31. APRENDER A VOAR SÓ

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Acabo causando exatamente o que queria evitar: o fracasso de mais uma tentativa de jantar especial para a Silvia conhecer nossa família

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Acabo causando exatamente o que queria evitar: o fracasso de mais uma tentativa de jantar especial para a Silvia conhecer nossa família.

Depois de ter sido contrariado por mim, papai saiu muito bravo para o andar de cima e foi seguido por Silvia e Samantha, então, envergonhada pela cena que protagonizamos e com uma súbita vontade de chorar, saí sem falar nada e nem olhar para ninguém.

Agora estou no jardim dos fundos, sentada à mesa sob o guarda-sol onde costumava passar as tardes lendo antes da casa ao lado receber moradores que tomaram boa parte do meu tempo livre.

Não faz parte do meu plano chorar e me sentir culpada por defender minha escolha, mas é o que acontece. Relações familiares são mais complexas do que a encomenda, porque, ao mesmo tempo em que sinto raiva por papai não considerar minha decisão, também consigo compreender os seus temores. Só é frustrante que ele não me dê qualquer chance de tentar. Não é como se estivesse me mudando para Dominique amanhã por causa de um garoto que acabei de conhecer. É um plano a longo prazo. Tudo pode acontecer até o vestibular e os resultados da faculdade no ano que vem, inclusive eu não ingressar na faculdade de primeira. Mas acho que já passou da hora de eu aprender a voar só, e acho que seria bom se ele pudesse enxergar isso.

"Então foi aqui que você se escondeu".

Lucas fala de repente atrás de mim, logo dando a volta para ocupar o outro lugar à mesa. Ele me olha com pesar quando tento enxugar lágrimas inconvenientes do meu rosto. Devo parecer patética.

"Eu não me escondi", retruco, mesmo que nós dois saibamos que não é verdade. Minha voz soa embargada.

Ele tenta sorrir.

"Acho que você precisa disso", sabe-se lá o porquê, Lucas tem um lenço no bolso interno de seu casaco, o qual me entrega. Deve ser coisa de Lorde.

"Obrigada".

Não é muito iluminado no local onde estamos, que conta apenas com algumas luzes esverdeadas nos canteiros perto da cerca viva, então torço para que isso torne menos visível para ele o quanto estou angustiada com essa situação enquanto seco meus olhos com o lenço.

"Eu sinto muito", ele diz, após um instante de silêncio.

"Eu o proíbo de sentir". Tudo o que eu não preciso é que Lucas se ache culpado também, visto a tentativa do meu pai de fazer parecer que minha escolha é por causa dele. "Falei sério sobre a minha vontade de ir para a Aureum College não ser só sobre você, e aposto que o meu pai sabe. Ele só o usou de pretexto para invalidar a minha decisão".

"Ele está preocupado".

"Eu sei, mas estou cansada de ser motivo de sua preocupação", desabafo. "Os medos do meu pai, somados aos meus, estão cada vez mais me limitando. Eu sinto que, se desistir dessa minha escolha, nunca vou ser capaz de decidir nada apenas por mim mesma. Sempre levarei em consideração o que o meu pai ou a Samantha sentirão a respeito, porque não vou me sentir segura para andar só".

SOBRE UM LORDE E SEU PRIMEIRO AMOR [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora