XXI

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A campainha tocou naquele dia frio, fazendo Rafaella empurrar a cadeira de rodas até a porta e abrir a mesma. Uma semana depois que havia deixado o hospital fizeram seus braços já conseguirem empurrar seu próprio peso, porém ainda era difícil e extremamente desgastante para a garota.

-- Encomenda para a princesinha mais linda do mundo. -- Bianca disse, erguendo duas caixas de pizzas e abrindo um sorriso imenso.

A semana havia sido corrida e, apesar de ela ter visto Rafaella durante todos os dias, nunca teve tempo de realmente aproveitar um tempo com ela.

-- Entra. -- a mineira disse, vendo Bianca chacoalhar a neve de seu corpo e entrar na casa quentinha. A menor retirou suas roupas grossas e as pendurou no cabideiro que se localizava perto da porta.

-- Posso levar isso até a cozinha? -- a carioca perguntou e Rafaella assentiu, vendo a garota se locomover até lá. -- Sua mãe me ligou e vim assim que pude. -- Informou assim que voltou com dois copos cheios de refrigerante e os colocou no porta copos sobre a mesa de centro.

-- Ela teve que ir fazer algo importante, mas eu não sei o quê. -- Rafaella disse, dando de ombros. -- Você sabia que as mitocôndrias sempre virão da sua mãe? -- perguntou de supetão. -- Se você fosse um garoto, sinto muito, você nunca passaria suas mitocôndrias para ninguém, mas você é uma menina, então você passará suas mitocôndrias para seus filhos. -- Disse sorrindo, fazendo Bianca franzir o cenho.

-- Sabia, mas isso não é muito avançado para estar aprendendo? -- Bianca perguntou e Rafaella assentiu.

-- A professora deixou o livro de ciências do ano inteiro aqui. -- Ela falou. -- E eu não tenho nada para fazer, então eu li ele todinho. -- Bianca arregalou os olhos surpresa.

-- Você realmente gosta de ler, hm? -- Perguntou, indo até a cozinha apenas para pegar uma das caixas de pizza.

-- Eu amo. -- Ela disse animada. -- A mamãe disse que compraria um celular para mim, mas eu não tenho com quem falar. Não estudei em uma escola, então não tenho amigos.

-- Heey, e quanto a mim? -- Bianca perguntou, vendo Rafaella sorrir.

-- Eu poderia conversar com você pelo telefone? -- Ela perguntou, vendo a carioca lhe colocar no sofá ao seu lado.

-- Claro.

-- Quando eu quisesse? -- Indagou, vendo Bianca lhe servir.

-- Quando você quisesse. -- Respondeu.

-- Acho que vou falar para a mamãe comprar um para mim. -- Ela disse, vendo a carioca sorrir e assentir. -- Era para eu ler só uma página do livro e fazer os exercícios, mas eu gostei e li tudo. Aí pulei para o de história e agora estou no de geografia. Não gostei de geografia. -- Rafaella disse em uma careta e a carioca riu.

-- Você é um prodígio. -- Bianca disse, mordendo um pedaço de pizza no momento seguinte.

-- Eu terminei quatro filmes de romance ontem e um de comédia. -- a mineira disse. -- Eu sinto que eu tenho tanto para recuperar. Eu sinto que eu tenho tanto para aprender. -- Disse suspirando. -- Bi, eu li por uma hora o dicionário ontem.

-- Meu amor, ninguém lê o dicionário assim. É chato. -- Biqnca disse rindo, limpando o canto da boca com a língua.

-- E para que serve então? -- Rafaella perguntou confusa.

-- Você geralmente o usa quando vai ler algum livro mais formal, para descobrir os significados das palavras que não entendeu. -- Explicou. -- Ou aleatoriamente procurar por alguma palavra sozinha, porém hoje em dia a maioria das pessoas usam o Google.

Em um piscar de olhosOnde histórias criam vida. Descubra agora