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mate-me com prazer
(capítulo seis)

❛❛ VOCÊ É UMA GRANDE FARSA, JIMIN ❞

QUANDO ALGUÉM pensa em um assassino, logo o compara a um psicopata

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QUANDO ALGUÉM pensa em um assassino, logo o compara a um psicopata. Mas nem todo assassino é psicopata e nem todo psicopata é um assassino, do mesmo jeito que você é Jimin e Jimin não é você. Jimin é uma camuflagem, uma pele falsa, uma casca, um casulo. E você é um lixo, Jimin. Um mentiroso, quase tão grande quanto toda a seção de filmes de terror que tenho nas dezoito prateleiras do meu quarto, e não é uma coleção das desajeitadas armadilhas de assassinato sobrenatural que você encontraria em uma loja de halloween. É mais uma lista de maneiras de matar que uma coleção de filmes, e você ficaria surpreso se visse "A ligação" com as puras estratégias de cometer um assassinato em meio as desventuras do paradoxo temporal. E você é um paradoxo, tão contraditório que é quase perturbador. A questão é: você devora seus sentimentos da mesma forma que eu devoro minha seção de filmes todo dia às quatro da madrugada? Mas, você não pode simplesmente esbarrar em seus sentimentos, em si mesmo e bancar o psicótico controlador, se escondendo dentro do seu casulo como uma maldita borboleta monarca. Não é? Você tem que sair desse quarto mental a prova de som que se escondeu, com piso claro, paredes brancas, sem janelas, inquebrável, mas que permite a respiração a cada dois segundos. E por mais que seja fantástico, Jimin, ter um lugar para esconder seus desejos mais pecaminosos, a claustrofobia pode te consumir e você não teria como abrir a porta estando tão desesperado. E porra, eu adoraria sua revelação, adoraria que você saísse desse quarto à prova de som, porque isso está me deixando sobrecarregado e me faz acordar excitado todos os dias depois que você se mudou para o maldito apartamento ao lado do meu.

E agora você brota na minha cabeça, estou pensando em você de novo em plena seis da tarde, e você é mais questionável do que o meu quarto a prova de som. Você o veria como um quarto de lembranças, mas eu não guardo lembrancinhas das minhas vítimas e tudo o que tem dentro dele são exatamente trinta e cinco pinturas feitas à mão, feitas pelas minhas próprias mãos. Você ficará assombrado comigo, o cara que faz pinturas realistas de suas vítimas e as guarda em um quarto branco, vazio, sem janela e com senha na porta. Mas se há uma pessoa que poderia invadir esse quarto e viver em cárcere privado em meio as pinturas, seria o misteriosamente inédito você, e suas mãos fodidamente pequenas que trabalham toda noite no seu próprio corpo cheio de curvas e definições musculares. Você teria que tirar a roupa para poder entrar nos meus segredos materializados em um quarto e você ficaria preso, para sempre. Se masturbando obsessivamente e gozando compulsivamente até perder o fôlego e toda sua sanidade. E cacete, você é bom demais em manter o fôlego. 

Mas sou eu quem precisa recuperar o fôlego, depois de baixar minha própria cueca da Calvin Klein e gozar tanto que até fiquei surdo por um instante. Porra. Você está me matando de tanto gozar. E hoje eu tenho que me levantar para trabalhar, por mais que eu esteja tonto demais para sequer te matar em pensamento. É quase hora de abrir meu estabelecimento, sou o único com a chave e o outro único funcionário daquele quadrado cheio de açúcar está chegando das férias remuneradas as sete em ponto. Ele é um saco, Jimin. Ele é prepotente, narcisista, boca suja, irritante, um filha da puta que me faz pagar um terço mais alto de salário desde o dia 21 de dezembro de 2017, três dias depois de me pegar sujo de sangue na cozinha da doceria. Ele sabe sobre mim, meu segredo, meus desejos, minha mentira, minha camuflagem. Ele a desfez com as próprias mãos e eu não pude matá-lo, porque simplesmente não pude matá-lo. É falta de sorte, azar, maldição. Não é necessário a porra da presença dele para me lembrar que não é difícil desaparecer lentamente. Mas não posso ir embora, não agora, nem nunca. Porque cresci sabendo que era possível abandonar as pessoas, mas a ideia de abandonar meus questionamentos sobre você é como manter baratas numa maldita caixa de sapatos. Você sabe que se abrir elas vão pular sobre você, mas se ficarem lá dentro por tempo demais, elas acabam procriando e morrendo.

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