Agressividade

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O brilho da lua estava intenso naquela noite. Sentada sobre uma cadeira, de frente para a janela, eu me encontrava em um estado meio vegetativo, que durou algumas horas enquanto olhava através do vidro.
Com os meus pensamentos cada vez mais confusos, estava sendo difícil distinguir o que era certo ou errado graças a Baki, que sempre fazia questão de tentar manipular a minha mente. E para piorar, agora eu estava nas mãos dele (novamente) devido aos "erros" que ele estava me acusando de ter cometido em Konoha.
Nunca havia passado tanta vergonha como eu passei na frente de Kakashi e os outros dentro daquele escritório enquanto Baki dizia aquelas coisas...

"Eu podia ter evitado esta situação."

Essa era uma frase que passou a martelar a minha mente. Embora eu soubesse que, por mais que eu tivesse tentado me manter longe de Kakashi, eu não conseguiria, não depois de tudo o que passamos juntos.
Senti um pequeno estalo em minha mente assim que escutei o som da maçaneta girando, foi quando endireitei minha postura devagar enquanto olhava para o reflexo de Baki assim que a porta foi aberta.
- O que está fazendo aqui? - perguntei, demonstrando indignação em minha voz. - Achei que já havia conseguido tudo o que queria.
Baki aproveitou que a chave estava na fechadura para trancar a porta, em seguida se aproximou a passos lentos, parando próximo de onde eu estava.
- O que? Te fazer passar vergonha na frente dos seus novos amiguinhos? - questionou ele, com um tom de voz cheio de sarcasmo. - Foi uma delas, mas não a principal.
Me levantei da cadeira e em seguida me virei de frente pra ele.
- Eu não estava me referindo a isto e sim a minha volta para a vila da areia.
- Não irá voltar ainda - anunciou ele, com o tom de voz impassível. - Mesmo tendo motivos o suficiente para isso.
- O que quer dizer?
Baki deu uma breve observada ao redor antes de voltar a olhar em meus olhos.
- Não se faça de boba, por mim você voltaria comigo para a vila o quanto antes, mas o conselho está ocupado demais para lidar com você no momento.
Franzi o cenho após ouvir aquilo. Por mais que eu estivesse aliviada por saber que iria ficar, saber que o conselho estava ocupado demais, não era um bom sinal.
- Aconteceu alguma coisa?
- Mantenha-se focada no seus afazeres aqui por enquanto.
- Baki…
- Eu não vou repetir!
Era impossível manter a calma durante uma conversa com Baki. Era como se ele alimentasse algo muito ruim dentro de mim.
- Ah, esse olhar… - murmurou ele, dando alguns passos em minha direção, parando de frente para a cadeira da qual eu estava sentada. - O olhar desconfiado e ao mesmo tempo agressivo do qual eu tanto gosto.
Respirei fundo e em seguida desviei o olhar, tentando não me deixar levar pelas provocações dele.
- Não faça isso, não guarde a fúria que está sentindo, sabe que pode te fazer mal Hikari.
- Não comece com esses seu jogos mentais.
- Eu só estou pedindo para você colocar pra fora o que está martelando a sua mente neste exato momento.
- Eu não preciso dizer o que você já sabe. Ou vai me dizer que já esqueceu do que disse naquela reunião?
Baki deu um breve sorriso cheio de malícia.
- Cuidado com esse tom de voz, sabe que eu odeio quando faz isso.
- Eu posso dizer o mesmo.
- Chega a ser inacreditável que você esteja assim só porque eu pedi para sair da casa do Hatake - argumentou ele. - Estou tentando evitar que o conselho te expulse da vila por causa das suas tolices.
Acabei dando uma risada sarcástica ao ouvir aquilo, ato que fez com que Baki me olhasse meio desconfiado.
- Eu me pergunto, como será que o conselho reagiria se caso soubessem do que você fez no passado Baki… Justamente um dos ninjas mais fiéis e confiáveis…
O semblante de Baki mudou de repente e a cena que aconteceu a seguir pareceu ter se passado em frações de segundos, pois mal consegui acompanhar os movimentos de Baki depois que ele avançou em minha direção, lançando a cadeira que estava no caminho contra a parede, e quando eu menos esperei fui atingida com um soco no estômago, justamente no local de onde Naomi havia realizado a minha cirurgia. A dor que senti foi tão forte que acabei ficando com a visão turva por alguns segundos, e enquanto eu tossia, uma reação involuntária do meu corpo, Baki continuou as agressões, acertando minha perna esquerda com o pé, o que me fez ir para trás até bater com as costas no vidro da janela e quando eu estava prestes a cair de joelhos ele se aproximou rapidamente, me pegando pelo pescoço, me levantando novamente.
- Quem você pensa que é para vir me ameaçar Hikari? - indagou ele, com o tom de voz furioso enquanto olhava nos meus olhos.
Coloquei minhas mãos ao redor do punho dele ao sentir ele apertando ainda mais o meu pescoço.
- Cuidado com o que você fala, você sabe muito bem do que eu sou capaz.
Senti uma lágrima descendo de forma involuntária pelo meu rosto enquanto eu me esperneava, tentando puxar o ar para os meus pulmões. E quando eu estava prestes a desmaiar, Baki me soltou, me virando de costas para ele, em seguida me fez bater a lateral do meu rosto contra o vidro da janela com força, tanta força que o vidro chegou a trincar em uma pequena área, cortando minha bochecha.
- Você chega a ser um grande estorvo, assim como a sua mãe era!
Aquelas palavras tão afiadas conseguiram me atingir em cheio. Baki estava fora de si, agindo de forma tão agressiva como no passado, durante meus treinamentos. Por pouco não deixei a raiva me tirar do controle, porém lembrei do caos que podia acabar gerando se caso isso acontecesse.
Notei pelo canto dos olhos que ele havia levantado seu braço livre, e logo senti que ele iria continuar a me agredir, porém para a minha surpresa, ele só havia feito aquilo na intenção de livrar-se da manga de sua blusa.
- Vou aproveitar esta nossa reunião particular para te mostrar uma coisa.
Quando Baki colocou a mão na janela ao meu lado, pude ver aquelas cicatrizes horríveis na extensão do braço dele. Fiquei sem saber como reagir, me perguntando o porquê dele estar me mostrando aquilo.
- Deve estar se perguntando o que foi isso, não é mesmo? - murmurou ele, olhando em meus olhos. - Essas cicatrizes foram feitas por você, na primeira vez em que perdeu o controle de si mesma.
Baki me soltou, mas eu me mantive naquela posição, como se estivesse congelado ali. Enquanto olhava para aqueles rastros, fui tomada por um sentimento ruim.
- Como…?
- Talvez um dia você lembre do motivo - disse ele, se afastando de mim finalmente, indo em direção a porta. - Vou te lembrar pela última vez, não se envolva com Kakashi Hatake. Você não terá uma segunda chance, e se você acha que o conselho irá apenas expulsa-la da vila, você está muito enganada Hikari, de lá você não sairá viva.







O Ninja Que Copiava - Parte 2 Onde histórias criam vida. Descubra agora