T3 C1: Estaca Zero.

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Dois pares de pernas trêmulas esmagam cascalho no asfalto. Um contando com um número pequeno nos tênis empoeirados, enquanto o outro tem uma das solas rasgadas devido ao arrastar constante da perna esquerda.

– Pare aqui. - pede o policial.

E Elliot obedece, sentando o sujeito debilitado no pneu de um caminhão perdido na encosta da estrada. Esta cercada pelo matagal adjacente e predominante em canções de pássaros e farfalhares de folhas.

O menino franzino segue caminho balançando a G23.

– Aonde vai?

Ele para a uns metros de Mike e o olha, apontando na diagonal.

– Tem um bar ali. Deve ter água, comida. Podemos passar a noite lá.

– Um bar não é a melhor das ocasiões, garoto. - diz se levantando com dificuldade.

Mike tentava se acostumar a ter só uma mão como apoio. Sua canhota se encontra enrolada num saco verde transparente e sustentado por uma tipoia escura.

Ele para e avalia a locação remota feita de madeira escura, de varanda pequena e contendo três motos derrubadas nas vagas.

– Mas pode servir.

A porta é escancarada e a dupla entra de uma vez. Mike espreita os lados no melhor cuidado que um policial tem, enquanto Elliot aponta por todas as direções como um recruta perdido.

O garoto passa pelas mesas redondas com porções de cervejas e ketchup, chegando a porta entreaberta do banheiro feminino. Ao entrar, a frase em vermelho era destaque no largo espelho. O mesmo só deu atenção depois de checar os cinco boxes e ter certeza de estar sozinho.

– "Não seja um herói". - lê.

Ele nota o reflexo do cadáver de vestes longas e calças baixadas, sentado a privada do terceiro boxe. Elliot solta um suspiro fundo e fecha a porta.

– Pimenta, amendoins e por incrível que pareça, leite. - termina Mike de listar o que encontrara. – E você?

– Papel higiênico. - põe na mesa.

Elliot puxa uma sacola do balcão e começa a socar todos os achados dentro.

– Elliot.

O mesmo ignora.

– Elliot.

– Que foi? - ergue a cabeça.

Mike franze a testa e comprime os lábios, escolhendo bem suas próximas palavras. Mas antes que a solte, o menino sai pela porta da frente.

A caminhada é retomada pelas estradas vazias. Incrivelmente, nenhum zumbi deu as caras no percurso, o que foi alívio para o responsável pelo garoto a sete metros a sua frente.

Elliot não para por nada, movimenta-se em passos largos e tão bruscamente que fazem as coisas na sacola saltarem. É uma surpresa quando o menino para subitamente.

Ambos encaram o casarão branco no começo da imensa rua coberta pelas folhas caídas dos carvalhos. Elliot dá uma olhada por cima do ombro. Mike assente.

– Um. Dois. Três.

A porta abre com o chutão do policial que adentra sem cerimônias, o braço esticado com sua Colt Python pesando na única mão.

Assoalho escuro, escada atrelada à parede esquerda, duas entradas nos lados opostos, quadros e flores compõem a entrada da casa chique.

Mike faz um estalo com a boca. Elliot passa por ele com a G23 engatilhada.

After The World (PAUSADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora