Exausta. Era assim que Bianca se sentia; Babu havia abusado de seu poder e feito a carioca trabalhar muito mais do que o normal, incluindo ter que buscar café do outro lado do hospital para ele várias vezes.
Ela sabia que isso aconteceria, pois o senhor Santana não estava lidando muito bem com o fato de ela, ainda não estando formada, pegar um caso tão raro e importante quanto o de Rafaella. A mineira era um milagre da medicina e, apesar do pouco tempo que estava acordada, seu nome já se destacava nas principais manchetes por todo o país. Juntamente com seu nome, se destacava o nome de todos os médicos e envolvidos no tratamento, obviamente o sobrenome Andrade ficaria conhecido dentre o cenário da saúde e, certamente, Babu gostaria que seu nome estivesse junto.
Bianca fez o favor de deixar o homem ainda naquela lista, não por ele obviamente, e sim por Rafaella, mas o homem não parecia satisfeito com isso, afinal tantos anos de carreira não serviram para tirá-lo do cargo de auxiliar em uma manchete importante, ele se sentia humilhado provavelmente.
A menor tomou um banho rápido no próprio hospital e se dirigiu ao quarto de Rafaella. Genilda a recebeu com a mesma gentileza de sempre e disse que já havia deixado na recepção a autorização para ela passar a noite com Rafaella, explicou também que sobre a mesinha havia seu número anotado em um papel. Camila o anotou em seu celular por garantia, ela era desastrada havia tempo suficiente para saber que um pedaço de papel poderia ser facilmente destruído de várias formas.
Rafaella não queria que sua mãe fosse, mas quando Bianca explicou que Genilda precisava dormir em uma cama confortável e comer algo saudável a menina acabou por concordar com a carioca.
-- Hey, Rafinha, minha irmã tem algumas bonecas em minha casa. Ela não mora aqui, mas às vezes vem me visitar. Gostaria que eu trouxesse para brincarmos? -- Rafaella fez uma careta e negou.
-- Eu não gosto de bonecas. -- Bianca riu e assentiu.
-- Para ser sincera eu também nunca gostei. -- a mais alta assentiu sem sequer olhar para Bianca. -- Hey, o que você tem?
-- Nada. -- Rafaella disse baixando seus olhos para suas mãos.
-- E o que está gerando essa carinha triste, então? -- a mineiracomeçou a piscar rápido demais para Bianca considerar algo normal. -- Rafaella, você está bem? -- Os olhos não pararam de piscar, tendo a loira os pressionando fortemente no momento seguinte e então Bianca segurou sua mão. -- Eu vou chamar um médico, espere.
-- Bi... -- Rafaella disse, segurando sua mão apressadamente, fazendo a menor lhe fitar novamente -- Não!
-- Então respire. Tudo bem? Sente alguma dor? Algo fora do comum? -- Bianca perguntou, subindo na cama e embalando Rafaella em seus braços. A mineira negou lentamente, começando a parar de piscar tão rápido. Bianca ficou acariciando suas costas até a garota voltar ao normal.
-- Desculpe. -- Rafaella pediu baixinho, afundando seu rosto na curva do pescoço da carioca.
-- Não tem por que se desculpar, anjinho. -- Bianca disse calmamente. -- Eu vou precisar comunicar o médico sobre isso, de qualquer forma, tudo bem para você?
-- Não, por favor. -- Rafaella pediu, começando um choro baixinho. -- Não me deixa sozinha.
-- Shhh, tudo bem. Não vou sair do seu lado. Esperarei alguma enfermeira vir para a ronda noturna então, mas se algo mais estranho acontecer eu precisarei ir, tudo bem? -- Rafaella assentiu, virando seu rosto na direção de Bianca, prestando atenção em cada detalhe.
-- Eu não sou normal? -- A garota perguntou subitamente, fazendo Bianca olhar na direção de seu próprio ombro, que era onde o rosto de Rafaella estava.
-- Por que está me perguntando isso? -- Rafaella enrubesceu e Bianca notou os olhos voltarem a piscar muito rápido, deixando a sensação de preocupação inundar seu ser novamente. A carioca decidiu se virar e apertar o botão ao lado da cama, que era usado somente para urgências. Depois se desculparia por isso, mas precisava de alguém ali.
-- O moço da TV falou de vida amorosa, que era normal na minha idade, mas eu... -- Os olhos não paravam de piscar e Bianca começou a balançar lentamente as duas, como se estivesse ninando a garota. -- Eu não sou normal? -- A voz saiu baixa e triste.
Bianca não pôde responder àquela pergunta, pois o quarto fora invadido por toda uma equipe de médicos, com equipamentos prontos para uso. Bianca sorriu sem graça e desceu da cama.
-- Então, eu precisava de alguém aqui. -- a carioca começou sua explicação, um pouco envergonhada. -- Mas eu não podia sair do quarto então eu... oh, céus, sinto muito. -- Ela disse enrubescendo. Algumas pessoas reviraram os olhos e saíram, mas um médico ficou.
-- Pois não? -- Ele perguntou gentilmente.
-- Estávamos conversando e, de repente, ela começou a piscar muito rápido e às vezes pressionava os olhos fortemente. Eu fiquei preocupada, isso não é normal. -- Bianca disse.
-- Era para tentar parar. -- Rafaella disse e então o médico se aproximou da cama.
-- Tentar para o quê? -- O doutor perguntou, acendendo sua pequena lanterna nos olhos da garota. -- Siga meu dedo com os olhos. -- Ele pediu e Rafaella o fez.
-- De piscar. -- Rafaella replicou. -- Eu apertei os olhos fortemente para tentar parar de piscar.
-- Sentiu algo? Tontura, dor, mal-estar? Algo diferente? -- a mineira pareceu pensar e logo assentiu.
-- As minhas bochechas arderam. -- O médico assentiu, olhando para Bianca.
-- Sobre o que falavam?
-- Bi, não! -- Rafaella pediu com veemência, enrubescendo; seus olhos começaram a repetir o mesmo de alguns minutos antes ao piscarem rapidamente. Rafaella apertou fortemente eles e negou com a cabeça. -- Não param! Argh! -- ela disse.
-- Vou levá-la para uma ressonância e precisarei que você toque neste mesmo assunto com ela quando estivermos lá. -- Ele disse, fazendo Bianca assentir.
-- Devo ligar para a mãe dela? -- a carioca perguntou aflita, cruzando os braços. O doutor apenas sorriu e negou.
-- Se for o que eu estou pensando então não tem com o que se preocupar. -- Ele disse calmamente. -- Vamos fazer a ressonância, hm? Depois disso se o resultado for algo negativo você chama a mãe dela, mas eu acredito que não será necessário. -- Bianca assentiu, vendo o homem acariciar seu braço sem malícia, apenas a confortando.
-- Hey, princesa... -- a carioca chamou assim que o médico saiu, se debruçando sobre a cama. -- Vamos fazer um exame rápido em você, tudo bem? Eu vou estar lá com você.
-- Vai doer? -- Rafaella perguntou assustada.
-- Não. O médico só vai tirar uma foto do seu cérebro. -- Ela disse, sentindo os dedos de Rafaella se entrelaçarem nos seus.
-- Igual o moço da TV? -- Perguntou curiosamente e Bianca negou com a cabeça.
-- De jeito nenhum. O moço da TV é um homem bobo. Não quero que pense que você tem algum problema ou que é anormal, tudo bem?
-- Mas eu não sou igual a maioria da minha idade. Eu deveria ser. -- Ela disse, sentindo Bianca acariciar seu rosto.
-- Vou contar um segredo. -- Ela disse baixinho. -- Ninguém é igual ninguém. Não quero que se sinta triste com o que ele disse, tudo bem?
-- Você promete que não liga? -- Bianca sorriu e assentiu.
-- De dedinho. -- a carioca respondeu, entrelaçando seu dedo mindinho com o de Rafaella.
-- Então eu deixo o médico tirar foto do meu cérebro. -- a mineira disse sorrindo, fazendo Bianca sorrir também, porém internamente ela sentia um medo avassalador. Mesmo com o médico achando não ser algo preocupante, a carioca só se acalmaria quando soubesse do que se tratava aquele piscar de olhos.
🗼
O que vocês acham que é o piscar de olhos? Hmm??
Tô tão boiola que tô me segurando pra não trazer a fic toda de uma vez. 🥺
Até depois.
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Em um piscar de olhos
FanfictionRafaella Kalimann tinha apenas seis anos quando seus pais decidiram tirar as tão famosas férias em família. Iriam para a Tailândia, porém, o destino lhes foi cruel, causando o choque de um caminhão desgovernado contra o carro onde estavam durante o...