SOBRE UM LORDE E SEU PRIMEIRO AMOR [COMPLETO]

19. MUNDO ONÍRICO

Três semanas se passam desde o meu encontro com Nico e a ligação estranha com Lucas, o que implica em dizer que faz cerca de um mês que a casa ao lado voltou a ter apenas Matilda nela e que todo o meu contato com o vizinho se resume a mensagens diárias e ligações periódicas.

Às vezes tenho muita vontade de perguntar para Lucas se ele não pretende voltar, mas, assim como quase todo assunto verdadeiramente importante a seu respeito, eu evito. Para mim, o fato de o próprio nunca levantar o tópico já é um grande indício de que ele não acha importante conversar comigo a respeito. Ou talvez Lucas não veja necessidade, porque já parece óbvio que ele não quer voltar.

"É isso, não é?" Pergunto em voz alta para Malfoy, que está deitado no assento da janela, enquanto eu estou esparramada na cama, deitada de costas.

A sua resposta ao meu questionamento é um miado que soa repreensivo aos meus ouvidos. Ele já deve estar de saco cheio de tanto me ouvir falar sobre Lucas.

"Como se eu gostasse de não ter outro assunto", resmungo.

No fundo, eu poderia estar tagarelando sobre Nico. Na verdade, tudo indica que eu deveria falar sobre Nico, dado o fato de que nós dois saímos em mais dois encontros depois do primeiro - um para o clube e o outro para um festival de música indie -, e também estamos trocando mensagens regularmente.

A questão é que pensar em Nico anda me fazendo sentir mais mal do que bem, porque não consigo parar de pensar que não estou sendo honesta com ele.

É errado que eu saiba que ele gosta de mim de verdade, queira que eu o corresponda, e, ainda assim, seja incapaz. Gosto da sua companhia, mas não vou conseguir correspondê-lo se não me resolver sobre Lucas primeiro.

O que era só uma atração física pelo vizinho bonito, agora está fugindo do meu controle.

Uma mera troca de mensagens com Lucas me deixa fora de mim.

É bem óbvio que estou gostando dele, mas preciso saber o quanto e se há alguma chance de cura. A questão é que é difícil com ele a centenas de quilômetros de distância e sendo tão evasivo quando conversamos, sempre evitando qualquer sondagem minha.

Não consigo nem me iludir com a possibilidade de ser correspondida, então tentei me iludir com a ideia de que o sentimento esfriaria com a distância. O problema é que acontece exatamente o oposto. Quanto mais tempo longe, mais tenho vontade de revê-lo.

"Que situação essa em que você se meteu, Hermione", ralho comigo mesma.

Só não fico me remoendo no lixo dos meus pensamentos, porque Samantha entra no meu quarto como o furacão que ela sempre é.

"O que você acha de nós duas sairmos juntas hoje?" Ela vai direto ao ponto, o que aprecio.

"Só nós duas mesmo ou será mais um dos seus planos malignos de encontro duplo?" Retruco, dado o seu histórico de surpresas.