Capítulo 22: O desabrochar do girassol

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Segura minha mão e diz

Diz que vai ficar tudo bem

Que o fim é um novo começo

Que a dor pode ser curada

Diz que o tempo não é importante

Diga que ainda temos tempo

Segura minha mão e fica

Só mais um dia

Só mais uma semana

Só até sentir que precisa


Mas eu ainda sentia meu braço doer, então acabei segurando ele contra o peito boa parte do caminho e Petrus percebeu que havia algo errado.

- O que aconteceu com seu braço Lena?

- Ah não é nada

- Tem certeza, me deixa ver.

- Tá muito escuro pra ver alguma coisa... – sussurrei enquanto continuava andando

Ele ligou a lanterna do celular e me pediu pra esperar um pouco. Mesmo com a iluminação não tão boa dava pra perceber que tinha ficado meio inchado e roxo entre o pulso e o cotovelo.

- O que aconteceu? Olha como está feio. Você já passou algum remédio?

- Não... – murmurei evitando os seus olhos – Eu não tive tempo, é que eu caí enquanto te seguia.

Num primeiro momento ele me olhou sem dizer nada. Então, analisou meu braço de novo.

- Vamos chegar logo, N deve ter algo pra te ajudar. Sinto muito pelo seu braço.

- Tá tudo bem – falei o seguindo – Não deve ser nada demais

Ele não se virou só continuou andando, e na meia luz dos relâmpagos pude observar seus punhos cerrados. Sabia que ele devia estar preocupado, e que estava fazendo seu melhor para chegar até a casa de N, mas também comecei a ficar com receio de que nós tivéssemos nos perdido.

Senti o primeiro pingo de chuva molhar a minha pele. E então percebi que as coisas iam ficar ruins se não chegássemos logo ao nosso destino.

***

Setor de autópsia, região metropolitana.

- Então quem reconheceu a vítima foi à mãe da menina?

- Sim senhor. Algo muito cruel de se ver.

Os pensamentos de Thomas eram como um redemoinho furioso. Ele ainda queria investir no caso até o fim. Encontrar a brecha, encontrar a falha, provar a si mesmo que estava certo...

O quanto podia confiar em suas intuições?

Ele se sentia confuso quanto a isso.

Então, o corpo era real. Isso o fez sossegar um pouco. Repensar sobre tudo o que havia visto até então.

Havia apenas mais um lugar para o qual ele precisava ir: a clínica.

Já tinha ido a cada pedaço daquele lugar por dentro. Então, foi investigar o jardim. Toda a área externa que já começava a encher de mato devido ao abandono.

E então, ao pé da janela do quarto da menina, resquícios de vidro lhe chamaram a atenção. Uma fita azul encardida, mas nenhuma coisa escrita. O papel que estava amarrado à fita já havia entrado em decomposição e se esvaído.

Depois do Sol se PôrOnde histórias criam vida. Descubra agora