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mate-me com prazer
(capítulo três)

❛❛ E NOVAMENTE VOCÊ ESTÁ NU NO PRÉDIO AO LADO ❞

O QUE ACONTECE quando as pessoas são confrontadas com um assassino em série? Quando as idéias de sexo frágil se quebram e elas fitam os desconcertantes olhos de um homem jovem com sangue seco sob as unhas? Primeiro, provavelmente, essas pessoas da...

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O QUE ACONTECE quando as pessoas são confrontadas com um assassino em série? Quando as idéias de sexo frágil se quebram e elas fitam os desconcertantes olhos de um homem jovem com sangue seco sob as unhas? Primeiro, provavelmente, essas pessoas dariam uma checada pra ver se o cara é gostoso. Dizem, que isso ajuda a suavizar alguns crimes. Sabem como é, uma colher de açúcar num copo amargo de café. Por sorte e por intermédio de uma das cenas mais quentes que já vi na vida, eu descobri que você não é alguns grãos açucarados numa colher e sim, uma xícara cheinha de puro açúcar. E eu, por outro lado, sou o assassino sendo checado para ver se valho o pau que tenho no meio das pernas. Nessa situação em que nos encontramos, não podemos fazer um avanço descontraído. Não podemos mover as peças como em um tabuleiro de xadrez, mas parece que você pode mover suas mãos fodidamente pequenas muito bem.

Para cima e para baixo, você movimenta suas mãos de uma forma verdadeiramente exibicionista. A varanda do seu quarto está com as portas de vidro escancaradas, quase totalmente cobertas pelo tecido fino da cortina branca. E você, tem sorte de seu prédio ser alto o suficiente, para que o seu apartamento não seja visto da rua movimentada. Isso deve explicar a ilusória sensação de privacidade que você tem. Mas isso não se aplica a mim, não é? Já que consigo ver tudo mesmo sem qualquer esforço. Eu apenas sento na minha cama à noite, e você circula nu dentro do quarto diante das portas abertas. Nu. Sem nenhuma vergonha. Faço isso sempre que a madrugada precede o céu, porque meu expediente sempre termina à meia noite, e novamente você está nu no prédio ao lado, e você não me percebe. Ou apenas me ignora? Será que você pensa que estou cego, cacete? Ou que sou incapaz de ficar excitado olhando para um corpo como o seu? O corpo de um homem, outro homem assim como eu.

Você passa e fico ansioso, hoje você está desfilando demais comparado com as outras vezes que o vi assim. É traiçoeiro. Será que eu apenas preciso me passar por um esquisitão para ver você do lado de dentro do apartamento, e decidir pegá-lo? Será que é isso o que quer? Alguns dias atrás eu teria vestido um disfarce de carpinteiro e fantasiado sobre colocar grades em sua varanda, proteger essa vitrine que você chama de lar. Mas agora, eu nem te considero tão inocente, e você não é, mas há mortalidade no silêncio do meu apartamento. E eu provavelmente poderia te estrangular para que ficasse em silêncio também, sem gemidos audivelmente deliciosos.

Você sempre foi assim? Eu ainda me pergunto. Fico pensando se foi assim antes de morar no prédio ao lado do meu, desfilando como se quisesse que eu soubesse da sua nudez, nu, seminu, viciado em deixar as portas escancaradas e se masturbando a pleno ar de seu pulmão. Espero que não, espero que haja uma lógica nisso, e que eu descubra quando chegar o momento. E você com seu corpo cheio de encantos masculinos, como se precisasse lembrar à única pessoa na sua plateia imaginária, que é um homem gostoso quando nós dois sabemos o que realmente é: um ninfomaníaco, um exibicionista. E com sua política de portas abertas eu sou autorizado a entrar em seu mundo. É como se você nunca tivesse visto o noticiário noturno ou um filme de terror, é como se você nunca tivesse ouvido a palavra "perigo" e você deveria saber que o perigo mora bem ao seu lado. Deveria ficar vigilante, assim como eu.

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