajuda em nada e a maior parte da água acerta o lençol em que ele está enrolado ao invés da sua boca.

SOBRE UM LORDE E SEU PRIMEIRO AMOR [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora