Prólogo 01: O Sol se põe

277 55 180
                                    



Há algo errado. Sinto minha cabeça febril, tenho febre. Não quero tomar um remédio, não quero que a dor se vá. Ouvi falar que há muito tempo atrás um pintor europeu morreu de febre. Estupefata eu entendo que não vou morrer assim, não estou tentando me matar. Só não sei viver do jeito certo.

Algumas pessoas conseguem não se preocupar sabe, com as coisas, com a opinião alheia, com o amanhã. De algum jeito eu costumava ser assim.

Então sem mais nem menos, eu fui perdendo a minha voz. Prisioneira de mim mesma eu tenho me tornado desde então. Só quero recuperar minha voz, mas sinceramente talvez já não seja possível.

Não eu minto. Não foi sem mais nem menos, eu sei exatamente quando aconteceu, estou assim desde que o sol se pôs. Sabe eu evito escrever sobre isso, evito pensar sobre isso, mas é a verdade, eu não consigo falar desde que o sol se foi.

Minha garganta não emite nenhum som, mas graças a Deus eu não perdi a razão, eu não estou louca – ainda, só estou muda.

Já ouviu falar que grandes traumas podem deixar sequelas nas pessoas? Do tipo psicológico quero dizer.

Há momentos em que uma dor de cabeça pode se tornar insignificante. Eu perdi algo que não posso substituir e agora não sei como me curar.


Depois do Sol se PôrOnde histórias criam vida. Descubra agora