Bianca não sabia o que lhe havia levado até onde estava no momento. Depois da quarta cerveja ela havia ficado mais solta, rindo animada enquanto conversava com todos. Suas constantes mudanças de lugar ao longo do dia se deveram à aproximação de Bárbara o tempo inteiro, esbarrando em sua mãe propositalmente, acariciando suas coxas, se deitando em seu colo. Isso definitivamente tirava a paciência de Bianca.
Ela não sabia quantas cervejas havia tomado ao total, mas se lembra de que houve um momento onde se sentiu cansada. Se despediu de todos e subiu as escadas; um banho rápido foi tomado e ela entrou dentro de seu pijama, se enfiando embaixo das cobertas, porém o sono não vinha.
Constantemente a imagem dos olhos verdes aparecia em sua mente, foi então que, de supetão, se levantou, se trocou, se agasalhando bem, e saiu. Nem trinta minutos depois ela se via na recepção do hospital, esperando a autorização de Genilda para poder entrar.
Não era permitido mais de uma pessoa passar a noite, mas a quantidade de dinheiro que a mulher tinha deixava todo o hospital bastante receptivo aos seus pedidos.
-- Desculpe vir a esta hora. -- Bianca sussurrou para Genilda, não querendo acordar Rafaella. -- Mas o barulho em casa não me deixou dormir e resolvi vir. Trouxe café. -- Ela disse, estendendo o copo de café para a mulher, que aceitou de bom grado.
-- Abriu mão de uma cama confortável? -- Genilda perguntou rindo e Bianca assentiu. -- Fique à vontade. Vou aproveitar que veio e ir em casa tomar um banho rápido, se importa?
-- Se quiser pode dormir por lá. Eu passo a noite aqui. -- a carioca disse e Genilda sorriu.
-- Minha filha escolheu a voz certa para ouvir quando decidiu abrir os olhos. -- Genilda disse gentilmente, vendo Bianca sorrir de canto. -- Então eu vou mesmo. Pela manhã eu venho, tudo bem?
-- Certo. Boa noite.
-- Boa noite, norinha. -- Genilda disse, vendo a carioca corar. -- Ops, quis dizer Bianca. -- Genilda disse sorrindo. A mulher deixou um beijo na têmpora de Bianca antes de pegar sua bolsa e se retirar do recinto.
-- O que foi isso? -- a carioca perguntou para si mesma, rindo e negando com a cabeça.
Sem protelar, a garota simplesmente retirou seus sapatos e subiu na cama, se emaranhando entre os braços de Rafaella e caindo no sono em poucos minutos.
[...]
Algo macio, porém que tinha locomoção acordou Bianca, fazendo ela abrir um olho, já que o outro estava impossibilitado de ser aberto.
-- Dói? -- A voz rouca de Rafaella enquanto um dedo estava cutucando o olho fechado de Bianca fez a menina rir.
-- Não, Rafaella. -- a carioca disse, vendo-a colocar a mão completa sobre seu rosto.
-- Você consegue me ver assim? -- Bianca riu e negou. -- E agora? -- Perguntou, abrindo uma fresta em seus dedos, deixando a visão da menor levemente aberta.
-- Agora sim, mas ainda estou em dúvida.
-- Dúvida de quê? -- a mineira indagou.
-- Se eu estou vendo a Rafaella ou um anjo. -- Bianca disse. -- Ah, não, espera! Ambos são sinônimos. -- Disse, vendo Rafaella apertar seu nariz.
-- Consegue respirar assim? -- a mineira perguntou e Bianca mordeu o próprio lábio, tamanha fofura que Rafaella transmitia.
-- Só pela boca. -- Ela disse, vendo a loira tapar sua boca.
-- Consegue falar? -- a carioca abriu a boca e arrastou seus dentes pela pele da mão de Rafaella, fazendo a maior rir.
-- Não conseguia, mas conseguia morder. -- Ela disse, vendo a mineira sorrir de forma doce enquanto admirava seus olhos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Em um piscar de olhos
FanfictionRafaella Kalimann tinha apenas seis anos quando seus pais decidiram tirar as tão famosas férias em família. Iriam para a Tailândia, porém, o destino lhes foi cruel, causando o choque de um caminhão desgovernado contra o carro onde estavam durante o...