Eva acorda no susto quando um mordedor bate no vidro do carro. Deitada no banco de trás e seus pertences no carona, sua mão gira o controlador da janela até que brecha seja aberta, da qual o zumbi enfia as mãos. A faca passa na abertura, penetrando o crânio do rosnador até que ceife sua vida e caia no asfalto.
Recolhe seus pertences, abre a porta do Palio cinza e pisoteia o corpo no trajeto para o asfalto. Eva não expressa algo concreto, parece mais um robô andando no automático pelas estradas sul de Seattle. Ela andou por dias, semanas... Tempo o bastante para não se preocupar com seu estado. Ela só precisava andar e nunca parar.
Estacas em formatos de xis surgem a frente, cercando a entrada de uma estrutura grande. Um zumbi com o braço direito desmoronando - sustentado pelo firme tecido de sua pele rosada e viscosa - está apunhalado ao cerco rosnando para o nada.
A jovem não muito diferente do morto para em frente ao asilo branco vinho, encarando cada janela bloqueada pelas cortinas claras. Ela vira-se para a rua bem na hora que o jipe vem, agora diminuindo a velocidade. Quando para, as portas abrem em sincronia e do volante sai uma morena de cabelos longos e bem cuidados. Atrás dela, outra jovem de cabelo cacheados e pele cor de oliva. Do carona um velho todo de preto se revela e mais atrás um jovem alto carrega uma espingarda na bandoleira.
– Oi - Nadine bloqueia o sol com a mão para ver a loira suja, dá um passo. – Você tá sozinha?
Ela faz que sim.
– Teu um nome? - se aproxima.
A loira recua na hora, puxando a faca. O velho ergue a pistola na hora.
– Calma. - ergue a mão. – Não vamos te machucar. Abaixa isso, Hutchinson. - pede para o velho, que obedece relutante. – Como se chama? - pergunta calmamente.
– Eva. - murmura.
– Oi, Eva. Meu nome é Nadine. Você...
– Eu posso ir?
– Melhor não, querida. - Hutchinson aconselha. – Você não parece estar no melhor estado. Talvez morra daqui uns dias.
– Ele tá certo. Por que não entra e descansa um pouco? Você precisa.
De cabeça baixa, Eva guarda a faca e pondera cada um deles com cuidado, levando as mãos as alças da mochila. Dá um aceno de cabeça.
– Ótimo. Esses são Hutchinson, Megan - aponta para a moça atrás – e Jesse. - os dois acenam. – Vamos entrando.
Em passos de velho, a loira segue na direção das escadas com os ombros encolhidos e atiçando-se ao som do jipe manobrando para o estacionamento do asilo.
14:22 PM
Os canteiros de flores diversas têm sua beleza manchada na presença de dois andarilhos perdidos - homem e mulher - , andando curvados e com as cabeças envergadas. O homem corcunda se atiça no esmagar das flores atrás de si e se vira, recebendo uma coronhada da arma. Ele cai bruscamente e Sammy pinta as Cherokee com seu sangue ao esmagar o crânio molenga.
A morta-viva é derruba atrás dele. Eva cai por cima dela enterrando a pequena lâmina em sua orelha cheia de fios. Ajoelhado, Sammy revista o corpo - consegue um isqueiro e o leva ao bolso -, olha para a loira caída entre as flores e se levanta, seguindo caminho. Eva arranca a faca da carapaça e vai atrás dele.
Eles seguem metros um do outro, parecendo um casal que acabara brigar. É no esmagar das flores em que o cheiro de seiva misturado a carne estragada e sangue seco vai direto em suas narinas. Grunhidos soam distantes. A dupla se olha de longe, percorrem os olhos por todo campo à procura da manada.
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After The World (PAUSADO)
KorkuO mundo se transforma no caos de uma hora para a outra. Vidas são transformadas, laços são criados entre pessoas que passam a precisar uma das outras para sobreviver. Interesses pessoais podem ser colocados sobre o coletivo, assim como o medo de lid...