Ameaças

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Tsunade respirou fundo após ouvir a pergunta da qual temia que ele fosse fazer. Infelizmente, de nada adiantaria ficar prolongando o inevitável. Embora estivesse prestes a enfrentar aquela fera, não conseguia deixar de ficar preocupada com Hikari e os outros, afinal, era uma missão cheia de riscos. Esperar pela volta de suas equipes era uma tortura, mas precisava acreditar e confiar no potencial deles.
Pelo reflexo da janela, Baki pôde ver aquela expressão tensa no rosto de Tsunade, o que acabou deixando-o satisfeito, estava se divertindo pois mal sabia ela que ele já estava por dentro do que estava acontecendo.
- Está realizando uma missão no momento.
- Em qual parte da vila?
- Fora dela.
Baki cruzou os braços, demonstrando pelo olhar acusador de que não havia gostado nada daquilo.
- Espero que consiga me dar um excelente motivo pela quebra de uma das regras Tsunade.
- Antes de mais nada, peço que tente ser um pouco compreensível - pediu ela, virando-se para encara-lo novamente. - Eu a coloquei numa equipe e mandei eles irei até às redondezas do país da água, para recuperarem um…
- Espere - interrompeu ele, de forma bem grosseira. - Porque colocou Hikari numa equipe? Sabe muito bem que ela não precisa disso.
Tsunade deu um breve riso cheio de sarcasmo.
- Eu sei muito bem, mas costumo mandar equipes para missões de longa distância, assim aumenta ainda mais as chances de sucesso.
- Quem está com ela?
- Isso faz alguma diferença?
- Faz.
- Kakashi e Genma - respondeu ela, ficando mais irritada. - É impressão minha ou parece que ficou mais incomodado por ela estar numa equipe do que estar fora do país?
- As duas situações são inaceitáveis! - exclamou ele. - Mas insisto em dizer que ela sozinha é muito mais do que o suficiente, ou será que você ainda não viu o monstro que ela guarda dentro de si?
Tsunade ficou sem saber como reagir ao ouvir aquilo, e o pior era ver aquele brilho malicioso no olhar dele.
- Você já sabia disso…
- Claro que sim, eu sei tudo sobre Hikari.
- E presumo que o conselho também, não é mesmo?
Baki assentiu.
- Então porque não contaram pra ela? Porque não fizeram algo respeito desse transtorno?
- Não achamos necessário, ela nunca ofereceu risco para a população.
- O que? - indagou ela, completamente indignada. - Não tem ideia do quanto isso é perigoso! Ela precisa de um acompanhamento médico.
- Não precisa se preocupar com isso - comentou ele, levantando seu braço esquerdo na direção dela enquanto puxava a manga de sua blusa. - Aquilo só acontece quando ela sente o cheiro da morte.
Tsunade ficou boquiaberta após ver aquelas cicatrizes enormes no braço de Baki, que iam do pulso até próximo do cotovelo. As cinco linhas grossas mais pareciam rastros feitos por algo afiado, como unhas.
"Isso só acontece quando ela sente o cheiro da morte." pensou ela, voltando a olhar nos olhos dele.
- Deixe-me adivinhar, agora deve estar se perguntando se eu tentei matar ela, não é mesmo?
Tsunade preferiu manter-se em silêncio.
- Assim você me ofende Tsunade, acha mesmo que eu faria algo tão cruel com a minha própria aluna?
- Quer que eu seja sincera?
Baki deu uma breve risada, cobrindo seu braço novamente.
- Hikari é preciosa demais para ser simplesmente descartada, investi muitos anos de treinamentos para abrir mão dela dessa forma.
- Então o que aconteceu?
- No dia em que isso aconteceu, foi a primeira vez que vi ela perder o controle - explicou ele, com um ar sombrio no olhar. - Ela estava muito furiosa comigo naquela noite, por um motivo do qual não preciso entrar em detalhes, quando dei por mim não era mais Hikari que estava na minha frente. Havia perdido o próprio corpo para uma outra personalidade totalmente oposta a dela, agressiva e com sede de sangue, por pouco não acabei em sérios problemas.
Tsunade se sentou novamente, entrando em um breve estado pensativo.
- Tsunade, te aconselho a não se envolver nisso, tem certas coisas que é melhor deixar como está.
- Mas, Baki…
- O conselho da areia resolverá isso, mas quando chegar a hora certa. No momento o foco é o Kazekage.
O clima dentro do escritório estava sufocante, Tsunade de repente começou a se sentir cansada mentalmente durante aquela conversa.
- Outra coisa que preciso te dizer, Hikari não terá outra chance se caso voltar insistir no mesmo erro do passado.
- O que quer dizer com isso?
- Você sabe bem o que eu quero dizer Tsunade, acha mesmo que não notei a aproximação entre ela Hatake?
Tsunade engoliu em seco, sem saber o que dizer a respeito daquilo, por sorte foi quando ouviram alguém bater na porta.
- Pode entrar - ordenou ela, mantendo o contato visual com ele.
- Desculpe por interromper a conversa de vocês, mas o conselho chegou e quer falar com a senhora, agora mesmo - anunciou Shizune.
- Na hora certa, pois nossa conversa já havia acabado - comentou Baki, indo até a porta. - Estarei na vila aguardando pela volta de Hikari.
Após ele sair da sala, Tsunade bateu as mãos sobre a mesa, arrastando as folhas que estavam sobre ela com força, fazendo com que todas caíssem no chão.
- Senhora Tsunade…
- Chame logo aqueles velhos irritantes, garanto que nem eles irão conseguir me irritar mais do que já estou.
- Se eu fosse você tomaria cuidado ao chamar as pessoas de velhas, isso é muito rude Tsunade.
Tsunade levantou o rosto ao ouvir aquela voz.
- Jiraya? O que está fazendo aqui?
Naquele momento Shizune tentou disfarçar, indo até a porta o mais rápido possível.
- Shizune, nem pense nisso! - exclamou ela, juntando as peças do quebra cabeças agora. - O conselho não está aí fora, não é mesmo?
- Bom…
- Pode ir Shizune, eu me viro aqui com ela agora.
- Jiraya!
- De nada Tsunade, não seja tão mal agradecida - disse Jiraya, após fechar a porta. - Shizune me disse que Baki estava aqui, então decidi vir te salvar.
Após um longo suspiro carregado de frustração, Tsunade sentiu uma enorme vontade de sair daquele lugar, e tomar um bom saquê sozinha, longe de tudo e de todos.



O Ninja Que Copiava - Parte 2 Onde histórias criam vida. Descubra agora