Capítulo 07: Ilusões

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Eu repetia para mim mesma: sim eu tenho medo

As pessoas mentem

Você nunca sabe se pode confiar nelas

Elas atuam muito bem

Está me julgando agora?

É o que eles fazem vá em frente siga-os

Se torne um deles

Será bem mais fácil viver feito um robô

Cobrindo seus sentimentos através de uma máscara

Que propriedade tem pra me chamar de covarde?

Não sabe nada sobre o que eu passei

Não sabe nada sobre minha vida

Suas palavras de nada valem pra mim

Mas vá em frente julgue se não pode evitar

Se te fará melhor ofenda, machuque,

Eu não preciso mais me importar

Você ficou no passado

Talvez tenha levado coisas que eu amava

Talvez tenha matado um pouco de mim

Mas eu daria tudo para poder dizer

Que a dor que me causou no fim me fez crescer.

Meus olhos acabam de ser cobertos por uma venda. A enfermeira fez questão de vendar-me para que eu não saiba o caminho.

Minhas mãos são postas atrás das minhas costas e amarradas fortemente com uma corda, para que eventualmente eu não tente nada contra aquela mulher que me conduz e para que eu não tente fugir.

Sou guiada pelo corredor e bato em alguns objetos no caminho, pois ela não me guia direito de propósito, já que caso eu desviasse de algo ela saberia que eu estava vendo. O que ela via como uma trapaça da minha parte e que merecia punição.

No entanto, eu não estava em condições de trapacear. O pano estava amarrado tão apertado que eu sentia ardência em minhas orelhas.

Depois do que me pareceu uma eternidade. De corredores extensos a lances sem fim de escadas – nas quais eu juro que tive medo de ser empurrada – chegamos ao lado de fora.

Ela soltou finalmente meus pulsos já doloridos e marcados e tirou minha venda.

- Daqui à uma hora venho te buscar, então se comporte.

Não respondi. Apenas a observei se afastar e passar seu crachá pela porta de acesso ao edifício.

Era como se eu pudesse sentir o mundo girando a minha volta.

Eu girei meu corpo de olhos fechados e braços abertos. Respirei fundo e o ar puro invadiu meus pulmões.

O sol brilhava no céu e sua luz me aquecia. Mesmo de olhos fechados a luz feria os meus olhos.

Olhei direto para o sol e lágrimas imediatas se formaram. Abaixei o olhar e me permiti olhar em volta.

Comparado a tudo que eu passei este lugar é o paraíso.

Uma longa extensão de terra com seus arboredos e jardins se estende por todos os lados.

Passo por um caminho de pinheiros e cedros que conduz a uma pequena fonte que fica no centro do lugar. É lindo.

Há alguns bancos – brancos por ironia, e pela primeira vez desde que cheguei eu posso ver e ter contato com os outros pacientes se quiser.

Eu me sinto um pouco melancólica e me lembro de Anastásia... Queria ter vindo com ela. Acho que me sentiria menos sozinha.

Depois do Sol se PôrOnde histórias criam vida. Descubra agora