05. DISTRAÇÃO

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"O que houve com o discurso de que você não podia sair muito de casa, porque tem um rosto inesquecível?" Henry quis saber, depois de me flagrar mais arrumado que o habitual e me fazer admitir que estava prestes a fugir como um adolescente antes de...

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"O que houve com o discurso de que você não podia sair muito de casa, porque tem um rosto inesquecível?" Henry quis saber, depois de me flagrar mais arrumado que o habitual e me fazer admitir que estava prestes a fugir como um adolescente antes de ele me pegar.

Agora estamos os dois na sala. Eu estou sentado em um dos sofás e ele está de pé, andando de um lado para o outro, como se fosse o adulto da casa e eu a criança irresponsável. Juro que é um retrato tão perfeito de uma das várias conversas que já tive com minha mãe que, por um momento, quase a vejo no meu meio-irmão (o que é estranho, porque os dois não tem qualquer parentesco sanguíneo).

"É uma festa com universitários. Ninguém vai estar muito preocupado em ficar vigiando as pessoas para saber se um deles é o lorde mais bonito do reino", faço pouco caso da sua preocupação exagerada.

"Eu sabia que você não levaria a situação a sério por mais de uma semana", é o que Henry rebate. "E só não te dou uma bronca, porque apostei que isso aconteceria e agora o David me deve cem dólares orianos".

"Como é que é?" Não escondo a minha indignação por uma aposta sobre mim estar rolando.

No entanto, Henry apenas dá de ombros.

"Só tome cuidado", diz ele. "Se perceber algo minimamente suspeito...".

"A coisa mais suspeita que aconteceu em Burke Hills nos últimos dias foi a nossa chegada. Posso parecer irresponsável para você, irmãozinho, mas só estou indo à festa porque sei que é seguro. Duvido que a mídia ou os assassinos do lorde Hendrick iriam estar tão desocupados a ponto de pensarem 'que tal dar uma passadinha naquela cidade localizada onde os Ancestrais perderam as botas para ver se não tem nenhum lorde se escondendo por lá?'", retruco, mal-humorado.

"Você tem certeza de que só não está indo por causa da vizinha loira com quem anda flertando e que te feria mandar o código de segurança para o inferno?" Rebate Henry, cético.

Se ele sabe da vizinha, devia agilizar o processo. Estou quase atrasado para o horário que combinamos de nos encontrar em frente às nossas casas.

"Não vou bancar o sonso sobre isso", digo.

Admitir que sairei por causa de uma garota bonita não é nada fora do comum para mim. Depois que Tobias se aquietou ao resolver começar um namoro com a princesa de Orion, sou oficialmente o único Durkheim que sabe se divertir sem desviar o caráter para isso (entendeu, pai?). Só que, aposto, a expressão de superior do Henry se desfaria e o mundo colapsaria se eu admitisse que, muito mais do que querer ter uma noite com a vizinha, meu motivo para sair hoje é não estar disposto a ficar outra vez pensando madrugada adentro. Pode não parecer, porque, afinal, estamos pensando o tempo todo, mas isso é desgastante.

Quando o pensamento em questão se resume a ficar preso na possibilidade do seu melhor amigo morrer ou de você próprio estar correndo risco de vida, é desgastante. Tira seu sono. Te despe dos achismos que sempre acreditou sobre si mesmo e mostra o quão pequeno e insignificante você é. O tipo de insignificância que te domina, te faz acreditar que vai morrer por causa dela e que o mundo vai continuar como sempre foi, porque ele não depende de você para nada.

SOBRE UM LORDE E SEU PRIMEIRO AMOR [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora