T5 C9: O Inferno É Aqui.

34 5 0
                                    

Consumido pela descarga de adrenalina no sangue, Sammy ignora a dor no ombro apunhalado e a friaca que estapeia seu rosto e esvoaça seus cabelos oleosos. Está focado em Félix, que corre disparado pela neblina fria desviando das silhuetas animalescas que tentam agarra-lo. Os errantes passam como vultos.

Félix vira a esquina e Sammy abre o estômago da Sra. Zumbi com o facão - os órgãos caem - e escorrega no pavimento úmido. Ele grunhe, mas logo se levanta, ignorando a pontada no ombro. Félix não está mais a vista.

Sammy brecou deslizando as solas no asfalto. Parou no meio do semáforo. Girou em 360° à procura do fugitivo na cortina enorme da neblina. Os grunhidos dos mortos são trazidos pelo vento que uiva forte em seus ouvidos. O sangue continua quente, a nuca lateja e o peito arfa frenético.

Um estalo soa.

Empunha a faca.

Alguém vem atrás.

Sammy vira de supetão.

– SOU EU! - parou o braço.

Sammy reconhece o rosto espantado de Joe. Puxa o braço com tudo.

– Deixou elas? - resmunga ofegando.

– Você não podia vir sozinho.

– Eu sei me virar.

– É? Cadê ele? - olha em volta.

O coro de grunhidos cresce no silêncio.

– Vambora daqui.

Eles correm dali.

Através da vitrine desbotada, um Félix consumido pela escuridão suspira em alívio.

(...)

A dupla chega ofegante na frente da lanchonete.

Joe breca.

– Espera.

– O quê?

A porta de entrada abre e fecha com o vento: PAM. PAM. PAM. PAM.

Eles prontificam as armas. Joseph vai direto para os fundos do estabelecimento. Sammy sobe calmo os dois degraus e segura a maçaneta; a porta para de bater. Ele e Joe abrem as saídas em sincronia e entram como verdadeiros policiais numa vistoria.

O cenário é caótico: mesas reviradas, panelas e projéteis espalhados no piso quadrilhado.

Russel vê algo sob uma das mesas ainda intacta, vai até ela e puxa com o pé o skate de lixa arranhada.

– Sam. - Joe chama.

O rapaz arranca a máscara de sorriso arqueado do varal de pedidos. Lê a mensagem e vira o interior da máscara para Sammy.


COM
VOCÊ

Dizia a frase feita a caneta vermelha.

Um chiado ecoa.

Eles olham para o leste do estabelecimento. Há um rádio de pé no centro da mesa grudada a janela fosca e úmida.

Alô?

Eles se encaram.

Eu sei que estão ouvindo. Pegue o walkie-talkie, Usain Bolt.

Sammy marcha até lá, apanha o aparelho com ódio.

– Onde eles estão?

Terá que seguir as regras se quise-los de volta. Meu número é alto.

After The World (PAUSADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora