Em um piscar de olhos

XXXII

-- Sobre nós? -- Bianca indagou.

-- É. -- Genilda disse, se remexendo inquieta na cadeira. -- Vocês estão progredindo como um casal?

-- Bem, sim. -- a carioca disse, ainda confusa.

-- Oh. Incrível. -- a mulher disse assentindo com a cabeça.

-- Sim. -- Bianca afirmou, vendo que o assunto estava estranho.

-- Vocês duas já... -- Genilda deixou a frase morrer.

-- Já o quê? -- a menor perguntou, de repente sentindo seu rosto enrubescer completamente.

-- Já tiveram algum avanço na vida sexual de vocês? -- Era certo, Bianca desejava poder cavar um buraco e se enterrar ali mesmo.

-- Não. -- a carioca respondeu, percebendo Genilda tão desconfortável quanto ela.

-- Oh! -- a mulher respondeu. -- É que noite passada eu fui levar as roupas limpas para Rafaella... E ela estava... -- Genilda esfregou uma mão na outra. -- Com uma mão, você sabe...

-- Não, eu não sei. -- a menina disse. Seria mesmo o que ela estava pensando?

-- Por Deus, Bianca, não torne isso mais difícil para mim. -- Genilda disse rindo sem graça.

-- Ela se tocava? -- a carioca perguntou por fim, vendo a mais velha assentir.

-- Ela começou a piscar desesperadamente quando me viu ali e disse que nunca tinha feito aquilo antes, que só estava tentando imitar a menina do vídeo. -- a menor arregalou os olhos. -- Que vídeo, Bianca?

-- Eu sinto muito, muito mesmo por isso. -- a carioca disse completamente constrangida. -- Minha amiga tinha um DVD erótico e Rafaella acabou vendo. Eu realmente me sinto envergonhada. Eu já joguei aquilo fora.

-- Semana passada?

-- Não, faz um mês isso.

-- Então não é desse vídeo que estou falando, querida. Ela disse que era o vídeo da semana passada. -- Bianca entortou a boca e franziu o cenho.

-- Não vimos nada desse tipo depois daquilo, Genilda. -- a carioca disse sinceramente. -- Vou conversar com a Rafaella sobre isso.

-- Você está bem em relação a isso? -- a mulher perguntou e Bianca assentiu, sem jamais lhe fitar.

-- Eu juro que estou agindo o mais direita possível. -- a carioca disse e Genilda sorriu.

-- Eu sei, criança. Eu jamais confiaria minha filha a alguém que não fosse menos do que incrível. Ela já... tocou nesse assunto com você?

-- Tivemos algumas conversas e ela sempre... -- Bianca se calou e negou com a cabeça. -- Acho melhor eu conversar sobre isso com outra pessoa.

-- Não se sente confortável comigo? -- Genilda perguntou brincando e Bianca se encolheu na cadeira.

-- Não é isso. É que você é a mãe dela e esse assunto seria constrangedor para nós duas. -- Despejou.

-- Mas talvez eu possa ajudar, sou experiente. Diga-me: O que te aflige?

-- Tem certeza de que quer mesmo saber? -- a carioca perguntou mordendo seu lábio inferior e Genilda assentiu, quase dizendo "não" internamente. -- Bem, Rafaella costuma demonstrar bastante quando está... com vontade. -- Que merda ela estava falando para a sogra? Se repreendia mentalmente.

-- E o que você faz?

-- No começo eu fugia, mas tivemos uma conversa e depois disso resolvemos tomar banho frio. -- Bianca disse e Genilda segurou o riso.