-- Mamãe, eu posso pedir algo de presente de natal? -- Rafaella perguntou, fazendo sua mãe lhe fitar.
-- Querida, não posso comprar mais nada agora, já é quase meia noite. -- Sua mãe informou enquanto comia.
-- Não, mamãe. Não é nada que precise comprar.
-- Então diga, querida.
-- Posso mostrar meu quarto para a Bi? O James está aqui hoje, ele pode me levar lá em cima. -- Bianca, que limpava o canto de sua boca com o guardanapo olhou surpresa para Rafaella.
-- Eu fiz certo em não comer nada durante o dia. Isso aqui está uma delícia. -- Miguel mencionou, alheio às pessoas na mesa.
-- Já terminaram de comer, hm? Então, sim, querida. Podem ir. -- Genilda disse, chamando James no momento seguinte. -- Bianca, só se certifique de descerem antes da meia noite para abrirmos os presentes.
-- Pode deixar comigo. -- Ela disse, vendo James adentrar a cozinha e começar a empurrar a cadeira de Rafaella até a escaria da sala. A garota se levantou e viu Bob sussurrar algo que a fez enrubescer:
-- Tchuneves. -- O rapaz sibilou sem que a mãe da garota pudesse ver. Ele ergueu seu corpo, simulando uma investida em alguém e logo tremeu os dedos no ar, como se estivesse masturbando uma mulher.
Bianca ignorou a ação estúpida e indecente de seu amigo, até porque sabia que ele estava apenas brincando, e seguiu Rafaella e James, pedindo licença antes de sair da cozinha. O homem embalou a mineira nos braços e a levou escada acima, a colocando na cadeira de rodas que tinha no piso superior.
-- Obrigada, deixa que daqui eu consigo. -- a carioca disse gentilmente, fazendo o homem assentir e voltar para a sua refeição.
-- É na última porta, Bi. -- Rafaella explicou, apontando para o fim do corredor.
-- Sim, senhora. -- Bianca brincou, rindo.
-- É senhorita, Bi. Eu não sou casada. -- Rafaella disse e Bianca riu, chegando ao fim do corredor.
A mineira empurrou com a mão a porta branca e os olhos de Bianca se encantaram com o que viram. Haviam pequenas fadas de gesso para todos os lados. Sobre sua cama havia as que se sustentavam por um pequeno fio de Nylon transparente, dando a sensação de que voavam. O tilintar dos metais pendurados que se esbarravam pelo vento que provinha da janela aberta soou como melodia para Bianca. A sensação de que havia entrado no mundo do Peter Pan, no mundo dos sonhos, era bem real.
-- O seu quarto é incrível. -- a carioca comentou completamente embasbacada com tudo.
-- Eu gosto muito de fadas. -- Ela confessou, entrelaçando seus dedos com os de Bianca quando a menor parou ao seu lado. -- Você se parece com elas. -- O pescoço da carioca, na mesma hora, se virou de encontro com Rafaella, surpresa demais ao ouvir aquilo.
-- Pareço? -- Perguntou, vendo a loira assentir e puxar seu braço. A menor entendeu o recado e se inclinou, colocando as duas mãos, uma de cada lado, no apoio braçal da cadeira de rodas de Rafaella.
-- Sim. -- a mineira disse, levando sua mão aberta até o rosto de Bianca e acariciando. -- A sua pele é macia igual a delas parece ser. -- Disse pondo toda a atenção de seus olhos nos traços da carioca. -- E você é fisicamente delicada e meiga igual elas.
-- Uau. -- Bianca sentiu-se completamente lisonjeada.
-- E a sua voz é doce. -- Disse suspirando. -- E os seus olhos são cativantes. Você só não tem asinhas, mas eu acho que você cortou elas para enganar todo mundo. -- Disse franzindo o cenho. -- Sabe mais o que eu acho, Bi?
-- Não. O quê? -- Bianca perguntou sorrindo.
-- Que você é uma fada disfarçada. -- Disse acariciando o rosto da carioca, presa demais à beleza inegável da garota. -- E que você apareceu na minha vida e jogou seu pózinho mágico de fada em mim e por isso eu acordei.
-- Você acha mesmo isso? -- Bianca perguntou sorrindo, extremamente encantada com as palavras de Rafaella.
-- Sim. Você é a minha fada. A fada Bi. -- a carioca riu graciosamente. Rafaella a via de uma maneira tão pura e linda que foi impossível não se sentir transbordando emoção.
-- Meu coração é fraco demais para aguentar tanto elogio de você. -- Bianca brincou rindo.
-- Bi, me conta uma estória de pirata? -- Rafaella pediu, fazendo dois "O's" com as mãos e as levando aos próprios olhos, como se fosse um binóculo.
-- Acho que não conheço nenhuma assim. -- a morena disse. -- Vem, vou te ajeitar na sua cama para você ficar mais confortável. -- Dito isso, fechou a janela, pois estava muito frio e empurrou a cadeira de rodas até a beira da cama. Ela levantou Rafaella nos braços, a colocando sobre cama. A maior se arrastou até o cantinho e franziu o cenho.
-- Ops. Eu não deveria querer ouvir estórias. -- Disse com a expressão repleta de culpa.
-- Tem uma onde Bianca é pirata, mas em só uma parte da estória.
-- Por quê? -- a menina perguntou curiosamente.
-- Porque é uma estória sobre reencarnações. Se chama "O amor nunca morre." -- Explicou, se sentando na cama.
-- Deita aqui, Bi. Já falei que gosto de você pertinho. -- Rafaella disse e Bianca sorriu, obedecendo-a. Deixou apenas seus pés para fora da cama e se recostou na cabeceira, tendo a maior se encostando em seu corpo.
-- Melhor assim? -- a carioca perguntou e viu Rafaella assentir.
-- Onde você aprendeu tanta estória? -- a loira perguntou.
-- Eu nunca tive tantos amigos, nunca fui muito sociável, então passava todo o meu tempo estudando ou lendo por hobby.
-- Oh! -- Rafaella expressou. -- Bi, a mamãe vai brigar comigo. -- a mineira disse, coçando os olhos.
-- Por quê?
-- Porque eu estou com sono. Não vou aguentar meia noite. -- Disse, bocejando no momento seguinte. Bianca se esquivou dela e retirou os seus sapatos, fazendo o mesmo consigo mesma.
-- Vem aqui. -- Bianca chamou assim que se deitou de vez na cama. A mineira não hesitou em se aconchegar nos braços da garota, afinal ela adorava estar ali.
-- Você vai ficar aqui comigo? -- Rafaella indagou, fechando os olhos ao sentir o carinho de Bianca em seus cabelos.
-- Assim que você dormir eu chamo a sua mãe para vir vestir roupas mais confortáveis em você. -- Bianca disse.
-- Dorme comigo hoje? -- Rafaella pediu.
-- Não sei se devo. -- a carioca disse verdadeiramente.
-- Eu peço para a mamãe como presente de natal. -- Disse, se forçando a manter-se acordada.
-- Pensei que já tivesse pedido para eu conhecer o seu quarto. -- Bianca disse rindo, jamais cessando suas carícias.
-- Dormi por quatorze anos, Bi. Tenho mais treze pedidos de natal. -- Rafaella disse, fazendo a carioca gargalhar.
-- Muito bem pensado. -- Ela disse suavemente, depositando um beijo na testa de Rafaella.
-- Você não vai descer para abrir os seus presentes? -- a mineira perguntou, se aconchegando melhor sobre o corpo quente de Bianca.
-- Meu melhor presente de natal é poder passar um tempinho com você. -- Sussurrou, sentindo Rafaella suspirar sobre si.
-- Boa noite, Bi. -- a mineira sussurrou, totalmente dopada de sono. -- Feliz natal para a minha fada. -- Bianca sorriu bobamente.
-- Boa noite, Rafinha. -- Retribuiu. -- E feliz natal para a minha princesinha.
🗼
Hoje já é outro dia neh? 🤧🤧🤧
Tomara que eu explodaaa! 🥺🥺🥺
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Em um piscar de olhos
FanfictionRafaella Kalimann tinha apenas seis anos quando seus pais decidiram tirar as tão famosas férias em família. Iriam para a Tailândia, porém, o destino lhes foi cruel, causando o choque de um caminhão desgovernado contra o carro onde estavam durante o...