Uma música sutil e lenta
Quem te colocou para dormir Helena?
Não acha esta uma noite estranha?
Uma canção de ninar fatal...
Não acha esse um silêncio sepulcral?
O barulho, o silêncio,
O abismo.
A mão que é estendida
A vela que acende e apaga
Injúria! Ria Helena
Os olhos com cílios longos
Fechados? Abertos?
Não tem graça
Mas ela ria como uma hiena
Completamente fora de si
Ir? Ficar?
E ela chorava em desespero
A liberdade é condicionada.
(Petrus)
E então faltava uma única coisa.
Balanço agitadamente os pés, com as mãos enfiadas nos bolsos da calça jeans, em frente à porta da casa, sob um tapete gasto que levava o dizer clássico: seja bem vindo.
Inclino meu corpo, a mão direita vai em direção à madeira coberta por duas camadas de tinta branca descascada.
Não é a primeira vez que paro o movimento no meio do caminho, respiro fundo e torno a enfiar as mãos nos bolsos.
Eu não sei como serei recepcionado. E é uma loucura completamente total eu estar parado agora na frente da porta da casa dos pais de Helena.
Coragem Petrus...
Alcanço o bilhete no fundo do bolso. Mais uma respiração profunda.
E ah meu Deus, alguém abriu a porta!
- Está querendo dizer alguma coisa?
É o pai dela.
- Desculpe, meu nome...
- Sim, eu sei quem é você – ele diz ríspido.
A mãe aparece na porta e lhe dá um leve cutucão com o cotovelo. Ela está segurando um pano de louça nas mãos.
- Entre querido, nós já nos conhecemos não é? Você é o estagiário da clínica em que Helena estava, certo?
- Sim... – me limito a dizer.
O homem arqueia uma sobrancelha para a mulher, mas resolve me deixar passar.
- A senhora precisa de ajuda com a louça? – decido perguntar.
Ela abre um sorriso mínimo e meio cansado.
- Eu já estava terminando, mas se achar mais confortável – e posso jurar que ela piscou para mim – pode me acompanhar até a cozinha.
Entendi o recado e a segui pelo corredor.
Ela se virou e tornou a secar os pratos em cima da pia.
- Ele só está conturbado com tudo o que aconteceu... – a mulher de meia idade disse ainda de costas para mim.
E eu pude notar pelo seu tom de voz que seus olhos deviam ter marejado.
Eu entendia. Eu podia sentir a energia pesar ao meu redor. A tristeza cravejada em cada parede daquela casa. Fechei os punhos inconscientemente ao meu redor.
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Depois do Sol se Pôr
Misterio / SuspensoA.004 sofre de um tipo estranho de amnésia causado por um bloqueio cerebral. Por causa de uma decepção aparentemente impensável, mas tão dolorosa, ela perdeu as lembranças da pessoa que mais amava nessa vida. Essa pessoa era seu tudo e, no dia que e...