T2 C2: Feito.

167 14 0
                                    

O tom azulado da noite dominava o asfalto sujo de óleo e cacos brilhantes pela lua que esbanja o céu infinito. Pela visão turva, o acidentado sustentado ao cinto de segurança viu os pés com trapos rasgados e sapatos desgastados cambalear em direção a janela. Mark sentiu o escorrer em sua testa e cabeça saltando as veias pela quantidade de sangue. Ele percorreu o olhar no interior escuro do móvel e teve certeza de uma coisa: estava sozinho.

A porta do carona se encontrava aberta e era por ali em que o garçom de gravata borboleta se ajoelhava agora. Mark recuou, pegou a faca caída entre os cacos e firmou-a na mão, sentindo micro vidros na palma. O garçom se arrastou para dentro, abriu sua boca de poucos dentes e esticou a mão suja na direção do pendurado. Mark com o braço hesitante a cada tentativa de uma agarrada, enfim avançou a mão armada bem na região T do moribundo. A faca prendeu no crânio e a sua face amoleceu. O rapaz abandonou a lâmina e soltou-se do cinto, caindo de cabeça.

Mais um grunhido veio de fora, motivo para ele retirar a faca da cabeça do morto. Agora as pernas pálidas com hematomas e de pés descalços vinha na direção da janela. Então uma corrida se destacou do rastejar, surgindo um par de botas de couro pretas. As pernas pálidas travaram e por um milissegundo, estremeceram antes da queda da loira de pijama. Mark se encolheu ao ouvir o baque, mas foi a luz da lanterna que o fez espremer os olhos e levar a mão a frente.

– É o Mark! - a voz conhecida disse.

Ele viu Carter agachar-se para alcançá-lo, mas seu pescoço perdeu a força, a tontura o dominou e no fim derrubou a cabeça no teto do carro, apagando de vez.

08:23 AM.

Com o pesar da pálpebras, o sujeito teve dificuldade em abrir os olhos no início. Uma piscada rápida lhe permitiu ver o diáfano clarear o verde salmão da barraca que cheirava a uísque e esperma seco. Mark se recompos logo, olhando para a abertura triangular com o zíper balançando, ergueu o tronco dolorido e passou pela fresta engatinhando, assim ouviu as conversas vindas de seu lado direito.

O grupo estava reunido na ala principal. Gui se encontrava sentado ao pé da escada, Mike encostado na estante de livros com os braços cruzados; Elliot, Carter e Hank estavam sentados a longa mesa retangular. O menino então notou a presença de Mark e logo atentou a todos, que olharam na direção dele.

– Como se sente? - Gui levanta, se aproxima do mesmo e deposita a mão em seu ombro.

– Dolorido. - queixa-se. – Onde estão os outros? - olha em volta.

– Procurando pela Sloan.

– Como é?

– Ela não tava no carro. - diz ele, retirando sua mão do ombro de Mark.

– Merda. - resmunga e prepara o passo em direção a saída. Gui entra na frente.

– Não. Melhor descansar.

– Eu não posso.

– Mas precisa. - Carter diz, levantando. – Não queremos perder você também.

A porta dupla se abre. Todos voltam-se para a direção dela onde Sammy e Hannah surgem. O jovem a fecha e caminha junto a Hannah até os demais.

– Então? - Mark os olha.

– Nada. - disse Hannah, desapontada.

Antes que Mark abrisse a boca, Carter atropelou sua fala:

– Do que se lembra, Mark? - se aproxima. – Quem os atacou? Ouvimos tiros e por isso chegamos até você.

– Tiros?

– É. Parece que ela revidou. - Sammy disse. – Tentamos seguir a marca dos pneus, mas sumiram.

After The World (PAUSADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora