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mate-me com prazer
(capítulo dois)

❛❛ VOCÊ NÃO É COMO AQUELES GAROTOS MORTOS ❞

QUANDO PENSAMOS EM UM ASSASSINO em série, pensamos em ódio

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QUANDO PENSAMOS EM UM ASSASSINO em série, pensamos em ódio. Idealizamos em nossas mentes o que os torna tão cruéis e maliciosos, mas será que alguém pensa na diversão que é matar? Eu aposto que você sabe, te vi hoje pelas 6 da tarde, matando algumas formigas na calçada. Parecia entediado demais para caminhar até a sua faculdade, do outro lado da rua, mas o sorriso de satisfação não saia dos seus lábios enquanto o abdômen das formigas explodia embaixo dos seus tênis azuis. Interessante, realmente. Tão interessante quanto o fato de você colocar suas mãozinhas para trabalhar em si mesmo quando entra no clima, e eu descobri que isso acontece com frequência, já que por coincidência somos vizinhos de prédio e você sempre deixa a cortina levemente aberta desde que se mudou há uma semana.

Eis o problema, você é obsessivo como eu. A diferença, é que eu tenho obsessão por facas e você por masturbação excessiva. O que nos leva ao problema da sociedade, até porque se uma pessoa soubesse sobre nós — você, sozinho, chegando ao orgasmo três vezes por noite, e eu, no prédio ao lado, vendo você chegar ao orgasmo —, a maioria das pessoas diria que sou perturbado. Bem, não é segredo que a maioria das pessoas são malditos idiotas. A maioria das pessoas é como camisinha barata, e a maioria das pessoas nunca experimentou transar sem proteção alguma, para saber o quanto o perigoso é gostoso. Então, sinceramente, foda-se a maioria das pessoas, certo?

Além disso, gosto do fato de você cuidar de si mesmo em vez de encher a casa e a bunda saliente que tem, com uma série de homens inadequados. Você é a resposta a todos os artigos banais e reducionistas sobre a “cultura do sexo”. Você tem parâmetros ninfomaníacos e você é compulsivo, um jovem que provavelmente quer ser uma vítima, esperando ser pego pelo cara mau, e aposto que você coloca em maiúsculas o "Cara Mau", quando sonha com ele. Todos querem tudo exatamente agora, mas você é capaz de esperar com… essas mãos tão pequenas.

Ninguém no mundo tem mãos tão fodidamente pequenas.

— Ei — corta meus pensamentos, o sr. Kim da lavanderia no fim da rua. Ele ainda está aqui na doceria? Ele ainda está aqui? E eu nem percebi sua chegada e sua presença tão insignificante? — Consigo um recibo?

— Sinto muito.

Ele o arranca da minha mão. Ele não me odeia. Odeia a si mesmo. E se as pessoas conseguissem lidar com o ódio a si mesmas, o atendimento ao cliente seria mais suportável. Mas, infelizmente as coisas não são assim.

— Quer saber, cara? Quem pensa que é? Você só é o dono de uma doceria. Então tire essa expressão de superioridade do rosto e me deseje um bom dia.

Hoje aquele homem poderia me dizer qualquer coisa no mundo e ainda seria aquele que compra um bolo cheio de corações e enfeites cor de rosa. Você aparece, agora, às 10 horas da noite, com seus amigos que estão parados lá fora, após ver o babaca da lavanderia com seu sorriso nojento de escárnio. Eu olho para você. Você olha para ele, que ainda está me encarando, esperando.

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