A noite estava silenciosa e o tempo estava passando horrivelmente lento, por esta razão Bianca andou até as cortinas persianas e as abriu um pouco, olhando através da enorme janela as gotas de chuva caírem lá fora.
Já passava das três da manhã e Rafaella dormia pacificamente àquele horário, enquanto a carioca não conseguira pregar os olhos nem por um minuto sequer. Estava preocupada. Terrivelmente preocupada.
Tomou um susto quando ouviu seu celular tocar. O nome de Bárbara marcava na tela, fazendo Bianca entortar a sobrancelha. O que ela queria com aquele horário?
Pensou em não atender, porém a curiosidade bateu, fazendo-a caminhar até o banheiro para não acordar a mineira.
-- Alô? -- Bianca atendeu. O ruído através do telefone demonstrava que Bárbara deveria estar em uma festa ou algo parecido.
-- Bianca? -- A voz fina soou do outro lado da linha.
-- Por que está me ligando a essa hora? Está tudo bem? -- a carioca perguntou.
-- Fui até a sua casa mais cedo e Saad disse que você não passou a noite em casa e que esta noite, pelo jeito, também não passaria.
-- E daí? -- Bianca perguntou, não entendendo onde Bárbara queria chegar.
-- Está com outra, é isso? -- Bianca revirou os olhos.
-- Se eu estiver com alguém isso não diz respeito a você, Bárbara. Nunca tivemos nada, eu já disse que só quero sua amizade.
-- Por que você faz isso comigo? -- A voz saiu em um choramingo. -- Você sabe que eu te amo.
-- Você ingeriu bebida álcoolica? -- Bianca perguntou.
-- Alguns drinks. -- Bianca riu ao ouvir aquilo.
-- Olha, vá para a sua casa, tome um banho morno, coma algo saudável e leve e descanse, tudo bem? Vai me agradecer por isso.
-- Por quê? Acha que vou me arrepender de te dizer que eu te amo? Não vou! Eu posso nunca ter dito antes, mas sei que você sabe disso.
-- Bi? -- A voz de Rafaella soou assustada e rouca, por ter acabado de acordar, fazendo Bianca colocar a cabeça para fora do banheiro. -- Pensei que tivesse ido embora. -- A mineira disse mais aliviada.
-- Eu disse que não vou sair do seu lado. -- Bianca disse sorrindo. -- Bárbara, eu preciso desligar. Faça o que eu falei e amanhã prometo não tocar no assunto.
-- Quem era? Bianca, você está dormindo com alguém?
-- Vamos, não faça isso com você. Amanhã nos vemos na república. Boa noite! -- E desligou, colocando o celular em sua bolsa antes de se aproximar de Rafaella.
-- Quem era? -- a menina perguntou curiosamente, em um tom inocente. -- O seu namorado?
-- Era uma colega. Eu não tenho namorado. -- Bianca explicou, se sentando na cadeira ao lado da cama.
-- Não! Aqui comigo igual a mamãe. -- Rafaella pediu, indo para o cantinho da cama para dar espaço para Bianca.
-- Sua mãe dorme com você aí?
-- Não, mas ela sobe aqui para ler histórias.
-- Mas eu não vou te contar história agora, Rafaella. -- Bianca disse e a mineira assentiu.
-- Eu sei, mas eu gosto do seu cheirinho. -- Ela disse sorrindo sem mostrar os dentes e Bianca corou levemente, assentindo.
-- Tudo bem, então me deito com você. -- a carioca disse, escalando a cama e se deitando. Rafaella se acomodou sobre Bianca antes de voltar a falar.
-- Por que você não tem namorado?
-- Bem, um dia você entenderá. -- Bianca disse, começando a carícia nas costas de Rafaella.
-- Não, Bi. A Manu disse para eu me enturmar com pessoas da minha idade. Temos quase a mesma idade. -- Rafaella insistiu.
-- Tudo bem. Eu não gosto de garotos e, bem, não estava com muito tempo disponível para namorar.
-- Por que não gosta de garotos? Eles também puxavam o seu cabelo na escola? -- Bianca riu ao ouvir aquilo.
-- Não. Eu tenho dois melhores amigos da época da escola. Estudaram comigo desde o jardim de infância. Eles me defendiam de qualquer ameaça como essa.
-- Então por que não gosta de meninos se eles foram legais com você? -- Rafaella perguntou confusa.
-- Eu me expressei mal. Eu gosto de meninos, mas como amigos, não como namorados. -- Bianca voltou a tentar.
-- Oh! -- Rafaella disse assimilando a informação.
-- Então no telefone era uma namorada?
-- Não, Rafinha. Era uma colega. -- Bianca disse brandamente, sem jamais cessar as carícias nas costas de Rafaella. -- Por que não volta a dormir, hm? Amanhã terá um dia cansativo.
-- Porque quando o dia chega você vai embora. -- a mineira confessou baixinho, afundando a cabeça entre o colchão e a pele de Bianca. -- E eu não gosto.
-- Pois eu tenho uma notícia. -- a carioca disse em um sorriso bobo. -- Amanhã passarei boa parte do dia com você. -- Rafaella arregalou os olhos e sorriu.
-- Jura, Bi? De dedinho e tudo?
-- Juro, Rafaella. De dedinho e tudo. -- Respondeu sorrindo.
-- Como estamos por aqui? -- O médico da garota entrou na sala após deixar duas batidas rápidas na porta.
-- A Bi vai passar mais tempo comigo amanhã. -- Rafaella disse sorrindo e o médico sorriu de volta.
-- Isso é incrível, eu aposto. -- Ele disse, olhando para Bianca. -- Então... Fiz questão de fazer o mais rápido possível e o resultado saiu.
-- Está tudo bem com ela, doutor? Oh, acho que vou ligar para a dona Genilda e...
-- Calma, Bianca. -- Ele disse rindo, tocando seu ombro gentilmente.
-- Você é amigo da Bi? -- Rafaella perguntou de repente, fazendo o doutor franzir o cenho.
-- Bem, somos colegas. Ainda não tivemos temp...
-- Então não toca nela. Ela só gosta de meninos se forem amigos. -- Rafaella disse, fazendo Bianca fechar os olhos e corar fortemente. (n/a: O GRITOOO QUE EU DEI! KKKKKKKKKKKKK)
-- Não se preocupe. Pretendo ser amigo dela. -- O doutor disse gentilmente. -- Minha esposa não gostaria de nada além disso.
-- Eu sinto muito. -- Bianca disse verdadeiramente embaraçada. -- Eu estava explicando a ela...
-- Não se preocupe, eu entendo. -- Ele disse sorrindo e Bianca assentiu. -- Pode me acompanhar até a porta? -- a carioca assentiu, descendo da cama.
-- Eu já volto, tudo bem? Daqui de onde você está conseguirá me ver. Deixarei a porta aberta. -- Bianca informou, dando um beijo na testa de Rafaella e acompanhando o doutor para fora do quarto.
-- Bem, vou explicar da forma mais simples para que me entenda. -- Ele disse, vendo Bianca tensionar.
-- Tudo bem. O que ela tem, doutor?
🗼
Eu tô rindo e boiolando muito essas duas!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Em um piscar de olhos
أدب الهواةRafaella Kalimann tinha apenas seis anos quando seus pais decidiram tirar as tão famosas férias em família. Iriam para a Tailândia, porém, o destino lhes foi cruel, causando o choque de um caminhão desgovernado contra o carro onde estavam durante o...