Terceiro ataque

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Ravena

Eu conseguia ouvir a voz de Ian e tentava de tudo para respondê-lo, usei de todas minhas forças para mexer nem que fosse os dedos, mas eu não possuía forças necessárias. Ele pedia que eu voltasse e eu queria tanto estar com ele, senti meu corpo estremecer, os estímulos foram voltando juntamente com minha vontade.

  - Ravena, merda... Acorda! Preciso de você, se quer saber!  - ouvi ele dizer.

  Fui querendo e tentando levantar, senti o impulso e poderia muito bem levantar uns cem cavalos com a força que eu fazia.

PUF!

Foram só os olhos que consegui abrir, grande merda! Tá... era o começo. Ian sorriu e selou seus lábios nos meus, retribuí como podia e tentei sentar-me.

  - Vamos! - ele disse andando.

  - Eu tô... - minha voz estava lenta - ligada aos aparelhos!

  Ele voltou e saiu arrancando tudo, até o soro ele arrancou de mim, gritei de dor, ele estava maluco?

  - O que você está fazendo?

  Ouvi um estrondo.

  - O acampamento está sendo atacado - ele quase gritou.

  - Jesus... novamente? Mas não tem nem...

  - Faz dois dias.

  - Espera...

  - Sim, tem dois dias que está dormindo, eu pensei que você iria... morrer!

  - Estou viva, não é? Agora vamos sair daqui.

  Rotacionei o corpo e pus os pés no chão, minha visão ficou turva, respirei fundo e fechei os olhos com força, quando abri Ian já estava ao meu lado e me ajudou a andar, eu usava apenas uma camisola, que vergonha!

  Chegamos ao meu quarto e eu coloquei uma calça jeans com blusa, prendi o cabelo em um coque, cada vez que pisava o corte latejava, da janela pude ver a floresta em fogo, muita gritaria também.

  - Precisamos fazer alguma coisa!

  - Está maluca? - Ian perguntou me pegando no colo e colocando na cama.

  Trancou a janela e voltou para o meu lado.

  - Iremos ficar aqui sem fazer nada? Tem muitas pessoas lutando lá fora.

  - Você já se sacrificou, Ravena! Agora aquiete-se! É bem capaz de estarem procurando você.

  - Meus pais, eu tenho que vê-los!

  - Quando isso acabar você vai!

  - Você não entende? São meus pais!

  - Você não entende? - ele me olhou sério - É sua saúde, sua vida em risco, eu quase perdi você, não quero correr o risco de novo.

  Tentei segurar o choro que se acumulava em minha garganta e sorri.

  - Eu preciso ir, Ian!

  - Eu trago eles aqui se você quiser!

  - Não, eu realmente preciso ir!

  Ian ficou de pé rodando pelo quarto e socou a parede.

  - Eu vou com você!

                              •|•|•|•|•|•

Nos corredores que davam acesso aos quartos estava tudo muito quieto, vi apenas uma mãe segurando seu bebê no colo entrando em um quarto, não achei nem minha mãe nem meu pai pelos corredores, muito menos Judith, não havia ninguém na sala do Chefe Maior e muito menos no altar, mas a confusão continuava lá fora e cada vez mais meu medo crescia.

  Eu e o Ian finalmente fomos ao lado de fora, era o caos! A cena era composta por fogo e destroços, o campo de treinamento junto com as salas já estavam acabados, Joseph lutava com demônios menores e alguns guardas com o demônio maior, as pessoas corriam para o lado da ala de reunião, certamente todos estariam reunidos lá, o demônio maior atacou três guardas de vez e mais integrantes munidos de força foram ao ataque.

  Comecei a correr para a ala de reunião, meus pais deveriam estar por lá ajudando as pessoas a se acalmarem, Ian não veio junto.

  - Ei! - gritei, parando - Vem!

  - Vou ficar, vou acabar com eles! - sorriu piscando para mim.

  - Não... Pode vir.

  - Relaxa loirinha!

  Ian saltou e sumiu aos meus olhos, tentei relaxar mais, mas agora era a vida dele em jogo também.

Continuei correndo até a ala de reuniões e minha perna começou a arder, parecia que o corte estava abrindo, parei e fui mancando até finalmente ver meus pais. Comecei a chorar de alívio.

  - Mãe!

  Ela sorriu e veio correndo até a mim, a abracei fortemente enquanto me acalmava e comecei a chorar, eu só precisava agora do abraço de meu pai.

  - Ficamos preocupados quando não lhe achamos!

  - Eu estava bem.

  - Soubemos! O Sílvio viu o Ian levando você.

  Assenti.

  - E cadê o Ian?

  - Foi lutar contra os demônios.

  - Isso é um bom sinal.

  - Mau também! - suspirei e fomos andando até as pessoas agrupadas - Ele pode voltar sem vida.

  - Ele sabe lidar com essas lutas, filha! Saiba - minha mãe sussurrou - seu pai se preocupou com você.

  Ao ouvir, uma parte minha sorriu em agradecimento, quando sentei ao lado de minha mãe, o encarei. Estava sendo grata mentalmente.

   Dois estrondos seguidos cortaram o acampamento, o fogo cessou e deu acesso a uma chuva forte, alguns demônios ainda estavam por aqui, eu torcia para que o meu voltasse com vida.

Adestrando um demônioOnde histórias criam vida. Descubra agora