Naquele momento estavam diante da máquina, Rafaella, que já se encontrava deitada, porém chorava alto, temendo ficar sozinha.
-- Rafinha, eu não posso entrar ali com você, mas ficarei aqui fora te vendo. -- Bianca disse, vendo a maior negar com a cabeça.
-- Você disse que não sairia do meu lado. -- A menina disse chorando e Bianca suspirou. -- Por favor...
-- Olha... -- Bianca disse, levando sua mão ao rosto de Rafaella e enxugando delicadamente as lágrimas da região. -- Eu não vou sair daqui. Que tal se brincarmos de algo bem legal? -- a mineira fungou, cessando o choro para prestar mais atenção em Bianca.
-- Do quê? -- Perguntou ainda soltando soluços involuntários.
-- Vamos imaginar que essa é a sua nave espacial. -- a carioca disse. -- Você precisa se deitar aí e ficar quietinha enquanto eu conto uma história. Combinado? -- Rafaella pensou um pouco e então assentiu e Bianca sorriu, se inclinando e deixando um beijo no rosto da menina. -- Por isso que eu gosto de você, porque sabe se comportar. -- a mineira sorriu timidamente e então Bianca olhou para o médico, acenando com a cabeça como confirmação.
No momento seguinte à máquina levou Rafaella para dentro e Bianca respirou fundo.
-- Bi? Tem uma luz na minha cara. -- Rafaella disse preocupada, mas se sentiu aliviada quando ouviu a risada de Bianca.
-- Essa aí é a luz da sua nave. -- a mineira ouviu Bianca dizer e sorriu animada. -- Rafinha... -- a carioca disse olhando para o médico. -- O médico me pediu para contar para ele sobre o que você não me deixou falar lá no quarto.
-- Bi... Não! -- O tom de voz foi preocupado e o médico assentiu. -- Por favor, não diz para ele. É um segredo.
-- Tudo bem, princesa. Se acalme tudo bem? -- Bianca disse assim que o médico deu o sinal. -- Pode ficar quietinha um segundo para ele tirar uma foto do seu cérebro?
-- E a história? -- Bianca sorriu e ignorou o fato de o médico estar ouvindo-a.
-- Era uma vez, uma garota que não vivia em nossa galáxia. Ela se chamava Rafaella...
-- Igual eu?
-- Sim, meu anjo, mas preciso que fique quietinha sem falar. Pode só me ouvir? -- Pediu com doçura em sua voz, vendo o médico assentir em positivo para ela.
-- Sim. -- a mais alta disse e então Bianca continuou.
-- Ela andava em sua nave pelo espaço em sua missão, mas aí uma estrela gigante, chamada Betelgeuse, atrapalhou seu caminho, a jogando em um planeta muito longe do dela. Lá ela encontrou amigos e uma garota muito disposta a ajudá-la...
Rafaella ouvia toda a história atentamente e nem percebeu quando seu corpo já estava diante do de Bianca novamente.
-- Eu disse que não doeria, viu? -- a carioca disse, vendo Rafaella assentir e esticar os braços pedindo um abraço. Bianca se debruçou sobre ela, sem colocar demasiada força sobre seu corpo, e sentiu os braços pálidos rodearam seu pescoço.
-- Bi, e no final a Rafaella fica com a Bianca? -- a carioca riu, percebendo o quão ingênua a garota era.
-- Sim, Rafinha. Elas ficaram juntas. -- Disse, se afastando do abraço.
-- Mesmo a Rafaella sendo de outro planeta e diferente? -- Perguntou, vendo o enfermeiro pegá-la no colo e coloca-la na cadeira de rodas, visto que ela ainda precisava da fisioterapia para conseguir andar sem problemas. Seus braços também estavam fracos, porém, estavam muito mais fortes do que as pernas.
-- Sim. Mesmo a Rafaella sendo de outro planeta. -- Ela disse quando começou a empurrar a cadeira pelos corredores do hospital, levando a mineira de volta para seu quarto. -- A Bianca era concentrada demais no trabalho dela, nas estrelas, em seus equipamentos... -- a carioca disse, tendo Rafaella totalmente antenada em suas palavras. -- Acho que justamente o fato de Rafaella ser diferente chamou a atenção dela. Não era qualquer pessoa que a faria ter interesse daquela forma.
-- A Rafaella deve ter ficado muito feliz da Bianca querer cuidar dela para sempre. -- a mineira disse e Bianca sorriu.
-- E a Bianca deve ter ficado muito feliz por Rafaella ter ficado com ela. -- Disse, vendo a maior virar o corpo para trás e lhe fitar.
-- Você vai embora? -- Bianca franziu o cenho.
-- Como?
-- Você vai ir embora da minha vida ou vai fazer igual a Rafaella e ficar? -- Bianca parou a cadeira e andou até a frente da menina, se ajoelhando na frente dela.
-- Eu vou fazer igual a Rafaella e ficar. -- Ela disse, segurando as mãos da garota. -- Porque assim como a Bianca dessa história, eu também tenho a minha Rafaella para cuidar. -- a carioca não podia explicar a intensidade do sorriso que rasgou o rosto da mineira.
A menor suspirou bobamente e lembrou a si mentalmente que Rafaella era apenas uma criança em um corpo adulto, não teriam um história de amor igual aos contos de fadas, mas sua vontade de cuidar dela não iria embora por isso, pelo contrário, só queria cuidar dela cada vez mais.
-- Bi?
-- Sim?
-- Eu vou crescer. -- Rafaella disse sorrindo. -- Você ainda vai cuidar de mim quando a minha mente ficar grande? -- Bianca riu e assentiu.
-- Vou, meu amor, mas não quero que se desespere para crescer. Viva um dia de cada vez. -- Ela disse e Rafaella assentiu.
-- Posso te contar um segredo? -- a mineira perguntou assim que Bianca se levantou e voltou a empurrar sua cadeira.
-- Diz.
-- Eu... -- O tom de voz preocupou consideravelmente a carioca, que voltou a parar e a se abaixar na frente de Rafaella. A menina estava corada e piscando sem parar.
-- Hey, você está bem? -- Bianca perguntou, vendo Rafaella pressionar os olhos fortemente e assentir. -- O que queria me dizer?
-- Eu quero fazer cocô. -- Sussurrou de cabeça baixa, fazendo Bianca suspirar ao ver os olhos voltando ao normal.
-- E como eu posso te ajudar? -- Bianca perguntou confusa.
-- As minhas pernas não têm muita força. -- Disse sem jeito. -- Poderia me colocar lá? -- A menor assentiu, levando Rafaella até o banheiro de seu quarto.
-- Consegue se segurar sozinha? -- Bianca perguntou, sabendo que Rafaella não tinha muita força nos braços ainda.
-- Sim. -- a mineira disse voltando a piscar muito rápido. Bianca assentiu e deixou o banheiro sem jamais olhar para a Rafaella da cintura para baixo.
Agora ela só precisava esperar o doutor chegar para ela finalmente descobrir o porquê de Rafaella piscar daquele jeito.
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Em um piscar de olhos
FanfictionRafaella Kalimann tinha apenas seis anos quando seus pais decidiram tirar as tão famosas férias em família. Iriam para a Tailândia, porém, o destino lhes foi cruel, causando o choque de um caminhão desgovernado contra o carro onde estavam durante o...