Ravena
Joseph fitava o demônio com olhos frios, sua mão estava segurando uma adaga. Tremi de medo do que pudesse vir a acontecer, apenas esperei enquanto aquele momento tenso passava. Joseph enfim olhou para mim e sorriu sarcasticamente.
- Quem diria...
- Que foi? Estamos treinando! - disse.
- Em cima dele?
- Não lhe devo satisfações. Saia!
- Calma, só quero lhe avisar que haverá uma convocação de todos os componentes do acampamento.
- Obrigada. Pode sair!
- Por que essa irritação? Atrapalhei algo?
- Meu treinamento.
- Você a ouviu. Saia. - Ian disse.
- Demônios não mandam em mim!
Joseph deu passos a frente encarando Ian, coloquei-me na frente de Joseph e seu corpo ficou a centímetros do meu, minha mão foi firme em seus peitos, ele deveria parar.
- Chega! - pedi.
- Você não era assim, Raven! Você era legal!
- Você nem me conhece.
- Mas conheço quando algo está rolando.
- Pois não reconheceu que eu estava ocupada.
Saí o empurrando e ele virou-se afastando minhas mãos, bateu a porta com força e eu respirei em alívio. Senti o corpo de Ian abraçando-me, ele esfregou suas mãos em meus braços e beijou meu ombro.
- Relaxa!
Virei-me para ele e respirei fundo.
- Haverá uma convocação, Ian! A batalha está próxima.
Eu não tive mais vontade de treinar e decidi procurar por minha mãe, Ian disse que iria descansar, onde era eu já não sabia,mas desde quando não fosse capturado ou maltratado e estivesse longe da vista de todos, estaria bom.
Sabe o que mais martela em minha mente? É sobre a possibilidade de eu contar ao meu pai que eu e o Ian nos pertencemos, desde o início dos tempos nossas vidas se encontram de alguma forma, será que ele me acharia louca? Mataria a mim e ao demônio? Tentaria purificar-me ou pedir ao céu que nossas vidas - minha e do Ian - fossem separadas? Isso atormentava. Mas tormenta pior era não poder ter a certeza de que um sorriso dele eu ganharia, um sorriso de pai, um conselho de pai, um abraço de pai. Um pai, enfim!
Ele a esse horário estaria em sua sala, minha mãe poderia está no quarto, dei duas batidinhas na porta e ouvi uma voz feminina.
- Quem é?
Respirei fundo e abri a porta colocando a cabeça dentro do quarto e sorrindo amarelo.
- Eu, mãe!
Minha mãe levantou-se deixando um livro de lado e veio abraçar-me. Sentir o conforto dos braços delas foi doloroso pelo fato de saber que com meu pai não haveria mais essa troca de afeto. Acabei chorando.
Estava tudo indo rápido demais, minha missão, os problemas, as descobertas e a batalha. Eu estava em meio a isso, estava andando no escuro, pois minha mão segurava a de um demônio e a outra o acampamento.
- Ravena, não fique assim!
Minha mãe olhou em meus olhos e suspirou.
- Quer desabafar? - ela perguntou, seus olhos tristes ao olhar para mim.