Duas batidas na porta e o demônio pulou para o chão, Raven consertou o próprio blusão e levantou-se, os dois entreolharam-se em silêncio e esperaram.
Mais duas batidas de leve e uma voz masculina sussurrava: - Ravena! Você está aí?
Ravena fechou os olhos e colocou a mão na testa. E agora? Abriu os olhos e virou-se para o demônio, mas ele não estava mais lá, a brisa fresca entrou mais forte pela janela, Ian havia pulado.
- Calma! - Raven gritou dentro do quarto para Joseph do lado de fora.
Arrumou a cama rapidamente e olhou-se no espelho. Que merda!, pensou. Seu cabelo estava bem bagunçado e ressecado, apenas passou os dedos rapidamente o prendendo em um coque, seus lábios estavam inchados, não havia jeito; Seu pescoço possuía uma linha fina e outros pontos avermelhados onde o demônio havia posto a boca.
Ela abriu a porta e tentou sorrir gentilmente, Joseph sorriu de volta e entrou no quarto dando uma olhada, achou meio estranho como o ambiente estava um pouco quente, um demônio em um quarto é problema.
- E então? Como está? - Joseph perguntou mostrando a flor para Raven.
- Que linda! - ela colocou uma mão no pescoço enquanto a outra segurava a flor - Estou muito bem e você?
- Agora estou bem melhor.
Joseph foi aproximando-se da loira e a puxou pela cintura, desceu sua mão para o bumbum dela e mordeu seu queixo, Raven queria apenas que ele fosse embora.
- Que houve com seu pescoço? E ... sua boca... nossa! - Joseph estava com olhos interrogativos e Ravena não sabia como sair desse aperto.
- Meu pescoço? Nada demais. Só dói um pouquinho, por isso fico com a mão aqui e minha boca? Eu acabei caindo e PUF, regacei.
Joseph riu alto.
- Cuidado, mocinha! Vou dar um beijinho para passar!
Ravena revirou os olhos com a baboseira dele e somente empurrou seu corpo contra o dele e o beijou,ela sentiu tudo muito diferente, ela havia simplesmente perdido a vontade, a excitação que havia sentido com o Ian, era só com o Ian, ela sentiu-se ferrada por saber desse sentimento despertado nela.
Desvencilhou-se do Joseph e foi deitar, o subchefe ficou a olhando sem entender nada e sentou-se na poltrona que ficava em frente a mesa que a pouco havia um demônio sentado.
- Vai ficar deitada?
- É melhor ! - sorriu amarelo e puxou o cobertor até seu pescoço para esconder a marca.
- Posso deitar com você?
- Não seria legal.
- Ah é...
- Nós nem bem ficamos e é muito errado eu levar um menino para cama.
- Com certeza...
- E eu só devo fazer isso depois de um tempinho, por isso...
- Tudo bem Ravena! Já entendi!
Não, ele não entendia, ela estava repreendendo-se pelo que havia feito, deixado um cara em sua cama, tê-lo beijado e arranhado, tê-lo deixado experimentar de seu sangue e ter sentido prazer nisso. Estava tudo errado.
- Ouviu Ravena? - perguntou Joseph.
- O quê?
- Eu estava falando.
- Olha, a gente se ver depois.
Ravena levantou-se com tudo e abriu a porta.
- É melhor você ir embora, eu não estou bem.
- Uau! Tudo bem então!
Ravena bateu a porta e trancou a janela, uma risada sarcástica foi emitida em sua mente, era ele.
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O dia amanheceu e junto com ele mais um turbilhão de atividades sendo feitas pelos membros do acampamento, uma batalha se aproximava e a notícia ainda seria emitida em público para confirmação de possível confronto, mas praticamente todos já estavam atentos.
Ian estava na floresta e terminava de comer um esquilo, um estalido foi ouvido e ele escondeu-se atrás de um arbusto, esperou até não ouvir mais nada e colocou de novo o corpo em vista, um tiro ecoou na floresta e seu corpo foi arremessado com o impacto da bala, ele bateu contra um tronco e caiu sem forças.
Ele sabia que precisava sair dali, mas não sabia como, pensou na Raven e mentalizou a própria, só assim conseguiria conversar mentalmente e pedir socorro, mas nada aconteceu, a menina ainda dormia.
Um homem alto e branco de olhos azuis veio andando lentamente, um sorriso formou em seus lábios quando viu o demônio caído e sangrando. O subchefe gritou "Guardas!" e eles já estavam por perto prontos para levar Ian. O demônio debateu-se e xingou até o amarrarem com cordas bentas e mandá-lo andar.
Alguns jovens treinadores observavam enquanto o demônio era levado, Joseph sentia-se triunfante, como não havia mais o galpão, Ian foi levado para uma cela subterrânea que ficava abaixo dos quartos e era preciso rodear o acampamento até chegar lá por escadas que davam para baixo.
Chutado, cuspido e preso, Ian somente encostou a cabeça na pedra fria e nojenta. Mentalmente ficou chamando pelo nome de Raven, mas não havia como ela ouvir, não estavam um na visão do outro para tal coisa.
Raven de seu quarto acordava com um misto de felicidade dentro de si, estava assim por causa do demônio e não negava que queria de novo. Tomou um banho e colocou sua roupa para aula. No refeitório encontrou-se com Joseph e decidiu se desculpar.
- Tudo bem! Não se preocupe! - ele sorria.
- Está feliz pelo visto!
- Muito! Até mais tarde!
Ele saiu sem mais nem menos e ela estranhou, qual seria o motivo da felicidade? Joseph, não quis contar pois sabia que o demônio era missão de Raven e não seria legal ela saber que Ian estava preso. O Chefe Maior já estava sabendo e veria em breve o demônio.
A noite chegou e junto com ela uma aflição dentro de Raven, onde estava seu demônio? Ele não poderia perguntar ao seu pai e nem a ninguém, pois só ela sabia que o demônio estava bem e escondido.
Sirenes soaram, hora de reunirem-se no salão principal, muitas pessoas já estavam acomodadas sentadas, ela ficou no canto observando enquanto seu pai se colocava na frente de todos ao lado de Joseph e fazia um pronunciamento.
- Boa noite guerreiros e guerreiras abençoados! Estamos em uma fase muito decisiva para o futuro de nossa humanidade, uma batalha aproxima-se e deveremos ser corajosos - ele deu uma pausa e apontou seu dedo para o chão, onde encontrava-se uma passagem - Recebam agora o demônio que deverá nos contar detalhadamente que mal virá nos assolar!
A passagem foi aberta e aos poucos uma jaula foi subindo e dentro dela estava Ian, a galera foi a loucura enquanto o coração de Raven queria saltar pela boca.
