Correntes

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Por algum motivo acabei não ficando surpresa ao ouvir o barulho do trinco da porta abrir após eu ter usado aquela chave. Era óbvio que aquilo tudo estava calculado pelos inimigos.
Porém o que mais me deixava intrigada era o fato de que eu ainda não havia visto nenhum deles até agora. Podiam estar fazendo de propósito para nos assustar, mas mesmo assim isso não teria sentido nenhum. Porque estavam permitindo com que nós, os inimigos, continuassem vasculhando o território deles?
Levei minha mão até a maçaneta, torcendo para não ter ninguém vigiando do lado de fora.
Quando coloquei o meu rosto para fora da fresta da porta, notei que ela dava acesso a mais uma sala que era tão bonita quanto a anterior. Cheia de decorações de muito bom gosto e qualidade.
Nunca conseguiria imaginar que um lugar desses no meio do nada, pudesse conter um esconderijo subterrâneo que mais parecia o interior de um castelo luxuoso.
O carpete roxo deslumbrante percorria por toda a sala, as cortinas douradas davam um baita contraste pendurados de forma impecável em uma das paredes. Os quadros muito bem selecionados conseguiam combinar com os vasos de plantas que ficavam localizados em cada ponta da sala.
O tabuleiro de shogi que estava sobre uma mesa de cor marfim no centro da sala entre dois sofás da mesma cor acabou chamando a minha atenção de repente.
Quando me aproximei dele, notei que havia uma única peça branca restante sobre o tabuleiro, enquanto todas as outras estavam caídas ao redor.
A peça que permanecia em seu lugar, era justamente a mais importante do jogo, o rei.
Haviam duas pessoas nesta sala, pensei olhando ao redor.
Provavelmte estavam vigiando a porta de onde eu estava, mas para aonde haviam ido?
Enquanto eu ia em direção a próxima porta, parei imediatamente ao ouvir um grito alto e agonizante que me fez sentir um mal pressentimento.
Sem dúvidas era de um dos dois, e só de pensar que eles podiam estar em perigo já me deixava bem alarmada.
Corri em direção a porta e abri ela rapidamente, correndo pelo corredor em direção aonde eu havia escutado aquela voz.
Porém depois de alguns poucos minutos correndo, parei ao notar que algo estava errado, eu me sentia andando em um labirinto.
Decidi parar e usar uma técnica que talvez pudesse me ajudasse a acha-los mais rápido. Fechei os meus olhos e levantei as minhas mãos, tentando me concentrar na energia de todos que estivessem ao meu redor naquele momento.
Após concentrar o meu chakra no centro de meu corpo, pude sentir duas fontes de chakra no andar de baixo que pareciam estar bem próximas de onde eu estava.
- Vejam só quem conseguiu encontrar a chave para a liberdade… Pena que é uma liberdade temporária…
Abri os olhos ao ouvir aquela voz desconhecida, chocada por não ter conseguido sentido a energia dele sendo que ele estava bem atrás de mim.
- Então você é a ninja sensorial, não é mesmo?
Por algum motivo não consegui responder aquela pergunta, apenas permaneci imóvel com as mãos próximas ao corpo, tomada por um estranho desconforto repentino.
- Que falta de educação deixar alguém falando sozinho desse jeito… - Insistiu, com um estranho tom de voz.
Eu só consegui me mexer novamente quando ouvi os passos dele se aproximando de mim, foi quando eu me virei e olhei diretamente nos olhos daquele homem.
Olhos tão azuis que pareciam dois pedaços do céu, olhos que combinavam perfeitamente com aquele cabelo loiro que ele possuía.
O rosto daquele homem havia belos traços, fiquei surpresa porque ele parecia ser bem mais jovem do que eu pensava ao ter escutado o tom grave de sua voz.
Ele era um pouco mais alto do que eu e embora o rosto fosse mais delicado, eu não podia dizer o mesmo do corpo musculoso dentro daquela armadura preta e toda imponente.
- Esse rosto… - Disse ele, demonstrando uma certa confusão.
- Como se chama?
- O certo seria eu te perguntar isso primeiro já que você é a intrusa aqui, mas tudo bem… Me chamo Kouji. - Respondeu. - E você belíssima dama, como se chama?
- Creio que saber o meu nome não fará diferença nenhuma para você. - Respondi friamente, demonstrando uma certa irritação com aquele modo que ele estava falando.
- Eu devo admitir que concordo com você - Concordou, dando um sorriso torto. - Não me fará diferença já que, provavelmente, hoje será o seu último dia de vida.
Estreitei os meus olhos ao ouvir aquilo.
- De quem foi aquele grito?
- Grito? Ah… foi de um dos seus amiguinhos... Digamos que um dos meus parceiros de equipe acabou se empolgando um pouquinho.
Apertei minhas mãos ao lado do meu corpo após ouvir aquilo, ficando ainda mais preocupada.
- Não precisa ficar assim, ele está vivo, por enquanto.
Eu precisava encontrá-los imediatamente, porém algo me dizia que não iria ser nada fácil passar por aquele homem que estava há poucos passos de mim, me encarando com uma certa malícia no olhar.
- Me leve até o seu líder, eu tenho assuntos a tratar com ele.
Kouji começou a rir após ouvir o que eu havia falado, um riso tão estrondoso que dava ecos pelo corredor.
- Desculpe, mas isso não vai acontecer - Afirmou ele, levantando as mãos de forma meio teatral. - Ele não tem tempo para perder com pessoas que tentam invadir o território dele assim sem mais e nem menos.
- Eu preciso falar com ele.
- Pode falar comigo se quiser. - Sugeriu, enquanto começava a andar em minha direção.
- Não se aproxime de mim!
Kouji parou de andar após ouvir o meu grito, porém a expressão dele dizia claramente que ele estava se divertindo com o que estava acontecendo.
- Bom eu tentei... Já que você não vai me levar até ele, eu mesma vou procurá-lo!
Comecei a andar pelo corredor, mas fui impedida assim que ele deu um passo para o lado, ficando na minha frente.
- Você é do tipo de mulher que eu gosto… - Confessou, mudando de assunto de repente, o tom de voz cheio de malícia. - É do tipo que precisa ser domada a força.
Naquele momento eu comecei a sentir um sentimento de raiva crescendo dentro de mim, eu mal conseguia acreditar no que eu havia acabado de escutar.
Quando dei por mim, eu já estava levantando minhas mãos em posição de selo, para acionar o meu genjutsu nele.
- Vai se arrepender do que acabou de dizer.
Após lançar o meu genjutsu nele, Kouji abaixou as mãos e ficou olhando de forma fixa para frente, claramente preso em uma de minhas ilusões. 
- Babaca… odeio homens como você.
Aproveitei para correr, eu precisava saber como Kakashi e Genma estavam, não podia mais perder tempo ali com aquele idiota.
Porém antes que eu pudesse chegar ao final do corredor, senti algo prendendo os meus braços juntos ao meu corpo.



O Ninja Que Copiava - Parte 2 Onde histórias criam vida. Descubra agora