Sirenes estouram no ar. Conversas distintas perpassam entre a multidão em que Joseph Tennyson esgueira-se, movido pela curiosidade que tanto atrai multidões, na rodovia principal de Seattle.
– Licença. - repetia ele cada vez que avançava.
Chegando na beira do círculo de curiosos, Joe ficou na ponta do pé. Nisso somente viu a carcaça do sedan esfumando no que pareceu ser uma colisão contra o para-choque de aço do caminhão. Seu foco mudou para a imagem entre os ombros de dois curiosos; os socorristas estavam ajoelhados trabalhando na reanimação do acidentado.
A figura debruçada tinha o rosto coberto pelo escaldante líquido escarlate. Pouco a pouco aquele mesmo rosto se moldava na mente temerosa de Joseph, resultando numa falta de ar e um pulo do peito que passou a bater fortemente mais rápido.
– JOE!
O rapaz desvencilhou-se dos pensamentos numa piscada forte. Olhou por cima do ombro, tendo a perspectiva de uma Hannah com vestes de frio e uma touca escura carregada de um semblante duvidoso.
– Achou algo? - indica ao recipiente em suas mãos.
Joe olha para o frasco vazio que segurava antes de entrar em transe. Jogou o recipiente no canto da farmácia e levantou dizendo um baixo não.
– E você?
– Algumas aspirinas. Nada mais.
Hannah passou por ele ainda com um olhar desconfiado. Parou diante da janela embaçada pela umidade do ar externo. Usou a mão enluvada para limpar o vidro na altura de seus olhos e mirar o exterior tomado por finas camadas brancas de neve. Ela puxa o comunicador.
– Eva, como estão os outros?
– Até que bem. Os antibióticos tão segurando a barra, mas Nadine não sabe por quanto tempo.
– Tem uma ideia do que seja? - solta o botão.
– Nadine e Sloan acham que é uma virose. Alguma coisa na validade dos enlatados que comemos.
– Certo. Vamos continuar procurando. As farmácias por aqui já foram saqueadas. Câmbio.
– Entendido. Mantenhe-os informado.
– Valeu. - guardou o rádio no cinto. Voltou-se a Joe no meio da drogaria coçando os cabelos desgrenhados. – Temos que ir mais longe.
Joe a olhou e com uma pausa de cinco segundos, assentiu sem dizer nada.
No estacionamento da farmácia, a dupla tentava a sorte em ligações diretas nos carros.
Joe juntou os fios negativos e positivos, mas nenhum sinal de partida. Enfurecido, jogou-os no carpete e saiu de dentro da picape batendo a porta com tudo.
O barulho atraiu a atenção de Hannah na minivan a frente. Mirou o trajeto dele até a porta carona do carro em que ela tenta ligar.
– Tudo bem? - apoia o braço no teto fofo e o outro no topo da porta aberta.
– Sim. - abre o Jeep na vaga ao lado.
– Parece frustrado.
– Minha namorada tá doente, não achamos remédios em lugar nenhum e minha bunda tá congelando. Então defina bem e talvez eu te dê uma resposta menos ignorante. - sintetizou sua impaciência.
– Uau. - passa a mão nos fios fora da touca.
Joe bufa.
– Desculpa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
After The World (PAUSADO)
HorrorO mundo se transforma no caos de uma hora para a outra. Vidas são transformadas, laços são criados entre pessoas que passam a precisar uma das outras para sobreviver. Interesses pessoais podem ser colocados sobre o coletivo, assim como o medo de lid...