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Modo maratona OFF

Naquele momento Bianca havia colocado Rafaella deitada, com ambas as pernas em cima da bola suiça. Em movimentos circulares, ela girava as pernas da mineira sobre a bola, ensinando-a como deveria fazer posteriormente.

-- Me diga se algo te incomodar, tudo bem? -- a carioca pediu e Rafaella assentiu, fascinada em sentir seu corpo se movendo daquele jeito. Era uma brincadeira engraçada. Seus olhos alternavam entre suas pernas e Bianca, que tinha uma expressão suavizada, porém concentrada em seu rosto. Rafaella suspirou, a menor ficava muito bonita com aquela roupa branca que costumava usar no hospital.

Seus olhos não deixaram de notar a tira preta do maiô de Bianca, levemente à mostra, o que a lembrava que elas logo entrariam na piscina. A carioca sorriu para ela e sua mente vagou para algo que ela precisava compartilhar urgentemente com Bianca, era algo crucial.

-- A professora me ensinou um montão de coisas e ainda me deixou escrever de caneta. Pode acreditar? -- Rafaella disse, animada demais por aquele simples fato, tendo em vista que quando tinha seus seis anos escrevia apenas de lápis.

-- Isso é realmente incrível. -- a carioca disse rindo, segurando com cuidado um pouco abaixo do joelho da garota para continuar a girar seu corpo.

-- Tive aula esta manhã também. -- a mineira disse. -- E dessa vez foi com três pessoas da idade da mamãe. -- Bianca franziu o cenho e fitou Genilda.

-- Eles estão se alfabetizando só agora e achei que seria legal ela se enturmar com pessoas mais velha. -- Explicou, vendo Bianca assentir.

-- A senhora Ruldoff disse para eu ver séries adolescentes. -- Rafaella disse sorrindo.

-- Incrível, mas vamos lá. Acha que pode fazer isso sozinha? -- Bianca perguntou, vendo a mineira fazer uma careta.

-- Assistir séries? -- Ela perguntou confusa, ouvindo uma doce risada sair dos lábios de Bianca.

-- Não, Rafaella. Me referia aos movimentos. -- Explicou com um sorriso.

-- Não sei. Se você está fazendo já me faz sentir dor imagina se eu fizer sozinha?

-- Você está com dor? Por que não me disse? -- a carioca perguntou preocupada. -- Aonde dói?

-- Minha barriga. -- Rafaella disse, levando uma mão até a beira de sua camisa e subindo-a. -- Bem aqui. -- Colocou a mão sobre o ventre, fazendo Bianca franzir o cenho.

-- Essa dor começou quando? -- a carioca indagou.

-- Quando você começou a me mexer assim. -- Explicou, paralisando no mesmo momento. Ela ficou alguns segundos parada, sem dizer nada ou sequer se mover, até que seus cílios começaram o tão famoso show, tocando-se tão rápidos quanto podiam. -- Mamãe! -- Disse alto.

-- Sim? -- Genilda perguntou, surpresa pelo tom desesperado na voz de sua filha.

-- Eu... Eu... -- Sua respiração começou a se acelerar e então a garota caiu no choro, fazendo ambas lhe fitarem preocupadas.

-- O que houve, querida? -- Genilda perguntou, se agachando ao lado da filha.

-- Eu não queria. Eu juro! -- Disse ainda chorando. O que deu nela? Ela estava bem até alguns segundos atrás, pensou a mais velha.

-- Rafaella, seja lá o que tenha acontecido, está tudo bem. -- Bianca disse brandamente, vendo a mineira negar freneticamente a cabeça. -- O que houve?

-- Eu... -- Um pequeno soluço foi sufocado. -- Acho que eu fiz xixi na roupa. -- Genilda arregalou os olhos ante à declaração e automaticamente seus olhos desceram para a região, porém estava seco.

-- Querida, você não fez xixi. Está seca. -- Ela informou, vendo a filha voltar a soluçar e enxugar uma lágrima antes de erguer a cabeça e ver por si própria.

-- Mas eu senti. -- Ela afirmou, não convencida do que via. Sua mãos foram para o cós do short de lycra, subindo-o junto com sua calcinha, apenas para arregalar os olhos e começar um choro compulsivo.

-- Filha, o que...

-- Eu vou morrer, mamãe. -- Rafaella disse chorando ainda mais, fazendo uma força extra para remover as pernas de cima da bola. -- Me ajuda! -- Pediu, sentindo a mulher lhe abraçar e trazer seu corpo para seu colo.  (n/a: dei outro gritooooKKKKKKKKKKKKKKKKK)

-- Eu acho que tenho uma ideia do que esteja acontecendo aqui. -- Bianca disse um pouco consternada.

-- Tem sangue. -- a mineira disse entre os soluços, fazendo Genilda cair em si. Um pequeno sorriso divertido apareceu nos lábios de Bianca antes de ela se levantar e ir até sua bolsa.

-- Tome. -- Ela disse assim que voltou, entregando um absorvente para Genilda. -- Está perto de descer para mim e por isso ando prevenida.

-- Filha, você não está morrendo, meu amor. -- Genilda disse, porém foi em vão, o choro continuava.

-- Rafaella, acontece com todas as mulheres quando ficam grandinhas. -- Bianca disse se sentando ao seu lado e acariciando suas costas. -- Vai acontecer comigo em alguns dias também. É algo que vem todos os meses. -- Explicou, vendo a mineira se virar para ela, focando toda sua atenção em seus olhos.

-- Todos... os meses? -- Perguntou soltando um soluço involuntariamente. Seus olhos avermelhados fizeram a carioca sentir urgência em acalmar a garota.

-- Sim. -- Bianca disse, segurando sua mão e levando até seus lábios, depositando um beijo sobre a pele.

-- Então eu não vou morrer? -- Rafaella perguntou, vendo a outra mão de Bianca enxugar suas lágrimas.

-- Todos nós iremos morrer um dia, mas não por isso. -- a carioca disse sorrindo, vendo o olhar assustado de Rafaella se transformar em confuso.

-- E o que eu faço agora? -- Indagou.

-- Eu dei um pacotinho para a sua mãe e ela te ensinará como usar. -- Explicou. -- Tem chuveiros no banheiro esquerdo.

-- Mas e a dor? É normal? -- Perguntou.

-- Se chamam cólicas e algumas de nós, infelizmente, sofremos com isso. -- Disse fazendo uma careta. -- Vá com a sua mãe tomar um banho e vestir a roupa que usaria depois da piscina. Eu vou até a outra ala do hospital pegar um remédio para sua dor e você vai ficar bem, tudo bem?

-- Bi, depois você faz carinho na minha barriga para passar? -- Perguntou em uma careta de dor e Bianca assentiu.

-- Faço, anjinho. -- Disse, envolvendo seus braços ao redor da garota e ajudando Genilda a colocá-la na cadeira. -- Nos vemos em alguns minutos.

-- Não demora. Dói muito. -- Pediu, sentindo os lábios macios da carioca tocarem a pele de seu rosto.

-- Eu vou tão rápido que você nem vai perceber que eu fui. -- Disse, sentindo a mineira entrelaçar seus dedos por alguns segundos.

-- Tudo bem. -- Disse, soltando os dedos de Bianca quando sua mãe começou a empurrar a cadeira para longe da garota. -- Já estou percebendo, Bi. -- Ela gritou de longe, fazendo Bianca gargalhar graciosamente antes de correr em busca do remédio que prometera à Rafaella.

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E com isso eu digo até amanhã!  😍

Em um piscar de olhosOnde histórias criam vida. Descubra agora