Prólogo 03: Prisma

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Eu sou como um prisma, eu brilho conforme você me vira sob a luz solar. Mas, como você pode concluir eu não tenho brilho próprio, então não brilho na sombra.

Por ser um prisma eu tenho muitos lados diferentes, e eu te mostrei o quão bonito era cada um deles conforme o tempo passava e você me lançava em diferentes direções.

Eu sempre sou um mistério a princípio, depois vou revelando minhas faces em um arco- íris de cores. Então quando me tens por completo, girando e girando, sou um só ser, possuo muitas faces, mas no fim sou apenas o branco – a cor que origina todas as outras. E passo a ser menos interessante... Passo a ser só um objeto decifrável, que você apenas esquece num canto qualquer.

Estático, passo a dar reflexos nos piores momentos e isso te deixa com raiva o que te faz me jogar para lá e para cá na mesa, para que a luz do sol não mais me aqueça, para que eu não brilhe mais!

Eu queria ser um prisma, queria ser um objeto porque assim doeria menos. Porque assim você poderia me descartar sem dar explicações. Sem problemas eu não teria sentimentos.

Meu bem você se esquece de que eu sou um prisma humano.

Não faça assim, por que você me esquece e some? Por que eu sinto tanto a sua falta?

Acho que no fundo você era a luz do sol para qual eu podia refletir todas as minhas cores. Obrigado por me aquecer por um tempo... Eu podia ser apenas eu mesma com você.

E agora eu sei que novamente alguém bagunçou minhas cores perfeitamente alinhadas. Ouvi dizer que lágrimas não são argumentos, que decepções abrem os olhos e fecham o coração e que pegadas impressas na alma não são apagadas.

Você me deixou assim: um prisma com defeitos, se rachando inteiro, aos pedaços. Não há reconstituição para mim.

Dizem que lágrimas lhe escorrem do rosto quando você perde algo que não pode substituir. Obrigado por me deixar aqui sentindo loucamente a sua falta! Falta de me sentir completa de novo.

E no fundo era verdade: "não deixe que sua felicidade dependa dos outros, eles não deixariam de ser felizes por você".

É eu descobri tarde demais.

Sou os cacos do prisma na luz, uma poeira brilhante, sabe não posso te apagar de mim, mas você também não pode me apagar de ti, isso meio que me consola e é o que tem me dado forças...

Nunca inteiro, mas vou sobrevivendo.

Que irônico se eu fosse um objeto você não poderia me matar, eu não teria vida, já estaria morto. Mas acontece que você se esquece de que eu sou um prisma, UM PRISMA HUMANO.


                                                                                 ***

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Depois do Sol se PôrOnde histórias criam vida. Descubra agora