Revelação

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Mal consegui esconder o espanto que tive ao olhar para a decoração daquela enorme sala. Assim como nos outros cômodos, aquele também possuía um ar extremamente luxuoso. O longo carpete vermelho percorria o chão, enquanto as enormes cortinas douradas cobriam duas das paredes ao nosso redor. O enorme lustre no teto não passava despercebido, dava um enorme destaque ao ambiente com seus detalhes em vidro que brilhavam bastante devido a luz do centro. Estátuas em bronze, de samurais em suas enormes armaduras, estavam espalhadas pelos cantos do local, muito parecidas com as que eu havia visto antes. Enquanto nos aproximavámos, pude notar que na parede a nossa frente haviam muitos quadros de diversas paisagens, tão belas e muito bem detalhadas sobre as telas. Uma delas acabou me chamando muita a atenção, por algum motivo ela me parecia extremamente familiar, mas nada via em minha mente naquele momento.
Uma enorme mesa de marfim estava próxima a essas pinturas e era ali que Takeshi se encontrava ao lado de seus fiéis soldados.
- Sentem-se, por favor.
Fizemos o que ele pediu, Genma sentou-se na poltrona a esquerda, eu me sentei ao lado dele, no centro, e Kakashi ao meu lado direito.
- Obrigado por terem esperado. Sei que passaram por muitas coisas para chegarem até aqui - argumentou Takeshi, olhando em meus olhos, mesmo com o meu olhar de reprovação sendo lançado contra ele. - Antes de mais nada, eu quero me desculpar pelo o que aqueles três fizeram a vocês, foi um ato totalmente repugnante e inaceitável.
Nos entreolhamos por um breve momento, ficando sem saber exatamente como reagir com aquele pedido de desculpas oficial.
- Então, está nos dizendo que esta situação poderia ter sido diferente? - perguntou Kakashi, quebrando o silêncio que ali se instalou.
- Sim - respondeu Takeshi prontamente. - Matá-los estava longe de ser uma vontade minha. Fui informado de que haviam invasores no meu templo e ideia inicial era localiza-los para assim obter o máximo de informações sobre seus reais objetivos e se fosse preciso, extrair informações da vila também - explicou ele. - Mas eles decidiram agir por conta própria, pulando o procedimento e agindo de forma tão brutal. Se não estivessem mortos agora, eu mesmo teria cuidado disso com as minhas próprias mãos.
Engoli em seco.

"O senhor Takeshi é um homem de princípios."

A frase que Naomi havia me dito acabou ecoando por minha mente de repente, me deixando ainda mais confusa.
- Creio que tenha inúmeras questões em mente para me fazer, não é mesmo Hikari?
Senti um estalo em minha mente assim que ouvi Takeshi dizer o meu nome; a voz dele estava mais calma do que o normal e o olhar dele me deixou meio encurralada.
- Hikari?
Pisquei os meus olhos algumas vezes ao ouvir Kakashi me chamando, logo levando uma das mãos ao rosto, tentando disfarçar o meu embaraço.
- Você está bem? Quer que eu te traga água?
- Não, eu estou bem Naomi, obrigada.
Quando voltei a olhar para Takeshi, o mesmo estava de pé agora, me olhando fixamente e em seu olhar a preocupação estava presente.
- Porque o seu nome está envolvido com o assassinato do clã Akihiro? O que aconteceu naquela noite?
Takeshi pareceu ter ficado extremamente desconfortável com as minhas perguntas, abaixou a cabeça por um breve instante e agora era ele quem estava perdido em seus próprios pensamentos. Em seguida ele se sentou novamente e fechou as mãos em punho sobre a mesa.
- Naquela noite aconteceu a maior desgraça da minha vida.
- Devo admitir que estou surpresa pela sua reação, afinal, pensei que estivesse orgulhoso do que havia feito para aquelas pessoas inocentes.
Takeshi meneou a cabeça e em seguida olhou em meus olhos.
- Está enganada - replicou ele. - Não fui eu que matei eles, embora tenha acontecido por minha causa.
- Não entendi... Se não foi o senhor o autor daquela tragédia, então quem foi?
Takeshi ficou em silêncio por um breve momento, como se estivesse pensando se dizia ou não a verdade, gerando em mim um sentimento de ansiedade enquanto aguardávamos. Por fim ele deu um suspiro e disse:
- O verdadeiro culpado por aquela atrocidade foi o homem que te fez chamá-lo de pai.





O Ninja Que Copiava - Parte 2 Onde histórias criam vida. Descubra agora