Treino

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Ravena

Então era isso? Agora eu era uma marionete que depois de muito o destino brincar seria solta sozinha para terminar sua vidinha do jeito que conduzir. E esse papo de predestinados? Era muita informação. Eu fiquei andando de um lado para o outro no meu quarto, buscando alguma coisa que caísse do céu, okay... coisas não caem do céu. Mas ultimamente eu não desacreditava em mais nada.

  Eu pertencia a ele.

  Ele pertencia a mim.

  Assim nós seguiríamos até quando?

  Senhor Destino, quando irá parar de usar as pessoas como marionetes? Já não basta a diversão de vê-las se estragando ou mudando o mundo? 

   Eu estava absorvendo tudo aquilo, sei que estava, eu precisava me tornar mais forte, eu não tinha só uma missão, eu tinha dois corações para cuidar. E onde mesmo Ian estava?

   Tomei meu banho e depois que comi joguei-me na cama olhando o teto, ouvi batidas na janela e um friozinho percorreu meu corpo, ele já mexia comigo.

  Abri a janela e um rosto zangado me encarou, entrou em meu quarto e sentou-se em cima de minha mesa, seus olhos ainda eram severos.

  - Desculpa! - eu disse me aproximando e o desejando.

  Desejava como se fosse um namorado que estava a minha frente e eu só quisesse a reconciliação. Então forcei a parada, eu não poderia simplesmente tocá-lo, ainda não éramos um casal. Ainda.

  Vocês sempre foram!, uma voz na minha cabeça martelou.

  - Isso não tem significado para mim.

  - Óbvio que tem - o repreendi - Você ja usou comigo uma vez.

  - Tolice!

  - Não seja grosso! Não funciona comigo.

  - Eu esperei demais, sabe?

  - Sei! Por isso estou me desculpando! Eu estive muito ocupada... bem ocupada! Ô dia viu?!

  Sentei-me na cama e abracei um travesseiro.

  - Eu vi! Você estava lá com seu namoradinho.

  - Ele não tem nada comigo, não seja idiota!

  Ian riu.

  - Eu sei que não! Gosto de te ver bravinha! Eu vi e ouvi vocês.

  Meu corpo congelou.

- Eu queria está bem irritado com você e com muita vontade de te arrancar metade do sangue, mas eu ouvi você!

  - Sobre aquilo... bem...

  - É verdade? - seus olhos eram curiosos.

  - É sim! Eu desejo!

  Queria também dizer que deveria ser por influência do destino, ir em frente para ver no que é que dá. Mas não diria!

  - Você falou bonito! - ele começou a aproximar-se de mim.

  Cara! Obrigada mesmo a quem fez isso, ele é um gato e é meu! Obrigada mesmo!

  - Falei a verdade! A verdade sempre é bonita para aqueles que não se doem com ela.

  - Ui! Eu gostei! Senti uma coisa boa!

  - Fale gratidão.

  - Não! Vai doer!

  - Gra-ti-dão.

  - Eu não sou um bebê para você ficar soletrando.

  Eu ri.

  - Então fale!

  -  Vai doer.

  Sua voz era quase um gemido, ele agora estava ajoelhado em frente a mim.

  - Eu estou mandando!

  - Não quero obedecer!

  - Vai! Fala, você precisa.

  - Grati...dão! - ele gaguejou e quando disse respirou fundo.

  - Conseguiu.

  - Doeu! Eu disse que ia doer... minha boca arde.

  - Sem problemas!

  Eu o queria, isso era tudo! Puxei seu rosto e beijei sua boca, senti seu corpo vindo para mim, assim como todas as boas sensações que era estar com ele, senti suas mãos firmes em meu corpo, mal sabia ele que firme mesmo era nosso destino.

                               •|•|•|•|•

Mais um dia.

Estávamos na sala de treinamento.

Eu e o demônio!

Eu e o Ian!

Eu e o meu amor!

Eca! Eu ainda não havia acostumado.

  - Segura essa! - gritei.

  Fui com tudo para cima dele aos chutes, eu precisava estar pronta para a batalha e ele também. Minhas pernas foram seguradas no ar e ele me arremessou longe. Bati com tudo na parede almofadada e ele riu.

  - Segurei! Ops... soltei!

  - Doeu!

  - Isso porque você nunca teve que pronunciar a palavrinha lá de duas letras. Que tem um F e...

  - FÉ! - gritei conseguindo socá-lo.

  Ele xingou e eu cutuvelei seu nariz.

  - Merda Ravena!

  - Desculpa! - segurei um sorriso.

  Ele me passou uma rasteira e eu caí com tudo, ele deitou-se por cima de mim e eu paralisei, ele encaixou-se entre minhas pernas e ficou fitando-me com aqueles olhos psicopatas sensuais, depois ergueu uma perna minha a empurrando contra minha barriga, o pude sentir mais.

  - Bom? - ele perguntou sorrindo.

  Mas antes mesmo de eu responder eu senti a dor, eu estava tão cega que nem notei, agora meu joelho machucava minha barriga, eu estava flexionada de uma forma nada legal. Empurrei com força minha perna e só consegui abalá-lo.

  - Demônios são traiçoeiros, Ravena!

Sorriu e pulou se afastando de mim. Uma raiva subiu por mim, não uma raiva de não gostar mais,  foi mais uma raiva sadia de quem quer mostrar que pode. Se é que existe raiva sadia.

  Tentei socar, mas ele defendeu-se. Mais uma vez, ele esquivou-se. Fingi tentar atingir seu rosto, mas minha ajoelhada foi entre suas pernas, Ian curvou de dor e eu cutuvelei sua nuca o passando a rasteira. Sentei por cima de sua barriga e dei um pulinho de esmagamento.

  - E então... ponto para mim!

  Ri de sua cara de dor  e vi a graça solta naqueles olhos. Ficamos nos encarando quando a porta foi aberta com tudo e eu tentei me consertar ficando em pé.

  - Pensei que havia me livrado de você, Joseph! - disse e o Ian ficou de pé.

Ódio mascarava seus olhos.

Adestrando um demônioOnde histórias criam vida. Descubra agora