V

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Bianca tentava segurar o riso enquanto via Babu ficar mais vermelho do que um tomate. O homem estava visivelmente irritado, contudo, tentava se manter imparcial.

-- Este é um caso de extremo cuidado, senhor. -- Insistiu ele. -- Eu entendo que a mãe da paciente queira isso, mas pelo menos deixe-me acompanhá-la. Aquela garota é um milagre vivo, bem diante de nossos olhos. -- O chefe do hospital repuxou o canto de sua boca e olhou para Bianca.

-- Você acha que é capaz de fazer isso, senhorita? -- Ele perguntou solenemente.

-- Não acho que ela ainda seja capaz. Ela é muito boa, inclusive, é a minha melhor aluna, no entanto, isso é algo que vai além do capricho de uma mãe. -- Babu disse. O homem bateu fortemente os punhos na mesa e olhos furiosamente para ele.

-- Primeiramente que não é um "capricho", senhor Santana. Aquela garota ali... -- Disse e apontou diretamente para Bianca. -- De alguma forma desconhecida por todos nós, foi capaz de fazer a garota acordar após quatorze anos. É justo querê-la por perto. -- Disse seriamente. -- E em segundo lugar, minha pergunta foi para a senhorita Andrade, então quando sua fala não for solicitada, por favor, cale a boca. -- Os músculos do maxilar de Babu se tensionaram antes de ele assentir.

-- Sim, senhor. -- Replicou seriamente. Mesmo ele sendo o chefe de seu departamento, ainda tinha que acatar o chefe do hospital, sendo assim, foi obrigado a se calar.

-- E então, senhorita Andrade, acha que é capaz? -- Bianca, que tinha suas mãos entrelaçadas nas costas, deu um passo a frente.

-- Eu poderia muito bem dizer que sim, senhor, afinal é um tratamento o qual eu já fiz, mas nesse caso em especial eu prefiro que o senhor Santana me acompanhe. -- O sorriso prepotente do homem se abriu, como se dissesse que estava certo o tempo inteiro.

-- Não se sente segura ainda sozinha? -- O chefe do hospital perguntou curioso, cruzando os braços.

-- Me sinto completamente segura, mas quero o melhor para a paciente e o senhor Santana tem mais experiência.

-- Mas a senhora Kalimann insiste que seja você a fisioterapeuta de Rafaella. Eu expliquei que a senhorita ainda não se formou, mas a mulher é osso duro de roer. -- Ele disse rindo. -- O que me sugere, Andrade?

-- Bem... O senhor Babu poderia me acompanhar e se certificar de que estou fazendo tudo corretamente. -- Ela sugeriu completamente receosa.

-- O quê? -- Babu perguntou perplexo. -- Está sugerindo que eu seja seu ajudante?

-- Eu adorei a ideia. -- O chefe do hospital disse sorrindo. -- Explêndido. Pode avisar à senhora Kalimann para passar em minha sala, senhorita? Quero avisá-la que começarão amanhã. -- Bianca assentiu.

-- Se o senhor me permitir tentar fazer ela mudar de ideia... -- Babu tentou, mas a risada do senhor Webber lhe interrompeu.

-- Fique à vontade, mas como sei que aquela mulher é irredutível já fique preparada, senhorita Andrade.

-- Deve estar louca, não é possível. -- Babu disse, vendo o homem em sua frente fechar sua expressão na hora.

-- Cuidado com o que fala, Santana, aquela mulher vai além da mãe de uma paciente. Ela é uma grande amiga. Está neste hospital desde antes de eu me tornar o chefe, então peço encarecidamente que não volte a mencioná-la dessa forma.

-- Desculpe, senhor.

-- Podem se retirar. -- O homem disse, ouvindo Bianca proferir um "com licença" antes de se retirar.

A menina apressou o passo para fugir de Babu, pois sabia que ouviria alguma provocação, e deu graças a Deus por ter chegado ao quarto de Rafaella logo. Desta vez não precisou deixar batidas na porta, pois a mesma estava aberta.

Em um piscar de olhosOnde histórias criam vida. Descubra agora