XXIV

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-- Mamãe, eu posso pedir algo de presente de natal? -- Rafaella perguntou, fazendo sua mãe lhe fitar.

-- Querida, não posso comprar mais nada agora, já é quase meia noite. -- Sua mãe informou enquanto comia.

-- Não, mamãe. Não é nada que precise comprar.

-- Então diga, querida.

-- Posso mostrar meu quarto para a Bi? O James está aqui hoje, ele pode me levar lá em cima. -- Bianca, que limpava o canto de sua boca com o guardanapo olhou surpresa para Rafaella.

-- Eu fiz certo em não comer nada durante o dia. Isso aqui está uma delícia. -- Miguel mencionou, alheio às pessoas na mesa.

-- Já terminaram de comer, hm? Então, sim, querida. Podem ir. -- Genilda disse, chamando James no momento seguinte. -- Bianca, só se certifique de descerem antes da meia noite para abrirmos os presentes.

-- Pode deixar comigo. -- Ela disse, vendo James adentrar a cozinha e começar a empurrar a cadeira de Rafaella até a escaria da sala. A garota se levantou e viu Bob sussurrar algo que a fez enrubescer:

-- Tchuneves. -- O rapaz sibilou sem que a mãe da garota pudesse ver. Ele ergueu seu corpo, simulando uma investida em alguém e logo tremeu os dedos no ar, como se estivesse masturbando uma mulher.

Bianca ignorou a ação estúpida e indecente de seu amigo, até porque sabia que ele estava apenas brincando, e seguiu Rafaella e James, pedindo licença antes de sair da cozinha. O homem embalou a mineira nos braços e a levou escada acima, a colocando na cadeira de rodas que tinha no piso superior.

-- Obrigada, deixa que daqui eu consigo. -- a carioca disse gentilmente, fazendo o homem assentir e voltar para a sua refeição.

-- É na última porta, Bi. -- Rafaella explicou, apontando para o fim do corredor.

-- Sim, senhora. -- Bianca brincou, rindo.

-- É senhorita, Bi. Eu não sou casada. -- Rafaella disse e Bianca riu, chegando ao fim do corredor.

A mineira empurrou com a mão a porta branca e os olhos de Bianca se encantaram com o que viram. Haviam pequenas fadas de gesso para todos os lados. Sobre sua cama havia as que se sustentavam por um pequeno fio de Nylon transparente, dando a sensação de que voavam. O tilintar dos metais pendurados que se esbarravam pelo vento que provinha da janela aberta soou como melodia para Bianca. A sensação de que havia entrado no mundo do Peter Pan, no mundo dos sonhos, era bem real.

-- O seu quarto é incrível. -- a carioca comentou completamente embasbacada com tudo.

-- Eu gosto muito de fadas. -- Ela confessou, entrelaçando seus dedos com os de Bianca quando a menor parou ao seu lado. -- Você se parece com elas. -- O pescoço da carioca, na mesma hora, se virou de encontro com Rafaella, surpresa demais ao ouvir aquilo.

-- Pareço? -- Perguntou, vendo a loira assentir e puxar seu braço. A menor entendeu o recado e se inclinou, colocando as duas mãos, uma de cada lado, no apoio braçal da cadeira de rodas de Rafaella.

-- Sim. -- a mineira disse, levando sua mão aberta até o rosto de Bianca e acariciando. -- A sua pele é macia igual a delas parece ser. -- Disse pondo toda a atenção de seus olhos nos traços da carioca. -- E você é fisicamente delicada e meiga igual elas.

-- Uau. -- Bianca sentiu-se completamente lisonjeada.

-- E a sua voz é doce. -- Disse suspirando. -- E os seus olhos são cativantes. Você só não tem asinhas, mas eu acho que você cortou elas para enganar todo mundo. -- Disse franzindo o cenho. -- Sabe mais o que eu acho, Bi?

-- Não. O quê? -- Bianca perguntou sorrindo.

-- Que você é uma fada disfarçada. -- Disse acariciando o rosto da carioca, presa demais à beleza inegável da garota. -- E que você apareceu na minha vida e jogou seu pózinho mágico de fada em mim e por isso eu acordei.

-- Você acha mesmo isso? -- Bianca perguntou sorrindo, extremamente encantada com as palavras de Rafaella.

-- Sim. Você é a minha fada. A fada Bi. -- a carioca riu graciosamente. Rafaella a via de uma maneira tão pura e linda que foi impossível não se sentir transbordando emoção.

-- Meu coração é fraco demais para aguentar tanto elogio de você. -- Bianca brincou rindo.

-- Bi, me conta uma estória de pirata? -- Rafaella pediu, fazendo dois "O's" com as mãos e as levando aos próprios olhos, como se fosse um binóculo.

-- Acho que não conheço nenhuma assim. -- a morena disse. -- Vem, vou te ajeitar na sua cama para você ficar mais confortável. -- Dito isso, fechou a janela, pois estava muito frio e empurrou a cadeira de rodas até a beira da cama. Ela levantou Rafaella nos braços, a colocando sobre cama. A maior se arrastou até o cantinho e franziu o cenho.

-- Ops. Eu não deveria querer ouvir estórias. -- Disse com a expressão repleta de culpa.

-- Tem uma onde Bianca é pirata, mas em só uma parte da estória.

-- Por quê? -- a menina perguntou curiosamente.

-- Porque é uma estória sobre reencarnações. Se chama "O amor nunca morre." -- Explicou, se sentando na cama.

-- Deita aqui, Bi. Já falei que gosto de você pertinho. -- Rafaella disse e Bianca sorriu, obedecendo-a. Deixou apenas seus pés para fora da cama e se recostou na cabeceira, tendo a maior se encostando em seu corpo.

-- Melhor assim? -- a carioca perguntou e viu Rafaella assentir.

-- Onde você aprendeu tanta estória? -- a loira perguntou.

-- Eu nunca tive tantos amigos, nunca fui muito sociável, então passava todo o meu tempo estudando ou lendo por hobby.

-- Oh! -- Rafaella expressou. -- Bi, a mamãe vai brigar comigo. -- a mineira disse, coçando os olhos.

-- Por quê?

-- Porque eu estou com sono. Não vou aguentar meia noite. -- Disse, bocejando no momento seguinte. Bianca se esquivou dela e retirou os seus sapatos, fazendo o mesmo consigo mesma.

-- Vem aqui. -- Bianca chamou assim que se deitou de vez na cama. A mineira não hesitou em se aconchegar nos braços da garota, afinal ela adorava estar ali.

-- Você vai ficar aqui comigo? -- Rafaella indagou, fechando os olhos ao sentir o carinho de Bianca em seus cabelos.

-- Assim que você dormir eu chamo a sua mãe para vir vestir roupas mais confortáveis em você. -- Bianca disse.

-- Dorme comigo hoje? -- Rafaella pediu.

-- Não sei se devo. -- a carioca disse verdadeiramente.

-- Eu peço para a mamãe como presente de natal. -- Disse, se forçando a manter-se acordada.

-- Pensei que já tivesse pedido para eu conhecer o seu quarto. -- Bianca disse rindo, jamais cessando suas carícias.

-- Dormi por quatorze anos, Bi. Tenho mais treze pedidos de natal. -- Rafaella disse, fazendo a carioca gargalhar.

-- Muito bem pensado. -- Ela disse suavemente, depositando um beijo na testa de Rafaella.

-- Você não vai descer para abrir os seus presentes? -- a mineira perguntou, se aconchegando melhor sobre o corpo quente de Bianca.

-- Meu melhor presente de natal é poder passar um tempinho com você. -- Sussurrou, sentindo Rafaella suspirar sobre si.

-- Boa noite, Bi. -- a mineira sussurrou, totalmente dopada de sono. -- Feliz natal para a minha fada. -- Bianca sorriu bobamente.

-- Boa noite, Rafinha. -- Retribuiu. -- E feliz natal para a minha princesinha.

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Hoje já é outro dia neh?  🤧🤧🤧

Tomara que eu explodaaa!  🥺🥺🥺

Em um piscar de olhosOnde histórias criam vida. Descubra agora